Capítulo 7

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John Albernathy escolheu se casar com Isabel Callegari por pura conveniência.

Ela era, de longe, a melhor opção no mercado matrimonial da época.

Para um homem cheio de aspirações políticas não podia haver escolha mais óbvia. O pai de Isabel era um duque e seu irmão um conde, o que somava dois votos na câmara dos lordes. Como se não fosse o suficiente, ela era uma beldade. Linda como uma pedra de rubi medianamente lapidada. Um adereço e tanto para um homem tão poderoso.

Ele poderia listar um número infinito de motivos racionais para escolhê-la como esposa e depois contar com certa dose de vergonha que tinha esquecido todos eles logo na primeira semana de corte, quando Isabel o enlouqueceu tão profundamente que ele mal conseguia respirar longe dela.

Não precisou de muito para John se flagrar lembrando dos sorrisos desordenados e dos traços finos da linda ruiva, sendo acometido pela saudade nos momentos mais inapropriados.

O sogro demonstrou desagrado instantâneo ao ver a primeira das filhas aceitar oficialmente um cortejo e o cunhado era insuportável.

Influenciar nos votos dos dois? Nem se ele nascesse ao contrário, mas àquela altura John sequer se lembrava disso.

Tudo o que ele queria... Tudo no que ele pensava, era nela.

E Isabel sabia disso.

Ela sabia e adorava.

Diabinha perversa.

Mesmo com o sogro ranzinza, as cunhadas barulhentas e um cunhado que era a própria personificação do caos, John sabia que o casamento com ela tinha sido a melhor escolha que fizera em toda sua vida.

Ele se casaria com Isabel todos os dias se ela assim quisesse e a juraria amor com ainda mais devoção do que antes.

Agora ele só precisava descobrir um jeito de fazer o que tinha lhe sido designado sem que ela sequer sonhasse ou a vida dele viraria um verdadeiro inferno na terra. Deus era testemunha de que se alguém fosse capaz de fazê-lo implorar para andar de mãos dadas com o diabo, esse alguém era Isabel, mas ele tinha razões importantes para correr tal risco.

A alguns meses um caso complexo subiu de patente, caindo direto em seu colo.

Tráfico de mulheres, em sua maioria ciganas e irlandesas. Elas eram colocadas em navios rumo à Inglaterra com a promessa de trabalho digno e acabavam presas em prostíbulos, forçadas a vender o próprio corpo em troca de água e comida. Era nojento e desumano e em algum momento entre coletar informações e ouvir relatos aquilo acabou se tornando bastante pessoal para ele.

Era uma rede bem organizada, distribuída em pequenos bordeis por toda a inglaterra, lugares sujos e minúsculos que eram decrépitos o suficientes para não virarem alvos de suspeitas.

Longos meses depois de ter tomado o comando da investigação ele descobriu uma das sedes, que, por coincidência ou azar, ficava próxima a uma de suas maiores propriedades.

Unindo o útil ao agradável, pois precisava urgentemente manter sua mulher entretida e calma, uma espécie de temporada de caça foi organizada e logo uma quantidade notável de pessoas estava se reunindo em Castle Howard.

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