Capítulo vinte e nove: A Casa Veranil Black

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  Elaiza trabalhava em seu escritório particular, com as paredes tingidas de verde-escuro com móveis de madeira escuro. Sob a escrivaninha havia duas fotografias. Uma de um aniversário dele com as primas e o tio, na mesa do bolo. A outra era mais antiga. Uma da infância dele, sentado ao lado da mãe em um sofá. A falecida Josephine Greengrass alisava o cabelo dele, expressando um sorrisinho tímido. Vez ou outra o beijava na cabeça. Sempre foi muito carinhosa. Ainda havia mais um retrato. Era de Lu, tirado em um dos encontros deles.

Esboçava um grandioso sorriso para o mais completo nada. Estava muito bem escondida na gaveta e não pretendia mostrá-la a ninguém. Nem a própria Chang sabia que a tinha. Gostava de olhar para ela de vez em quando. Uma certa forma de animá-lo quando estava exausto de tanta papelada.

Não era um cômodo que ele gostava de ocupar, para ser franca. O achava, de certa forma, frio. Nem mesmo um grupo de uma pintura lhe servia de companhia. Poderia não ser um grande adorador do ar livre como a prima, mas o preferia mil vezes a estar ali. Entretanto, não tinha muita escolha. Partiriam para a Casa Veranil Black em pouquíssimos dias. Como ele e o tio estariam ausentes, tinha que manter tudo em ordem.

Como a porta estava aberta, percebeu que Delacour caminhava de um lado para o outro, no corredor. Parecia nervosa, pois estralava os dedos constantemente. Por fim, resolveu ir até ele. Ficou um tanto constrangida quando os olhares se cruzaram. Guardou a pena na mesa.

- Posso ajudar, Gabrielle?

Ela assentiu com a cabeça. A francesinha não tomou a rejeição como ofensa. Não tornou a tratá-lo com aspereza, como achou que ocorreria. Na verdade, ela parecia constrangida. Trocava palavras de cumprimento e apenas só. Ele não a procurou, pois temia piorar as coisas. Mas havia outra razão também.

Não a procurava porque tinha medo de tomá-la em seus braços.

Elaiza seria um grandíssimo mentiroso se alegasse que não tinha pensado em Gabrielle nos últimos dias. Que não tinha pensado em seu perfume de lírios delirante, em sua pele macia, em seus lábios saborosos. Por Merlin, ele era um homem! Como evitar de se imaginar a tomando, a possuindo? Não tinha controle disso quando estava desperto, muito menos nos sonhos – que não foram poucos. Gabrielle Delacour era uma tentação. Um pedaço de pecado.

Só que ele não poderia ceder. Embora não tivesse firmado uma relação sólida com Chang, sabia que não era certo traí-la desta maneira.

- Eu sei que você é um homem muito ocupado, mas eu queria te pedir um favor. – Suplicou sem coragem de encará-lo nos olhos – Eu queria saber se pode me acompanhar até a igreja de St. Edwiges agora.

- À igreja? Não sabia que era religiosa.

- Para ser franca, eu não sou. É que a minha avozinha pediu, na última carta, para que eu fosse. Ela se sentiria mais segura se eu pedisse por proteção para a minha viagem na igreja da santa dela. Soube que tem uma no vilarejo de Hogsmeade, mas não sei onde fica. Tenho medo de me perder. Eu até pediria à Daphne, mas ela está ocupada com tantos hóspedes e tenho vergonha de pedir ao seu tio.

- Gabrielle, não precisa dar tantas explicações. Eu vou com você.

- Vai?

Os olhos dela assumiram uma certa alegria.

- Vou. Tem que ser agora mesmo? – Ela assentiu – Está bem. Eu estava precisando de uma pausa mesmo.

- Devo pedir para Pin aprontar uma carruagem?

- Não é necessário. Hogsmeade fica na Escócia. Levaríamos horas até chegarmos. Vamos aparatando mesmo.

Ela assentiu. Os dois seguiram para fora da mansão. Greengrass estendeu o braço e sentiu um esquisito prazer quando ela o agarrou. Com a varinha na outra mão, aparataram em frente à entrada de Hogsmeade. Era um vilarejo muito maior que qualquer outro que obtivesse magia, contou Elaiza para Gabrielle. Porém, não tinha um senhorio só.

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora