Nobre Coração - Drastoria

Capítulo vinte e quatro: A descoberta do bebê

  Hestia mal tinha feito a maior revelação da sua vida e caiu no chão. Perdeu as forças das pernas. Os olhos, que antes continham fúria, estavam repletos de tristeza. Weasley se sentou ao lado dela e segurou em sua mão.

- Foi no ano do Torneio Tribruxo. – Começou com a voz trêmula

- Não precisa me contar agora.

- Não, eu tenho que te contar. Quero que tudo fique às claras. – Respirou profundamente, com uma grande dor no coração – Eu fui seduzida por um rapaz de Durmstrung. Fomos descuidados e aconteceu. Eu escrevi a respeito, só que ele nunca quis saber. Voltou ao país dele para nunca mais retornar. Eu fiquei apavorada, é claro. Só era uma menina. Não conhecia nada da vida. Até pensei em... Me desfazer o bebê.

- Você fez isso?

- Não. Eu não tive coragem. Consegui esconder a minha barriga por meios de feitiços ilusórios. As minhas amigas me ajudaram o tempo inteiro. Devo a minha vida a elas por isso. Só que então a minha bolsa estourou nas férias.

As más lembranças lhe vieram, a fazendo chorar mais ainda. Agarrou-se na camisa do ruivo.

- Eu ia cuidar dela, George! Eu juro que eu ia! Eu estava disposta a abandonar Hogwarts! Tinha guardado boas economias! Teríamos uma boa vida!

- E o que aconteceu?

Hestia mergulhou em uma tristeza tão intensa que ficou indisposta a falar. George a envolveu em seus braços e permitiu que chorasse livremente no peito dele. Por mais que quisesse lhe dizer alguma palavra de consolo, duvidava que existisse alguma para apagar aquele sofrimento. Flora, que despertou com as vozes alteradas, foi ao quarto, usando um robe por cima da camisola.

Ficou perplexa ao ver tal cena. George também não sabia o que dizer a ela. A moça fez um aceno em tom de compreensão. Sumiu por alguns instantes para acordar o elfo-doméstico e mandá-lo preparar um chá. Em seguida, retornou ao quarto.

- Venha, irmã. Vamos para o quarto. – A chamou, a puxando de leve pelo braço

- Eu quero ela, Flora! Eu quero ela! Eu quero!

- Eu sei, eu sei. Venha.

George assumiu o posto de cavalheiro e a pegou pelos braços para carregá-la de volta ao aposento dela. A sentou com delicadeza no colchão. Hestia tremia muito e continuava aos prantos quando o elfo-doméstico apareceu com o chá.

- Tome tudo, irmã. Fará bem.

Apenas por insistência que tomou. Aos pouquinhos o choro foi diminuindo e foi contaminada pelo sono.

- Ficarei de olho nela a noite inteira para caso ela acorde e tenha outra crise. – Garantiu o ruivo

- Não se preocupe. Este chá é sonífero. Permanecerá adormecida a noite inteira. Venha tomar algo. Está precisando.

Os dois desceram para a cozinha e se sentaram na mesa. O elfo-doméstico os serviu com chá normal. Weasley não abriu a boca. Ainda estava refletindo sobre o ocorrido e pensando qual seria a melhor maneira de proceder.

- Você já sabe tudo? – Flora quis saber

- Não sei o final. Ela não conseguiu me dizer. O bebê morreu?

- Não. Ao menos eu tento acreditar nisso.

- Como assim?

- O bebê nasceu com a mais perfeita saúde. Eu mesma a peguei nos braços. Fui convidada para a ser madrinha. – Deu um sorriso triste – Acontece que... Hestia entrou em parto justamente quando os crápulas dos nossos pais estavam em casa. Uma menina solteira, que nem tinha terminado os estudos ainda, tendo um filho é um escândalo bárbaro, George. Poderia destruir a reputação da nossa família definitivamente. Então, eles... Se livraram do bebê.