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MORGANA

Minha cabeça estava doendo, estávamos no departamento dando depoimento sobre o ocorrido, o capitão Howard não sobreviveu e mais uma vez o atirador saiu impune.

— Quem fez isso? — A filha do capitão, Judy, me segurou pelos ombros.

— Eu não sei, não vimos nada foi muito rápido e em segundos ele estava no chão.

— Ei, ei, ei. Morgana não tem culpa de nada, ela pode estar na mira dele também e nem sabemos. — Rita a afastou de mim. — Morgana já deu depoimento em alguns instantes você vai ouvir tudo.

— Ele era meu pai, não podem esconder essas coisas de mim.

— Não estamos escondendo nada mas precisamos seguir o protocolo.

Minha roupa ainda era a mesma, eu estava fedendo a sangue. Acho que tem sangue até no meu cabelo, tia Theresa veio aqui mas não pode ficar. Em frente ao departamento está lotado de reportes e curiosos, a polícia de Miami inteira está atrás do atirador.

Passei pela sala da AMMO e Rita já estava entrando para ter reunião com os outros, Mike estava conversando com algum superior. Ouvi um agente passar por mim falando sobre o assassino ter sido visto perto do Porto, dei meia volta pegando o elevador e descendo até o subsolo, meu carro estava ali.

Não me importei com minhas roupas sujas ou com o cheiro que eu estava emanando, dirigi feito louca pelas ruas até avistar o porto, de longe consegui ouvir os tiros e o barulho dos carros. Acelerei entrando á direita no final da avenida Arthur Lamb Jr e dei de cara com o atirador e mais dois, sua moto bateu diretamente com meu carro me fazendo frear. Vi seu corpo no chão e saquei minha arma, saindo do carro. Um chute acertou minhas costas quando me aproximei com cautela.

— Os Lowrey não sabem ficar longe, não é? — Zway-lo riu, me segurando pelos cabelos aproximando nossos rostos.

Forcei meu joelho contra seu abdômen e bati a arma contra sua cabeça, ele caiu desmaiado no mesmo instante. Uma mão agarrou meu braço mas dei uma cabeçada no homem, atirando em seu pé em seguida. O terceiro cara de Zway-lo sorriu antes de depositar um soco em mim, ele usava o soco inglês em uma das mãos.

— Se não fosse tão chata, serviria para algo melhor. — Afirmou, após me segurar pelos ombros e forçar minhas costas contra o chão.

Com a arma destravada e o homem ainda acima de mim atirei contra seu abdômen, socando seu rosto em seguida, antes de levantar. O motoqueiro estava em pé, parado um pouco longe, usava o capacete e me observando.

— Na verdade, eu sirvo para muita coisa.

Reparei que ele não usava armas, então joguei a minha não chão.

— Vou ser justa com você. — Sua cabeça balançou, negativamente como se não quisesse fazer isso mas não me importei, parti para cima dando o primeiro soco. Segurei uma de suas mãos da forma que consegui e com a outra agarrei sua garganta e dei uma joelhada.

Seus movimentos eram rápidos e em instantes ele me prendeu em um mata leão, chutei o meio de suas pernas antes de pegar a faca que estava presa na minha cintura e fincar em sua perna, retirando-a e cortando seu braço. Ele se distanciou antes de me levantar pelo pescoço, quase me forçando no ar e novamente fui jogada no chão batendo a cabeça.

— No debería estar haciendo esto. — Sua voz chegou aos meus ouvidos bafadas e eu não consegui focar, minha cabeça estava zonza. — No hagas eso Morgana, me gustas mucho.

Ele se afastou, eu me levantei apoiando no carro e pulei sobre seu ombro, agarrando-o pelo pescoço, segurando a faca a centímetros das veias principais. Forcei minhas pernas para me prender a ele e com a outra mão levantei o espelho do capacete mas não consegui olhar, sua mão direita me puxou pela camiseta e a esquerda segurou uma das minhas pernas, fiz um corte em seu peito no momento em que ele me puxou com mais força me jogando no capô do carro.

— Não faça isso, Morgana. — Foi a última coisa que escutei antes de vê-lo correr até sua moto e sair em disparada.

Mais uma vez, havia fracassado.

ARMANDO

Em algum momento ela vai descobrir e está bem perto disso, joguei minhas coisas no chão do quarto empurrando-as para debaixo da cama antes de ir abrir a porta, Morgana estava cega de ódio durante nossa luta e isso me permite ganhar mais tempo.

— Preciso de um banho. — Foi a primeira coisa que disse ao cair em meus braços.

Meu peito estava doendo por vê-la dessa maneira, com cortes e manchas arroxeadas pela sua pele negra. O cabelo preso em um coque, claramente possui sangue seco em algumas partes, suas mãos tem sangue, muito sangue mas em grande parte não é dela.

— O que aconteceu?

Eu sabia muito bem o que havia acontecido, minha mente repassava o acontecimento a todo segundo.

— Mataram o capitão. — Sussurrou ainda em meus braços. — Todos que eu gosto estão em perigo.

Minha visão embasou por um momento, eu estava destruindo a vida dela ainda mais, eu lutei com essa mulher a uma hora atrás e agora seria hipocrisia demais dizer sobre meus sentimentos. Contar a ela o que sentia.

— Vou cuidar de você, está tudo bem.

Horas depois Morgana estava dormindo agarrada ao travesseiro, seus cabelos estão soltos e com cachos bagunçados espalhados pelo lençol deixando-a com um ar angelical. Meu corpo estava doendo, cansado de tudo que estava fazendo-a passar e de tudo que ainda aconteceria.

"Mate-a junto a Mike, Armando. Ela e sua família destruíram a nossa família, vamos acabar com eles." A voz da minha mãe gritava em minha mente, me lembrando que seu nome era só mais um em minha lista.

Eu não podia fazer isso, minha mão estava tremendo como nunca no momento em que coloquei o silenciador na arma e a destravei, não consegui apontar em direção a mulher deitada em minha cama. Não conseguiria, era demais. Minha mente gritava que eu não deveria me importar e que tê-la ali era uma ajuda no processo da vingança mas meu coração doía ao simplesmente pensar em machuca-la.

A santa muerte teria que errar, teria que fracassar e por mais que não seja religioso, estava rezando para todas as coisa doidas que minha mãe realiza, darem errado. Meu celular vibrou, minha mãe ligava e eu precisaria dar um jeito de deixar Morgana longe de tudo isso.

"Todos morreram, mãe. Está na hora?"

"Sim, mate ela e o mate...Antes de mata-lo quero que diga algo a ele pra mim."

"O quê?"

LIE OR DIE • ARMANDO ARETASOnde histórias criam vida. Descubra agora