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MORGANA

Aurora estava sentada à minha frente querendo entender onde estávamos mas eu não estava conseguindo explicar. Estávamos sentadas em um banquinho e as árvores estavam fazendo barulhos, junto com o vento.

— A mamãe vai te apresentar a uma pessoa mas preciso que tente entender o que vou dizer primeiro.

— Esse lugar é feio, quem está aqui? — Apontou.

— Seu pai, Armando. Se lembra que contei sobre as pessoas más que usaram ele e isso fez com que ele fosse para longe para se recuperar e voltar sendo melhor?

— Sim.

— É aqui, ele está cumprindo a sentença dele mas agora, você vai poder vê-lo. Mas tem que prometer ficar calma, tem muitas pessoas aqui e nem todos são homens bons.

Aurora olhou o lugar atrás de nós novamente antes de me encarar.

— Eles tem armas?

— Algumas.

— São como você e meu vô?

— Nem todos, você não pode falar com ninguém e preciso que se comporte ou não conseguiremos voltar a ver seu pai.

— Tudo bem, eu prometo. Vou ser boazinha mamãe, pra sempre. — Disparou a falar ansiosa.

— Tudo bem, segura a minha mão e só solte quando eu falar, ok?

— Sim!

— Muito bem, vamos lá.

Aurora agarrou minha mão apertado, passamos pela segurança e mostrei meu distintivo e documentos da pequena, indiquei com quem gostaria de falar e fomos redirecionadas, Aurora agarrou meu braço e me abaixei para pega-la no colo.

— Meu pai fez algo muito ruim? Esse lugar é estranho. — Sussurrou.

— Ele errou mas é uma boa pessoa.

Seus braços agarraram meu pescoço e escondeu o rosto ali, afaguei suas costas e a porta no fim do corredor foi aberta.


ARMANDO

Eu tinha uma visita, não me explicaram nada só saíram me puxando e eu estava alguns minutos esperando. Me colocaram dentro de uma cela pequena mas com grades mais largas e sem algemas, do lado de fora havia duas cadeiras.

— Tente alguma coisa e está morto. — Um guarda ameaçou antes de sair e abrir a porta.

Morgana cruzou pela porta com uma garotinha nos braços e meu coração parou, a mulher sorriu e murmurou alguma coisa antes de colocar a pequena no chão.

— Agora você pode soltar. Aquele ali, é o Armando, seu pai. — Sua voz estava distante e eu podia jurar que estava emocionada.

Minha garganta secou no momento em que vi aquele serzinho andando até mim, seu rosto é a coisa mais perfeita que já vi. Os cabelos são cacheados e estão soltos, ela usa um vestido lilás e um tênis branco combinando com Morgana.

Ela se parece comigo mas claramente possui muitos traços da mãe.

— Oi papai, você é bem bonito. — Sorriu. — Eu... nossa, eu queria muito te conhecer mas minha mãe sempre falou que precisava esperar. Meu nome é Aurora.

Eu fiquei sem voz, meu peito doeu por vê-la e não poder segura-la em meus braços, não poder sentir seu abraço. Me aproximei mais das grades e fiquei de joelhos ficando da sua altura.

É a primeira vez que eu vejo minha filha e não posso abraça-la.

— Você é mais linda do que eu podia imaginar, Aurora.

— Eu queria te falar algumas coisas mas eu esqueci. — Sorriu sapeca com as bochechas vermelhas e colocou as mãos no rosto.

— Está tudo bem, o que você tem feito? Está indo à escola?

— Sim, minha mãe me leva todo dia para a escola e eu tenho aula de karatê. Eu estou aprendendo a ler, assim você pode me mandar cartas.

— Uau, então você é uma garotinha muito forte. — coloquei minhas mãos para fora das grades e pude sentir seu toque.

Eu acho que estava chorando, meus olhos estavam ardendo. No canto da sala Morgana chorava silenciosamente.

— Eu sou forte! — Se animou. — Eu vou ser igual a mamãe então preciso ser forte.

Assenti segurando um soluço.

— Você já é muito forte. — Sorri.

— Eu sou! Sabe o vovô Marcus me falou esses dias que você é maluco mas maluco no bom sentido e não no mal sentido. — Ela arqueou as sobrancelhas. — Você luta? Vai poder me ensinar alguns golpes.

— O Marcus é um estranho. — Deixei escapar. — Eu vou te ensinar alguns golpes mas sua mãe não pode saber.

Eu estou ouvindo.

— Relaxa ai, mamãe. — Murmurei, Aurora sorriu e apertou minha mão.

— Minha mãe tem um caixa cheia de coisas suas em casa. — Confessou.

Morgana olhou incrédula para a menina.

— Acho que você está passando tempo demais com o seus avôs, Aurora. — Balancei sua mão após ver a careta em seu rosto.

— Eu tô, papai. — Soltou uma gargalhada. — Mas o vozão é muito legal e me dá muitos doces.

— Aposto que sim.

— Eu trouxe uma coisa, minha mãe não sabe. — Falou baixinho levou um das mãozinhas ao bolso que havia no short embaixo do vestido tirando um papel e me entregou. — É meu convite para apresentação da escola. Você vai conseguir ir?

Não aguentei, deixei que as lágrimas caíssem.

— Acho que não consigo ir filha, eu ainda tenho um tempo para ficar aqui.

— Mais não pode ir e voltar depois? — Deu um passo e segurou minha mão. — Eu quero que você veja.

— Eu não posso sair daqui, Aurora. — Fiz carinho em sua mão. — Eu não consigo ir mas sua mãe pode gravar e assim você me mostra tudo depois.

— Não vai ser a mesma coisa. — Fez bico. — É uma apresentação para os pais.

— Eu sei querida mas eu não vou conseguir ir, eu quero muito... mas não posso sair daqui.

— Mas papai.

Olhei para Morgana quase pedindo por ajuda e ela se aproximou, abaixando ao lado de Aurora.

— Amor, o seu pai não vai poder ir nessa apresentação mas vão ter muitas outras e ele vai estar presente em todas elas. — Balancei a cabeça confirmando e senti suas mãos apertando as minhas. — E eu vou gravar tudo e tirar muitas fotos para que ele veja tudinho.

— Vocês prometem?

— Claro amor, nós prometemos.

LIE OR DIE • ARMANDO ARETASOnde histórias criam vida. Descubra agora