Capítulo catorze: O casamento real

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  Na véspera do casamento, Astória, como qualquer outra noiva, estava aflita. Pensou no buffet, na decoração, se os convidados compareceriam, se o vestido ainda serviria e, claro, surgiu dúvidas se seria feliz.

Embora Draco estivesse muito ocupado com o trabalho nos últimos dias, foi muito cordial com ela nas poucas vezes em que se viram. Não houve mais beijos, muito menos sexo, mas havia carícias sutis. Como alisar o tornozelo dele com pé por debaixo da mesa durante o chá.

Eles tinham química. Questionava-se se seria o bastante para que fosse feliz. Bateram na porta do seu quarto à noite. Ao autorizar, Dr. Greengrass apareceu com duas canecas de cerveja amateigada.

- Papai!

Sentou-se na cama, feliz em vê-lo.

- Espero que não tenha te acordado.

- De forma alguma. - A caneca lhe foi entregue e se sentou defronte a ela, no colchão - Obrigada.

- Não tem de quê.

O pai permaneceu em silêncio, a assistindo tomar um gole da cerveja amanteigada.

- Por que está me olhando assim?

- Apenas... estava me lembrando do dia em que nasceu. Eu fiz o seu parto, sabia disso?

- É claro. Me contou essa história várias vezes, da qual nunca canso de ouvir. Conte-me como foi.

- Eu ainda era um interno em St. Mungus. Nunca havia operado sozinho. Mesmo assim, quis fazer o seu nascimento. Mais por orgulho, eu admito. No dia, fiquei apavorado. Não me lembrava dos procedimentos direito. Como se tivessem apagado os meus conhecimentos. E então você veio. - Um sorriso inocente estampou em seu rosto - Uma coisinha bem pequena, branca feito leite. Até tive medo de lhe segurar.

- Jura? - Questionou, apesar de já saber a resposta

- Ah, eu tive. Eu nunca vou me esquecer da sensação de te ter em meus braços. Foi o dia mais feliz da minha vida. Parece que foi ontem que eu te trouxe ao mundo. E amanhã minha Sabiá vai embora.

- Ah, papai, não fale assim! Eu sempre virei aqui! E o senhor pode ir me visitar também.

- Não, não. Por mais que me entristeça, você terá sua vida e com ela que deve se preocupar. Eu nunca deixaria minha Sabiá em uma gaiola.

Astória pôs a caneca na mesinha ao lado e abraçou o pai. Dr. Greengrass a abraçou por um longo tempo e segurou no rosto dela com uma mão.

- Astória, de todas as realizões que já tive nesta vida - incluindo minha carreira como curandeiro e os negócios da fazenda - você e a sua irmã é da qual mais me orgulho. Eu não sou nada sem vocês.

- O senhor é meu herói, papai. Sempre foi e sempre será.

Tornaram a se abraçar, permitindo que algumas lágrimas rolassem. Dr. Greengrass demorou a ir, pois desejava estender aquele momento o quanto pudesse.

Houve batidas na janela. Greengrass se aproximou, imaginando que seria uma coruja. Não havia ave alguma. Tomou um susto quando o rosto do ex-namorado apareceu do absoluto nada.

- Ronald! O que faz aqui?

- Eu vim te buscar. Merda!

Um dirigível azul se revelou. Um Fordia Anglia Voador. Greengrass o conhecia perfeitamente, pois Weasley já havia a levado para dar algumas voltas nele. O homem deu uma pancada no botão ativador de invisibilidade e ele tornou a se camuflar.

- Eu não vou impedir que se case, se é isso que pensa.

- Que bom, porque isso está fora de questão.

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora