Capítulo quatro: O festival de primavera

43 2 30
                                    

  Daphne passou a evitar ficar a sós com a irmã desde o brunch dos Lestranges. Convenientemente, o festival de primavera logo ocorreria. Ou seja, ambas estavam muito ocupadas para poderem ter tal discussão.

Sentada na sala de estar informal, a mais velha lia uma lista de todos os comerciantes que armariam barraca. Elaiza adentrou no cômodo.

- Astória, você não sabe o que aconteceu. - Agarrou uma garrafa de uísque de fogo e um copo de uma mesinha do canto – Sabe o Scamander?

- Rolf Scamander, aquele que abre a fazenda para a visitação de animais?

- Ele mesmo. Acredita que ele acusou um homem de roubar um bezerro apaixonado seu, que havia desaparecido? – Sentou-se ao lado da prima e pôs os objetos sobre o centro - Foi uma briga violenta.

- Roubo de animais? Quem ousaria?

Talvez quem seja da cidade não compreenda, mas em uma região agrícola roubo de algum animal é um crime muito grave.

- Foi preciso muitos homens para detê-los. No fim, o bezerro apaixonado tinha fugido para copular com o do vizinho. Scamander ficou morto de vergonha.

- Elaiza, esqueça o Scamander. Tenho uma bomba para lhe contar.

- Que bomba?

Foi necessário virar um copo de uísque de fogo para reunir coragem.

- Eu flagrei Daphne aos beijos com Susan Bulstrode no brunch da viúva Lestrange, no armário de capas.

Elaiza arregalou os olhos. Foi a vez dele virar o copo.

- Aos beijos? Com uma garota?

- Foi o que eu disse!

- Bem... isso faz sentido.

- Como assim?

- Eu nunca a vi interessada em nenhum rapaz. Nem sequer beijou um.

- Isso não tem nada a ver. Daphne sempre foi muito tímida neste assunto. Sempre se abstém quando o tema é rapazes porque ficava muito desconfortável. Ah, meu Merlin! Ela é lésbica! Como eu nunca vi isso antes?

- O que você vai fazer?

- Como assim?

- Ela vai se casar com um homem. E apesar de muitos contestarem, não é algo que dê para se reprimir!

- Eu não sei. Me foi ensinado a lidar com birras ou más notas. Nunca ninguém me ensinou como agir depois de descobrir que minha irmãzinha gosta de meninas!

Como se tivesse sido convocada, Daphne surgiu. Um silêncio constrangedor reinou.

- Ast, será que podemos falar um minuto, por favor?

- Onde? No armário de capas? - Zombou o primo, que levou um tapa forte no ombro por Astória

- Elaiza! Qual é o seu problema?

- Eu só queria amenizar a tensão com uma piada!

- Contou a ele? - Rosnou a colegial

- Me desculpe, Daph! Eu só estava precisando desabafar com alguém.

- Isso não é uma fofoquinha qualquer, Astória! Você não tinha esse direito!

Guiada pela raiva, a adolescente foi embora. Embora a irmã fosse atrás dela, o loiro a deteve segurando em seu braço.

- Deixa ela ir, Ast. Daph precisa ficar sozinha um pouco.


.                        .                        .

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora