Cartas

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Quando nos demos conta, muito mais rápido do que eu esperava, chegamos à cidade universitária de Amity.

Em muitos aspectos, era extremamente parecida com a nossa cidade. Prédios e ruas de paralelepípedo, uma pequena praça com uma série de lojas, um rio passando por tudo aquilo. Já passava das 21h — havia movimento e alunos por todos os lados, caminhando pela cidade.

Demoramos uns bons vinte minutos dirigindo para encontrar a universidade. Willow estacionou na frente. Parecia apertado, só uma casa com varanda, e eu não entendia como um prédio tão pequeno podia ser uma faculdade inteira. Lá dentro, descobrimos que a faculdade se estendia a muitos dos prédios ao redor.

Permanecemos meio sem jeito na sala de recepção. Havia uma escada grande à nossa direita e dois corredores à frente.

— E agora? — perguntei.

— Amity sabe que estamos chegando? — perguntou Hunter.

— Sabe, mandei mensagem para ela.

— Ela respondeu?

— Não.

Hunter se virou para mim.

— Então... estamos aparecendo sem termos sido convidados.

Todo mundo se calou.

— Na verdade, amigo, estávamos meio em pânico — disse Willow. — Parecia que Amity estava prestes a se matar ou sei lá o quê.

Ela havia dito as palavras que ninguém tinha ousado dizer ainda. Fizemos silêncio de novo.

— Alguém sabe pelo menos onde fica o quarto dela? — perguntou Edric.

— Talvez devêssemos perguntar na recepção — falei.

— Vou perguntar — disse Emira sem qualquer hesitação, e caminhou em direção à recepção, onde havia um senhor sentado. Ela conversou com ele por um momento e voltou.

— Parece que ele não pode nos contar.

Hunter resmungou.

— Poderíamos perguntar a alguns alunos — sugeriu Willow. — Ver se eles a conhecem.

Todos concordaram.

— E se ninguém conhecer a Amity? — perguntei.

Willow estava prestes a dizer algo quando ouvimos uma voz totalmente diferente vinda da escada.

— Com licença, vocês disseram “Amity”?

Todos nós nos viramos juntos e vimos uma garota usando uma camisa polo da equipe de remo da universidade.

— Dissemos — respondi.

— Vocês são amigos da cidade dela?

— Somos, somos irmãos dela— disse Emira apontando para Edric, parecendo dez anos mais velha do que era.

— Ah, graças a Deus — disse a moça.

— Por que graças a Deus? — perguntou Hunter.

— Hum... bom, ela tem agido de um jeito meio esquisito. Moro no quarto da frente e... Bom, ela não sai do quarto quase nunca, pra começo de conversa. Não faz mais as refeições no refeitório. Coisas assim.

— Onde fica o quarto dela? — perguntou Edric.

A aluna nos deu as orientações.

— Que bom que os amigos dela estão aqui — disse a garota, antes de sair. — Sei lá, ela anda muito isolada.

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Ficou decidido que eu iria sozinha ao quarto de Amity. Seria estranho todos aparecermos ao mesmo tempo sem ter a certeza de que ela sabe que estamos aqui.

Em busca de Hecate Onde histórias criam vida. Descubra agora