Capítulo vinte e três: O misterioso quarto de Hestia

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  Desde o terrível reencontro com Rony Weasley, Astória se trancou no seu quarto e não saiu mais. Ignorou as obrigações que tinha com o lar e com a loja. Quando Dobby lhe questionava algo, apenas murmurava para fazer de qualquer jeito. Não tinha vontade de fazer absolutamente nada. Portanto, se prostava na cama o dia inteiro. Dia após dia. Noite após noite. Nem sequer se dava ao trabalho de tirar a camisola.

Restringiu-se a poucos banhos e a uma alimentação fraca. O descuido consigo mesma fez seus lindos cachos perderem a maciez. Como as cortinas permaneciam fechadas o tempo inteiro, a pele adquiriu uma palidez pavorosa. Os olhos dela estavam tão carregados de tristeza que partiria o coração de qualquer um.

Embora encarasse o teto com fixação, a mente se mantinha presa à sua tragédia. Nem sequer se moveu quando a porta foi aberta bruscamente.

- Eu não quero saber se ela não quer ver ninguém! Eu sou a avó dela! Ninguém há de me impedir! Quanta escuridão! – Ouviu a avó se queixar – Onde está seu dono?

- O meu senhor está no trabalho. – Respondeu Dobby

- A casa dele está um caos e ele foi trabalhar? Que belo imbecil! Vá preparar a banheira, elfo!

- Sim, Sra. Slughorn.

Dobby rumou para a banheira. A loira lançou um feitiço para sumir com aquela escuridão abrindo as cortinas. Em seguida, se dirigiu à neta, que continuava estática.

- Levanta, Astória. Você precisa de um banho.

- Eu não quero.

- Eu não perguntei se você quer. Eu disse que você vai tomar um banho. Vamos! Se levante!

- Já disse que não quero, vovó!

- Não me faça perder a paciência, Astória!

Apesar da Malfoy já ser uma mulher crescida, isso não impediu a idosa de puxá-la pelo braço. A moça caiu no choro enquanto era arrastada para o banheiro.

- Eu não quero! Eu não quero!

- Pare com isso! Eu já disse!

- A banheira está pronta, Sra. Slughorn. – Avisou Dobby

- Então vá preparar uma refeição descente e leve para a sala de chá!

- Sim, senhora.

Dobby estalou os dedos. A vovó Dinorah retirou a camisola da neta. Ficou bastante preocupada ao perceber como tinha perdido peso. A fez entrar na banheira. Permaneceu em uma parte rasa, onde pôde se sentar.

- Está fria!

- É bom que assim acorda!

A mulher gemeu ao receber um jato d'água na cabeça. Seus braços começaram a ser esfregados.

- Você está fedendo, Astória! Há quanto tempo não toma banho? – Ela deu de ombros – Isso é inadmissível! E se tiver pego alguma infecção? Veja como perdeu peso! Deve estar anêmica! E esse cabelo! Já viu como está o seu cabelo? Seco como palha! Mais dias sem cuidados e precisaria cortar!

- Vovó... – choramingou – por que a minha família fez isso comigo? Será que não fui boa o bastante?

- Não fale besteiras, Astória! Você foi ótima! Muito melhor do que eu esperava, sinceramente!

- Eu só queria que tivéssemos harmonia outra vez! No fim das contas, só piorei tudo!

- Ah, não se culpe. Culpe o seu pai, aquele bigodudo de uma figa! Ele, sim, é o feitor de toda essa desgraça! Você é tão generosa, Astória, que as vezes enjoa!

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora