𔓘ֹ⠀Em andamento.
- taennie, livro um.
꒰ long fic ꒱
Jennie está de luto e tem vivido como uma sombra desde o acidente que levou os seus pais.
Taehyung é o melhor amigo do seu irmão mais velho, e, quando ele concorda em levá-la para sua casa durante...
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DEPOIS DAQUELA NOITE NA PRAIA, JENNIE VOLTOU A SE FECHAR EM SI MESMA. NÃO quis me dizer por que; não insisti muito e a deixei tranquila por alguns dias. De manhã, antes do colégio, ela continuou surfando comigo. E à tarde, quando eu terminava de trabalhar e ela de estudar, passávamos um tempo juntos na varanda lendo, ouvindo música ou apenas compartilhando o silêncio.
Apesar de não termos nos evitado, mal conversávamos.
Jennie começou a pintar na sexta-feira à noite. Eu estava tomando o último gole de chá com um livro na mão quando a vi se levantar devagar e se aproximar da tela em branco. Eu a observei de rabo de olho, deitado na rede, a alguns metros de distância.
Pegou um pincel, abriu a tinta preta e respirou fundo antes de permitir que o que estava em sua cabeça começasse a sair. Eu a observei maravilhado, atento aos movimentos suaves de seus braços, à força com que seus dedos agarravam o pincel, aos ombros tensos e à testa franzida, à energia que parecia levá-la a desenhar um traço e depois outro e outro mais. Quando vi que ela estava misturando tintas e criando diferentes tons de cinza, controlei a vontade de me levantar para ver o que estava fazendo.
Eu também já tinha me sentido assim antes, mas fazia tanto tempo que não me lembrava mais da sensação exata. Foi no estúdio de Douglas, algumas tardes que passei com ele ali, sentindo... sentindo tudo, talvez porque naquela época eu não pensava muito e também não me importava com o resultado final, com fazer certo ou errado. Para mim, era suficiente estar com ele tomando uma cerveja e deixando as coisas fluírem.
Quando Jennie terminou, eu me levantei.
— Posso ver? — perguntei.
— Está horrível — me advertiu.
— Tudo bem, acho que consigo suportar.
Um sorriso escapou do canto de sua boca quando me aproximei e observei o quadro. Tinha um ponto no centro, redondo e sozinho, estático no meio de um redemoinho de tinta girando ao seu redor, a bolha e o resto do mundo seguindo seu curso. Pela primeira vez, não prestei atenção só no conteúdo, mas também na técnica, em como ela tinha capturado o movimento circular; tão real, tão ela.
Uma vez Douglas me disse que o complicado da criatividade não é ter uma ideia ou ver uma imagem em sua cabeça que você queira desenhar, o foda é juntar tudo, fazer tudo isso existir, conseguir encontrar o fio condutor entre o imaginário e o real para conseguir expressar esse pensamento, as sensações, as emoções...
— Gostei. Vou ficar com ele.
— Não! Este não.
— Por quê? — Cruzei os braços.
— Porque para você... eu vou fazer outro. Um dia. Não sei quando.
— Beleza, acredito na sua palavra. — Me espreguicei.