CAPÍTULO 29 - Farfallina

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Sophia Ferrari.

— Sei que está acordada. — escutei a voz do Matteo ao meu lado. — Você costuma ficar franzindo o nariz quando está fingindo. — bufo uma risada.

Depois do meu acidente eu fiquei desacordada por três dias, depois que acordei eu fiz milhares de exames, não pude receber visitas por ter que ficar 24 horas em observação diante as enfermeiras e médicos, e se tudo ocorrer bem, amanhã estarei em casa.

Depois que eu acordei do meu coma induzido, e fiz uma bateria de exames e trocas de medicação e limpeza dos meus ferimentos, minha cabeça ficou totalmente desligada, eu não consegui ter nenhum raciocínio lógico, não consegui ouvir as vozes das enfermeiras e nem dos médicos, apenas escutei eles falando que daqui cinco dias um policial iria pegar meu depoimento.

Hoje, depois de todos os exames de ontem, fiquei tentando lembrar do meu sonho que eu tive, em minha cabeça agora é apenas milhares de fleshes sem contextos.

Abro meus olhos e vejo a feição cansada do Matteo, parece que ele não dorme direito, ele sorri para mim e eu retribuo.

— Não estava fingindo. — me defendo mas ele apenas revira os olhos.

— Como se sente? — antes de eu responder ele me corta. — Mentalmente.

— Dor. — ele pega em minhas mãos e faz um carinho lento. — Porque isso aconteceu logo comigo Matteo? o que eu fiz de tão ruim para uma pessoa querer me bater? — meus olhos se enchem de lágrimas mas recuso que alguma delas caiem.

— Eu queria saber a resposta para essa pergunta, mas eu prometo que daqui para frente ninguém irá te machucar e se machucarem, irei fazer pior. — ele se aproxima e beija minha testa.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, uma doutora aparece e sorriu tristemente para mim e disse:

— Esse dai não saiu do hospital até que acordasse. — sorri. — Fora que ele xingou a equipe medica toda por não deixar ele entrar e te ver. — fiquei confusa.

— Porque não deixaram ele entrar? ele meio que é meu contato de emergência.

— Ele falou isso mesmo, mas a sua prima autorizou só um outro rapaz. — olhei para o Matteo e ele sibilou "ruiva" e eu dei uma risada mas logo fiz careta pela dor no abdômen.

Enquanto a doutora arrumava uma outra bolsa de soro para mim, o Matteo se aproximou do meu ouvido e sussurrou:

— Subornei a diretora do hospital para me deixarem entrar, por isso estou aqui. — olhei horrorizada para ele.

— Só ficou você aqui? — pergunto meio receosa e ele entendeu onde quis chegar.

— Sinto muito Stellina, ele tinha a empresa para direcionar.

Certo...

Apenas concordei com a cabeça, eu não queria ficar chateada porque sei das obrigações dele, mas o que custava vim pelo menos no horário de almoço ou a noite?

— Vamos olhar seus curativos e trocar seu soro senhorita Ferrari? — concordei com a cabeça, ela direcionou o olhar para o Matteo e lhe disse. — Senhor Moretti, precisamos que você espere la fora por algumas horas, a senhorita Ferrari depois de trocar os curativos receberá um remédio que irá deixar ela dormente, assim que ela acordar, você volta. — eu senti uma pontada de mentira em seu tom de voz.

O Matteo se aproximou e beijou minha testa e caminhou para o lado de fora.

— Senhorita Ferrari, queria ter mais privacidade para lhe dizer o que aconteceu com a senhora, ontem quando você acordou explicamos tudo porem creio que você não estava nos escutando. — assenti com cabeça. — Você sofreu várias lesões graves. Além dos hematomas, você fraturou uma costela e quebrou o braço direito. Também houve um corte profundo na sua barriga, que infelizmente atingiu uma parte do seu intestino. Nós fizemos uma cirurgia de emergência para reparar os danos. — ela deu uma pausa e segurou minha mão com delicadeza e carinho.

Maldito DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora