Quinta-feira, 15 de agosto, era o dia dos resultados. Também era o aniversário de dezoito anos da Amity.
Nossa amizade tinha se tornado isto:
(00:00) Luz Noceda
FELIZ ANIVERSÁRIO ESPERO QUE VOCÊ ESTEJA EM CLIMA DE FESTA
NÃO ACREDITO QUE MINHA AMIGA É UMA MULHER AGORA
ESTOU CHORANDO(00:02) Amity Blight
por que está me atormentando com mensagens vergonhosas dessas(00:03) Luz Noceda
🤷♀️(00:03) Amity Blight
nossa mas obg 🫶🫶(00:04) Luz Noceda
ISSO que mata de vergonha(00:04) Amity Blight
foi minha vingançaEu estava muito estressada com o dia dos resultados, porque é o que sempre faço. Também estava estressada porque não tinha visto nem falado com meus amigos de escola em quase três semanas. Se tivesse sorte, poderia entrar, pegar meus resultados e partir antes que alguém pudesse fazer a temida pergunta: “Como foram os resultados?”
— Tenho certeza de que você se saiu bem, mija — disse minha mãe, fechando a porta do carro. Tínhamos acabado de chegar à escola e eu estava morrendo de calor com o uniforme da escola. — Ai, meu Deus, desculpa, essa é literalmente a coisa menos útil que eu poderia dizer.
— Está tudo bem, mãe.— falei.
Atravessamos o estacionamento até o prédio do ensino médio e subimos a escada. Minha mãe não parava de olhar para mim. Acho que ela queria dizer alguma coisa, mas, sinceramente, não há nada a dizer quando estamos prestes a ler quatro letras que moldam o resto de nossa vida.
A sala estava cheia porque minha mãe e eu estávamos um pouco atrasadas.
Professores em mesas entregavam envelopes de papel pardo. Taças de vinho eram oferecidas na mesa dos fundos para os pais. Uma menina da minha sala de história estava chorando a apenas cinco metros de distância, e eu tentei não olhar para ela.
— Vou pegar um pouco de vinho — disse minha mãe. Eu me virei para ela, que olhou para mim e falou:
— É só a escola, não é?
— É só a escola — repeti, balançando a cabeça. — Nunca é só a escola.
Minha mãe suspirou.
— Mas não importa. No Grande Esquema das Coisas.
— Se você está dizendo — falei, revirando os olhos.
Tirei quatro notas A. É a nota mais alta do meu nível.
Eu esperava estar feliz com isso. Esperava pular de alegria e chorar de felicidade.
Não senti nada disso. Só não era uma decepção.
Pensando agora, isso pareceu muito triste.
.
.
.***
O dia de meus resultados do primeiro ano foi um dia antes de Edric e Emira fugirem. Era um dia de resultados obviamente importantes para eles, porque é quando os alunos do ano em que eles estavam pegam a maioria dos resultados das provas para se candidatarem à faculdade. Eu sabia que eles nunca tiravam notas muito boas, mas aquele foi o único dia em que os vi ficarem tristes por isso.
Eu havia acabado de receber a nota da prova de ciências que tinha feito, pela qual recebi um A*, e estava saindo daquela mesma sala, com minha mãe, olhando para o pequeno “a*” em letras minúsculas, ela estava feliz. Descemos a escada e estávamos prestes a sair do prédio quando Edric, Emira e Odália passaram pela porta aberta, seguindo em direção ao estacionamento.
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Em busca de Hecate
Fanfiction"Olá. Espero que alguém esteja ouvindo. Estou enviando esse sinal via rádio - muito antiquado, eu sei, mas talvez um dos poucos métodos de comunicação que a Ilha se esqueceu de monitorar -, num pedido sombrio e desesperado de socorro. As coisas nas...