Não foi fácil e nem rápido, mas Nicholas acertou quando disse que Madeline ficaria bem.
A ausência da mãe nunca deixou de ser sentida, mas precisamente aproximadamente um ano depois do fatídico dia, nas comemorações natalinas na propriedade dos York's, Augusto Turner conheceu Alice Tompsson, uma americana com instintos protetores e personalidade forte que amou Madeline como uma filha desde o momento em que a viu pela primeira vez.
Um encontro de almas, era como a nova lady Turner se referia a maneira como se sentiu ao conhecê-la.
E foi exatamente assim que a garotinha se sentiu também.
A vida nunca mais foi cinza depois que Alice apareceu e todos a amavam com devoção.
Um ano depois de se casar com Augusto ela teve um casal de gêmeos, Vitória, em homenagem a mãe de Madeline, e John, em homenagem ao pai de Alice. Dois anos depois veio a pequena Amanda e, com um intervalo curto demais, a linda Rose. Depois de um parto relativamente complicado, Augusto e a esposa decidiram que não teriam mais filhos. Quase três anos depois, entretanto, um garoto muito forte e saudável nasceu. Eles o chamaram de Charles.
Era uma família grande e feliz e Madeline não podia se sentir mais plena e realizada. Quando ela fez dezesseis anos Alice conseguiu convencer Augusto a deixar que ela começasse a frequentar alguns eventos da sociedade e por conta disso uma viagem entre mãe e filha para Londres foi programada. Lá elas encontrariam com as amigas de Alice, Karen Morber, a duquesa de Evesley, e Emilly York, a baronesa de York. As três eram inseparáveis desde quando tinham a idade de Madeline e o pré-debút da garota virou um grande evento entre elas.
Madeline não se importou. Adorava as tias postiças.
Depois de passar a manhã inteira provando vestidos e tirando medidas, tudo que ela queria eram dez minutos de paz. Aproveitou uma discussão entre Alice e Emilly sobre alguma coisa relacionada a renda e foi se sentar em um banco perto da vitrine. Ficou observando o movimento na Broad Street, que parecia cheia demais para aquela hora do dia.
Um grupo de garotos saíram de dentro de um clube. Eles pareciam jovens demais para frequentarem lugares como aquele, não devendo ter nem vinte anos, mas era época de férias em Eton e todos deviam estar tentando aproveitar a cidade o máximo possível antes de retornarem para casa. O rosto de um deles, contudo, chamou a atenção de Madeline. Ele tinha um sorriso familiar e os olhos... Deus, aqueles olhos.
Ela reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.
— Eu acho que... — começou ela, se aproximando ainda mais da vitrine. — Acho que vi alguém.
Alice assentiu de onde estava, o que Madeline levou como um consentimento para que saísse. Talvez não tenha sido exatamente isso, mas ela não esperou para ter certeza.
Ele já estava passando pela outra loja quando ela saiu.
— Nick? — ela chamou. — Nick!
Ele pausou o passo instantaneamente e olhou em volta, o rosto ganhando uma expressão diferente.
— Liz? — ele chamou por ela sem sequer tê-la visto, deixando claro que a reconhecia apenas pela voz.
Eles não se viam desde que Nicholas começou a vida acadêmica, o que dava uns bons cinco anos. Tinham trocado duas ou três cartas ao longo do tempo, mas nada muito significativo.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.