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ARMANDO

Eu sentia que poderia chorar, Morgana não havia atendido minhas ligações e nem visto minhas mensagens antes de todo o acontecimento da noite passada.

— Não fique assim, nós vamos dar um jeito de deixá-la longe disso. — Ouvi Maria dizer e neguei.

— Ela vai vir com tudo, vai tentar me matar e tem todos os motivos pra isso.

— Ela ama você, Armando. — Segurou meu ombro. — Ama você e vai entender se você explicar.

O som dos saltos de minha mãe tomaram conta da sala, Maria se afastou saindo rapidamente ao ver minha mãe.

— Eles estão vindo. — Parou ao meu lado.

— Eu sei.

— Vamos mata-los, todos eles.

— Quem é Mike Lowrey? — Questionei, ela pareceu confusa. — O que ele é pra você?

— Nada, ele não é nada. Só um filho da puta que tirou tudo de nós.

Assenti, sem ter o que dizer.

— Você não matou a garota.

— Tive problemas.

— É ela, não é? — Segurou meu rosto. — Eu conheço você, Armando. Você a ama?

Não respondi.

— O amor não serve para nada querido, não hesite quando ela estiver aqui. — Deixou um beijo em meu rosto antes de se afastar.

Encarei meu celular esperando que ela ao menos mandasse uma mensagem me xingando, acabando comigo mas não havia nada. Somente a foto de plano de fundo, uma que tirei em um dos nossos encontros na praia.

— Lo siento, cariño.

***

MORGANA

Não consegui dormir, toda vez que cochilava acabava sonhando com Armando. Na verdade relembrava nossos momentos, no ultimo estávamos na praia, era noite não havia mais ninguém ali além de nós. Armando estava tão chateado com algo que sua mãe lhe disse que ficou por quase uma hora somente em silêncio, me abraçando. Levei como um dos momentos mais íntimos que tivemos, estávamos nos entendendo sem ao menos precisar dizer algo, era bonito.

"Oi, sou eu. Yo...eu só queria dizer que eu sinto muito por tudo que está passando, não é justo com você e porra, Morgana, eu gosto muito de você e quero que acredite nisso."

" eu gosto demais, acho que amo você. Esses meses com você foram incríveis, nunca senti que valesse algo para alguém mas você me deu valor, entende? Fazem dois meses que seu pai saiu do hospital e ontem você chegou machucada, eu me senti um lixo. Me senti um lixo por causar isso, senti que nada que compartilhamos valeria a pena se você não soubesse da verdade ou, talvez, se eu não mudasse, eu queria poder mudar por você mas eu não posso."

"Quero que antes de tudo saiba que meus sentimentos são verdadeiros, sinceros e eu nunca diria nada se não fosse verdade. Eu realmente amo você, não sei bem sobre esse sentimento mas acredite em mim... eu sinto muito por tudo também."

"Eu só quero que lembre desse tempo que tivemos juntos de um jeito bom, foi bonito. Odiei quando me multou mas não em arrependo de nada que fizemos, foram ótimos momentos e eu terei todos na minha memória."

Estas eram algumas das mensagens que Armando vinha deixando na minha caixa postal há alguns dias. Ele estava me dando avisos o tempo todo, em minha mente eu repassava todos os momentos tentando entender onde deixei algo passar.

Estava junto com Mike no avião, Marcus também estava conosco.

— Então você estava transando com seu irmão? — Questionou alto do nada e algumas pessoas nos olharam chocadas.

— Sabe que eu sou adotada né?

— Mas e se Benito Aretas for seu pai biológico?

— Então Armando ainda não seria meu irmão porque a mãe dele é Isabel. — Dei um tapa em sua cabeça. — Para de falar merda, tio Marcus.

— E seu pai, ele comeu uma bruxa casada. Ela pode fazer o pau dele cair.

— Pelo amor de Deus, cala a boca.

Coloquei fones de ouvido e aumentei a música ao máximo, tentando me distrair do assunto e das paranoias da minha própria cabeça. Enquanto lia e relia os arquivos do cartel Aretas, eles eram considerados Rei e Rainha no México, seria difícil já que todos estarão ao lado deles.

— Você comeria uma bruxa casada sem camisinha, moço? — Ouvi tio Marcus perguntar a alguém a nossa frente. — Tá' vendo Mike, ele não comeria uma bruxa casada e sem camisinha.

— Marcus, fica quieto. — Pediu.

— Você vai mesmo matar o seu filho? — Perguntou após um tempo. — Você vai para o inferno e você, querida, vai deixar seu pai fazer isso?

Não respondi. Estava querendo matar o atirador desde o começo mas agora não tinha mais certeza se conseguiria.

— Eu vou mandar o moleque pro saco.

Marcus negou e ficou alguns segundos em silêncio, balançando a cabeça.

— A gente devia saber que ele era seu filho porque ele te desceu o cacete. — Mike negou fazendo alguns sons. — Mike, aquelas porradas só poderiam sair de você mesmo. Era uma porrada sobrenatural.

— Marcus, chega.

— Foi mal... eu posso ser o padrinho?

— Além de dividir o pai, vou ser obrigada a dividir o padrinho também? — Questionei tirando o fone. — Assim não dá.

— Você pode ser mudo. — Mike avisou.

— Quer que eu fique mudo? Você teve um filho bruxo com la bruja que está tentando te matar, provavelmente me matar e ainda transou com sua filha. Ele quer chupar o nosso sangue e tudo mais.

— Gente, cala a boca.

Uma moça que estava sentada ao meu lado nos olhava incrédula e murmurou algo.

O que foi curiosa? Perdeu alguma coisa aqui? Diz mais um "a" e eu mando te prender. — Reclamo.

LIE OR DIE • ARMANDO ARETASOnde histórias criam vida. Descubra agora