Tudo por você

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Fomos para a praça. Não falamos nada no caminho. Andamos de mãos dadas.

Nós nos sentamos em um banco de pedra. Percebi, vários minutos depois, que ali era o ponto exato onde Amity havia se sentado quando a foto que aquele stalker postou no Tumblr foi tirada, meses antes.

Quando estou de mau humor, odeio que as pessoas sintam pena ou sejam muito boazinhas comigo. Eu sabia que, no caso de Amity, não se tratava apenas de “mau humor”, mas decidi fazer uma abordagem diferente.

— Então você está se sentindo meio mal, né? — perguntei, sem soltar sua mão.

Amity estreitou um pouco os olhos, esboçando um sorriso. Ela assentiu, mas não disse nada.

— O que tem feito você se sentir assim? Se for alguém em especial, garanto que posso acabar com a raça dessa pessoa.

Ela sorriu de novo.

— Você não seria capaz de agredir nem uma mosca — respondeu.

O som da voz dela no ar, no mundo real, quase me fez começar a chorar de novo.

Pensei no que ela disse.

— Você deve ter razão. Elas são rápidas demais. Sou bem lenta, em geral.

Ela riu. Foi mágico.

— Então, o que está acontecendo? — perguntei, com uma voz que eu imaginei que seria parecida com a de um médico.

Amity deu um tapinha na minha mão com os dedos.

— Está acontecendo... tudo.

Esperei.

— Odeio a faculdade — disse ela.

— É mesmo?

— É. — Os olhos dela ficaram marejados de novo. — Odeio. Odeio tudo em relação a ela. Estou surtando. — Uma lágrima caiu e eu apertei a mão dela.

— Por que não larga? — sussurrei.

— Não posso ir para casa. Também detesto a minha casa. Então... não tenho para onde ir — disse ela com a voz rouca. — Nenhum lugar para ir. Ninguém para me ajudar.

— Estou aqui — falei. — Eu posso te ajudar.

Ela riu de novo, mas a risada desapareceu quase instantaneamente.

— Por que parou de falar comigo? — perguntei, porque eu não conseguia entender ainda. — E com o Hunter?

— Eu... — Ela hesitou. — Estava com medo.

— Medo do quê?

— Eu... simplesmente fugi de todas as coisas difíceis da minha vida — disse ela, e então riu meio descontrolada. — Se alguma coisa é difícil, se eu tenho que conversar com alguém sobre algo difícil, eu simplesmente evito e ignoro essa coisa, como se assim, ela pudesse desaparecer.

— O que... em relação a nós... você...

— Eu não suportava pensar em vocês dois... não sei... pensei que me rejeitariam para sempre. Pensei que seria melhor se eu ignorasse vocês.

— Mas... por que faríamos isso?

Ela secou os olhos com a mão livre.

— Bom... tá, então, eu e o Hunter... a gente discutia por causa de algumas coisas. Principalmente porque ele não acredita quando digo que gosto de estar com ele. Tipo, ele acha que eu estou mentindo ou algo ridículo, ele acha que estou só fingindo ser amiga dele porque sinto pena dele e porque nós conhecemos há muito tempo e permanecer com isso era mais fácil. — Ela olhou para mim e viu minha expressão. — Ah, você não acha a mesma coisa, né?

Em busca de Hecate Onde histórias criam vida. Descubra agora