Madeline sentia todo o corpo tremer, o rosto ardendo como se a dor do tapa que fora desferido contra Violet tivesse recaído sobre ela. As pernas ameaçavam ceder e tudo que queria era chorar como uma criança.
O que fizera, meu Deus? Ela fora mesmo a causadora de tudo aquilo?
As acusações feitas pela srta. Dinevor pairavam sobre sua cabeça. Ela estava certa. Madeline estava agindo de maneira deplorável e não era de agora. Violet sempre reclamara com ela, pedindo que não fosse tão impulsiva e medisse as consequências de seus atos, mas ela ignorara completamente. Achava que a amiga estava exagerando ou sendo ressentida, mas agora que se encontrava naquela situação e tudo que tinha eram os próprios pensamentos, não conseguia parar de ponderar sobre si mesma.
Madeline era filha de um conde.
Ela sempre tinha sido filha de um conde e sempre tinha sido adorada.
Agora, sozinha com alguém que claramente não se importava com sua posição, ela não podia deixar de se questionar até onde a afeição que recebia era de fato genuína.
Violet também já tinha falado sobre isso, sobre a diferença de como as coisas recaíam sobre as duas, mas ela fora egoísta demais para levar a sério, para pensar que talvez suas atitudes estivessem prejudicando a amiga, enquanto não tinham qualquer influência em relação a própria reputação.
Agora Violet estava em perigo.
Por sua culpa.
Por culpa de sua inconsequência desmedida e temperamento egoísta.
— Ela está segura. — a Srta. Dinevor interveio, surpreendentemente parecendo se compadecer com sua aflição. — Não vão tocar nela.
— Não tem como sabermos. — Madeline retrucou, tentando conter o próprio choro.
Não queria outra dose de desdém vindo da criada, que já tinha demonstrado não possuir ressalvas quando o assunto era ofendê-la ou acusá-la.
— Há uma chance dela sair ilesa, enquanto nós... — a Srta. Dinevor não conseguiu concluir a frase, como se pensar no que poderia acontecer com elas fosse tão doloroso que não pudesse sequer ser esboçado em palavras. — Não vou ficar aqui esperando. — concluiu ela, voltando a tatear a parede como fizera antes de Violet ser levada.
Madeline tentou acompanhá-la, mesmo que sua visão não tivesse se adaptado completamente ao escuro ainda.
— Não tenho a intenção de fazer isso também. — declarou ela.
Nunca tinha sido do tipo que esperava por resgate.
Desde nova, ela sempre lutara as próprias lutas.
Não que tivesse tido muitas razões para lutar, é claro, mas quaisquer que fossem os preconceitos que a srta. Dinevor nutria a seu respeito, não eram, de maneira alguma, completamente justificados.
— Fique aí, — a criada pediu em um tom irritante de ordem. — eu vou subir e tentar aumentar o buraco na porta.
Madeline abriu a boca para retrucar e impor a própria participação, mas a fechou no segundo seguinte. As palavras ditas anteriormente pesaram mais uma vez, forçando-a a se conter.
Sua ajuda não fora solicitada e talvez sua participação, como tudo que fizera o dia inteiro, acabasse só piorando as coisas.
— Inferno. — Madeline ouviu a srta. Dinevor resmungar da ponta da escada.
— O que foi? — ela franziu os olhos na tentativa de enxergar alguma coisa.
— Tem muitas farpas.
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O florescer dos lírios
RomanceNesse envolvente romance de época, três mulheres com personalidades diferentes se encontram e tem suas vidas mudadas enquanto embarcam em uma jornada de cura, autodescoberta e procura pelo amor.