CAPÍTULO 10 - A melhor investida

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Lorenzo Ricc

A água fria caiu sobre meu corpo e um pequeno vapor sobrevoou o banheiro, deixando o vidro do box embaçado . Durante muitas horas depois que saí da empresa fiquei pensando nos últimos acontecimentos, a informação de um possível infiltrado na minha empresa e não faço ideia de quem seja, Robert, Christopher, crime…Até quando eu terei que aguentar tudo isso? Mesmo meu pai morto ainda consegue tornar minha vida um inferno. Porém, o mais estranho de tudo é que isso não me causou nem dez por cento do abalo que a história do beijo entre Sophia e Matteo. O desgraçado ainda tem a cara de pau de vim  me atormentar, consigo lembrar a sua cara de triunfo ao me contar a história.

Desligo o chuveiro, cubro meu corpo e entro no quarto, ainda pensativo. Eu não posso perder meu foco agora, eu tenho que resolver primeiro os problemas do passado, do meu pai, quando estou com Sophia esqueço de tudo e fico concentrado apenas nela, em como sua presença me cativa, sua beleza me atrai, tudo nela chama por mim. Eu não posso me dar o luxo de ser descuidado e coloca-la em risco, como por exemplo o jantar de ontem. E se alguém tiver me seguido até o apartamento da Sophia? Eu poderia colocar algumas pessoas para segui-la por preucação, isso não seria exagero, seria? Mas acho que ela não precisa, tem o Matteo pra isso — Só de pensar no Matteo a beijando, sinto meu rosto aquecer, meu peito apertar, se ele não fosse meu primo eu não sei o que poderia lhe acontecer…

Pego meu notebook na escrivaninha ao lado da cama, abro na aba de documentos e coloco na cópia digitalizada do meu testamento. Um fragmento do atual testamento diz, no parágrafo 1 do verso 7:

“...Eu, Jerônimo Ricc, no pleno uso de minhas faculdades mentais e livre arbítrio, declaro este documento como meu testamento, revogando qualquer disposição anterior que possa ter sido feita por mim...”

Talvez agora eu entenda a parte em que ele diz que revoga todos os outros testamentos anteriores, ele não ia deixar nada para a minha tia Margareth e nem para Matteo. Eu me pergunto o porquê da briga que aconteceu entre eles, até hoje eu não descobri o que causou tal difusão na família. 

Depois de muito tempo tentando encontrar, exaustivamente, alguma pista nas entrelinhas dos documentos, me rendo ao cansaço, olho o horário e me assusto. 

— 4h da manhã?? Não acredito que passei a noite em claro inutilmente. 

Desligo o notebook e coloco na mesa ao lado, acho que vou tentar dormir pelo menos umas duas horinhas. Deito na cama vestido somente de roupão de banho e sinto minhas palpebras pesadas fecharem, não de sono, mas de exaustão.

Não consegui dormir muito bem, observando a alvorada do dia pelo pequeno espaço das cortinas da janela, levanto para tomar um banho, decidido. O testamento não era algo que eu prestei muita atenção no início, mas analisando ele agora percebo que deixei muita coisa passar. Primeiro porque foi bastante estranho Matteo trabalhar para meu pai quase toda sua vida e sendo da família não receber nada da sua herança. 

Ligo o chuveiro e a água na mesma temperatura fria confronta meus músculos enrijecidos. Após o banho visto uma roupa social preta, tomo um café forte, torcendo para me manter acordado depois da noite inteira quase em claro. Pego meu celular na escrivaninha do quarto junto com as minhas chaves, a caminho da empresa.

O trajeto foi rápido, mas não me impediu de pensar bastante na decisão que andei cogitando nas últimas noites. 

— Lorenzo? Bom dia. Está com a aparência horrível, não dormiu bem? 

Olho para a origem da voz assim que entro no elevador e observo a cabeleira vermelha à minha frente. 

— Pelo visto não fui o único. O que faz tão cedo aqui? É até estranho você chegar cedo, algumas vozes me disseram que você chega depois das 8h.

Maldito DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora