CAPÍTULO 22 - Confiança

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LORENZO RICC

Se eu pudesse voltar no tempo, no exato momento em que vi George morrer bem na minha frente, talvez eu pudesse mudar o rumo que as coisas tomaram.

Iniciadores elétricos...

Eu já devia saber sobre a bomba, as explosões. Como pude deixar tudo passar tão despercebido?

O ruidoso barulho daquele aparelho já estava me estressando, olho para as sórdidas batidas do coração de Matteo. Ele está deitado sobre a cama do hospital, a sala está iluminada por uma luz muito branca, deixando o ambiente com aspecto de morte. Não gosto disso, então vou até o disjuntor e desligo a luz.

Ouço a respiração do Matteo ficar um pouco mais firme, me aproximo da cama para observá-lo melhor.

Eu o encontrei no chão da empresa, com um grande corte na cabeça. Os médicos disseram que sofreu um traumatismo craniano, mas não muito grave. Logo logo ele acorda, e eu vou exigir explicações.

Primeiro vou começar a perguntar o que ele fazia na empresa, com todos aqueles equipamentos tecnológicos, dois homens mortos, sendo um deles o segurança, e o andar inteiro da cobertura revirado. Minha sala está destruída, tudo está um caos.

O sistema de câmeras foi danificado e não conseguimos identificar mais ninguém.

A polícia está investigando a invasão na minha empresa e, coincidentemente, a explosão na minha boate.
Ele começa a se mexer, abrindo os olhos lentamente até encontrar os meus. Não sei bem o que sinto nesse momento, é um misto de raiva, tristeza, medo, mas também de anseio. Anseio por decisões que estou decidido a tomar.

— Lorenzo? — Ele sussurra, sua voz soou fraca e debilitada.
Ele só não está preso a essa cama com algemas porque Marília me ajudou a ocultar a arma que tinha com ele e trouxemos ele até aqui sem que a polícia soubesse do envolvimento dele. Mas de uma coisa ele pode ter certeza, se eu souber qualquer envolvimento dele nisso tudo, ele não vai sair tão ileso como agora.

— Como se sente, Matteo?

Ele revira os olhos, provavelmente pensando se vale a pena usar a ignorância de sempre.

— Como acha que eu me sinto? Estou deitado na porra de uma cama de hospital. Minha cabeça dói pra caralho.

Vejo que ele está bem melhor. Já recuperou até a personalidade, talvez tenha resgatado suas memórias também.

— Eu lamento por isso, mas necessito de respostas. E você é o único que pode me dar.

Ele senta na cama e me encara. Parte da sua cabeça está coberta por uma faixa, ele veste uma roupa de hospital branca.

— Eu também tenho perguntas, Lorenzo. Por que você não me falou sobre Robert? Sobre seu pai ser o assassino dos meus pais? Por que não me disse nada disso? Por quê?

Por um momento fico sem reação, sem palavras pra dizer. Eu ia dizer isso a ele, só estava esperando um momento certo. Não podia ter sido agora, não dessa forma.

Maldito Robert

Morreu, mas ainda assim conseguiu infernizar minha vida. Que ele queime bastante no inferno.

— Eu ia contar...

— QUANDO?? — Matteo tenta levantar, mas parece sentir dor, então volta a sentar. — Você só mente pra mim, Lorenzo. Você não é diferente do seu pai, sempre manipula as coisas a seu favor. Sempre faz suas vontades, não importa as consequências que os outros sofram, você sempre quer tudo bom pra você e nada de bom para as outras pessoas. Você é egoísta.

Maldito DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora