Capítulo vinte e um: Lavando roupa suja

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  Astória se pôs de pé abruptamente e deu ordens a Dobby para buscar um par de luvas e uma capa. Draco a acompanhou ao hall. Os acessórios se vestiram sozinhos no corpo dela.

- Eu acho melhor eu não ir. – Ele opinou, a surpreendendo – É uma situação muito triste. Só quem deve estar presente são os íntimos. Muita gente pode atrapalhar.

O rapaz sabia perfeitamente que seu pai estava por trás daquilo. E não queria correr o risco de se esganado. Como Astória estava com muita pressa – e agoniada – não insistiu. Aparatou no segundo que saiu do Castelo Malfoy. Ainda ouviu um boa sorte, mas não tinha certeza. Surgiu em frente aos portões de ferro da Fazenda Greengrass. Os quais abriram instantaneamente, como se tivessem ao seu aguardo.

Correu para dentro da mansão. A primeira pessoa que viu foi Gabrielle, que estava muito aflita.

- Que bom que você chegou, Astória. Daphne está inconsolável. – Contou enquanto as duas subiam as escadas em passos ágeis

Entraram no quarto. Embora houvesse castiçais acesos, nenhuma iluminação parecia capaz de espantar a escuridão que assombrava ali. Elaiza se sentava em uma poltrona, cabisbaixo, rasgando a maldita edição do Profeta Diário aos poucos. Daphne era abraçada pelo pai e chorava bem alto, sentada na cama. O rosto estava vermelho e banhado em lágrimas.

Ao ver a irmã, estendeu os braços, tal qual fosse uma criancinha. Astória imediatamente foi lhe abraçar e permitiu que chorasse em seu ombro. A tristeza de Daphne era tanta que se tornou incapaz de pronunciar qualquer palavra. De vez em quando balbuciava algo. Ninguém disse muita coisa porque não coisa certa para se dizer. Tudo o que podiam fazer era dispor da presença deles.

Pin trouxe um chá de ervas que a tranquilizou um pouco. O choro foi se tornando mais baixo e soluçava com frequência. Levou mais de uma hora para que a pobre menina caísse no sono. Astória a deixou delicadamente na cama. As velas foram apagadas e a deixaram sozinha para que pudesse dormir com um pouco de paz.

O chá tinha um componente adormecedor. Portanto, Daphne não correria o risco de despertar quando o pai começou a quebrar vários móveis que viu pela frente. Para a surpresa dos jovens, não foram tantos assim. Imaginavam que destruiria a casa a inteira. Mas não. Depois do seu momento de revolta, saiu da mansão e caminhou em direção às plantações.

- É melhor deixarmos ele em paz. – Sugeriu Astória, sentada na cadeira de balanço com Elaiza – Só a terra vai acalmá-lo.

- Nem toda terra do mundo seria capaz de adormecer a iria de tio Albert. – Observou o primo – Acho que sei que fez isso.

- Como assim? Skeeter quem descobriu o segredo e o revelou para os quatro ventos.

- Ela deve ter fontes, Astória. Minhas suspeitas caem sobre o nosso avô. Acho que fez isso porque foi expulso daqui.

- Vovô foi expulso daqui?!

- Sim, tio Albert o expulsou ontem. Tiveram uma discussão calorosa durante o seu baile. Vovô admitiu que veio aqui para nos consertar, apontou falhas imperdoáveis ao nosso respeito. Tio Albert não tolerou e o mandou embora. Quando voltamos, nem ele ou Katharina estavam por aqui.

- Onde estão agora?

- Não tenho a menor ideia. Imagino que não muito longe. Deve querer assistir de perto a nossa desgraça.

- Não faz sentido ser o avô de vocês!

Ambos se surpreenderam ao verem Gabrielle, com as costas encostadas na parede e de braços cruzados.

- Anda ouvindo a conversa alheia, gata borralheira?

- Elai, deixe-a falar!

- Como eu ia dizendo, não faz sentido ser o avô de vocês. Eu não o conheço bem, mas está na cara de que é um homem retrógado e de mente fechada. Com certeza não deve ter ficado feliz com a homossexualidade de Daphne.

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora