Capítulo vinte e sete: Resgatada por um herói

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  Astória não atirou vasos em Draco Malfoy, não o reservou sua aspereza. A situação era muito mais drástica. Estava decepcionada. Toda vez que o encarava, se questionava se o coração dele ainda tinha chance de restauração. Também era atormentada com o medo de que o filho adquirisse os maus genes dele. Nenhum Malfoy apresentava bondade. Seria algo genético? Mesmo que não fosse, a convivência poderia conventer seu puro bebê em um ser perverso.

Durante o café da manhã não tinha vontade alguma de conversar com o esposo, apesar das tentativas dele. Os estímulos de conversa de Draco eram sempre recebidos por respostas vagas, terminando com o assunto antes mesmo de começar. Os papéis estavam invertidos. Limpou a boca com o guardanapo depois de de comer e se pôs de pé, avisando que partiria para o trabalho. Draco, repentinamente, também se levantou.

- Eu acompanho você. - Anunciou de supetão

- Me acompanhar? Por qual motivo?

- Gostaria de desfrutar de uma boa companhia. Além do mais, é um gesto de cavalheirismo.

- Esse gesto de cavalheirismo nunca se estendeu a mim.

- Falha minha, eu reconheço. Vamos?

O encarou com desconfiança. O conhecia bem para saber que tinha intenções sigilosas. Mesmo assim, aceitou. No hall, puseram as luvas e as capas. Saindo do Castelo Malfoy, a morena segurou no braço dele. Dentre de minutos de caminhada chegaram ao vilarejo.

Draco só tinha ido uma única vez à Sea Place, desde que se mudou, e a definiu como pavorosa. A escuridão daquela noite escondeu bem os buracos das ruas - que tiveram que desviar - e as propriedades descuidadas e velhas. Parecia o cenário perfeito para um ato criminoso. Espantou-se com a tranquilidade da esposa. Ela não sabe que podemos ser roubados?, pensou.

- Por que não aparatamos assim que saímos de casa? - Quis saber

- E perder a chance de cumprimentar a nossa gente? Bom dia, Sr. Sallow!

O Sr. Sallow seguia um hábito de décadas de fazer uma caminhada matinal por todo o vilarejo. Recentemente, se atribuiu a parte de Astória Malfoy o desejar uma boa manhã e ele a responder com um grunhido.

- Que senhor mais mal educado! - Exclamou Draco alto o bastante para ser ouvido

- Ele é assim mesmo.

Apesar da restante da população não ter sido tão rude, não demonstravam muito apreço pelo casal. Os únicos felizes eram as crianças que brincavam na praça. Astória acenou com entusiasmo, dando um sorriso verdadeiro.

- Parece que você roubou o coração dos pirralhos.

- Draco, não os chame assim. São crianças boas. Dá para acreditar que daqui a pouco nosso filho vai brincar com eles?

Até parece que vou deixar meu filho brincar com esse bando de pobres, pensou o homem.

- Teve até um dia que eu brinquei de jogar pedrinhas com eles, na praia.

- É mesmo?

- Sim. Foi muito divertido. Eu tive tanta pena quando me revelaram que os pais deles não têm condições de viajarem e nem de os levarem em um lugar bacana.

- Ao menos eles têm a praia.

- É verdade. Eles devem brincar bastante ao dia, pois não podem à noite.

- Por que não podem à noite?

- Por causa do toque de recolher. Foi determinado que todos os de menores devem ficar em casa antes mesmo das oito horas.

Nobre Coração - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora