Capítulo 18

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Sebastian não costumava concordar com o cunhado com muita frequência, para dizer o mínimo, mas quando soube que ele havia decidido antecipar a temporada de caça em sua propriedade, tendo como objetivo garantir a segurança e divertimento de Isabel, ele achou que aquela era uma ideia bastante prudente e sábia.

E também soube que teria que estar presente, mesmo a contragosto.

Isabel era demasiadamente sensível e tinha sofrido muito com o aborto. Médicos foram consultados, que garantiram que aquilo era perfeitamente normal e não havia nada com que se preocupar, pelo menos por enquanto. Ainda assim, era sempre bom ter cautela. E sendo a irmã uma criatura tão sociável e inquieta, fazê-la anfitriã de sua própria reclusão era a distração perfeita.

Ela também estava aliviada com a presença dele. Não precisava dizer. Sebastian sabia. E não se importava em passar as próximas semanas no campo se isso trouxesse um pouco mais de conforto para a irmã. Além disso, isso o deixaria longe de possíveis problemas e manteria as irmãs mais novas longe de qualquer fofoca durante a temporada social em Londres.

Assim, era melhor para todos, incluindo ele mesmo, que estivesse exatamente onde estava, mas isso não significava que precisava participar das dinâmicas frívolas inventadas para distrair os convidados. Para o bem da verdade, ele sequer poderia ser considerado um convidado.

Além disso, estava inquieto. Desde a noite do resgate no bordel, se sentia diferente, pensativo, quase melancólico.

Como o homem bastante sociável que era, estava constantemente conhecendo pessoas novas. Não era sempre, entretanto, que alguma dessas pessoas, de reis à artistas renomados, genuinamente despertavam seu interesse. E Elena, a criada com quem havia esbarrado na biblioteca na primeira noite, cujo até mesmo o sobrenome ainda era desconhecido por ele, tinha alcançado tal façanha, embora desconfiasse que ela não fazia a menor ideia disso e, caso fizesse, não sabia o que isso significava.

Se fosse honesto, nem ele mesmo sabia.

A única coisa que tinha certeza é de que precisava vê-la novamente. Não sabia quando, não sabia como, não sabia nem mesmo o porquê, mas sabia que precisava.

Depois de largar Nicholas e a Srta. Turner em seu próprio drama interno, decidiu sair para cavalgar. Foi até os estábulos e pediu que seu cavalo fosse selado. Enquanto esperava, passou na biblioteca e separou alguns livros de que costumava gostar. Talvez encontrasse um lugar bonito e confortável em que pudesse ler em silêncio até começar a escurecer, o que ainda demoraria algumas horas.

Já em sua montaria, seguiu seu caminho errante, pensando em como era bom não ter nenhum grande drama ou preocupação para incomodá-lo, como parecia ser o caso de todos os outros convidados fixos que agora se distraiam em uma frívola casa ao tesouro.

Não. Ele não era esse tipo de pessoa, esse tipo de homem.

Ele era simples.

Gostava de ser simples.

Não tinha grandes expectativas sobre si mesmo, além de se manter honrado para nunca ser motivo de vergonha ou tristeza para sua família e administrar suas posses de maneira prudente e consciente, garantindo que seus condado fosse um lugar em que as pessoas quisessem e pudessem ter uma boa vida.

Tirando isso, não havia nada muito profundo ou complexo em seus sentimentos e pensamentos ou até em si mesmo.

É. Ele era um homem simples. Provavelmente sempre seria. E gostava disso. Gostava de não ter nada nublando seus pensamentos.

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