Você acredita em mim?

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— Luz, Luz, Luz, Luz, Luz... — Willow correu até mim no meio do terceiro andar, onde tocava música muito alta.

Eu estava bêbada e não fazia ideia do que estava fazendo nem do porquê. Só estava.

Willow segurava um copo de plástico com líquido transparente e, por um segundo, acreditei mesmo que fosse um copo todo de vodca.

Ela me viu olhando.

— Luz, é água! — Ela riu. — Estou dirigindo!

Willow levantou uma das mãos e apontou o teto.

— Luz, temos que dançar essa.

Eu ri. Fiquei rindo, sempre ria muito quando estava bêbada. Eu a segui até onde as pessoas estavam dançando. Estava abafado e quatro caras tentaram me encoxar. Um cara apertou minha bunda e eu fui contida demais para reagir, então Willow jogou água nele e ele gritou. Eu ri. Willow riu. De qualquer modo, danço muito mal. Willow dançava bem. Também era linda. Eu estava bêbada e fiquei me perguntando se estava apaixonada por ela, o que me fez rir muito. Não, não estou apaixonada pela Willow.

Amity aparecia e sumia da minha frente, como se estivesse se teletransportando. Ela era mágica de muitas maneiras, mas eu não estava apaixonada por ela, apesar de ela estar sempre linda de camisa e com os cabelos despenteados porque estávamos todos suados.

— Luz, você está outra pessoa, totalmente diferente! — disse Gus.

Vi Amity no canto, conversando com alguém — ah, sim, claro que era Hunter. Eu precisava falar com Amity de novo, mas não queria que ela me odiasse. Queria desesperadamente que tudo ficasse bem, mas não sabia como fazer isso.

Eu ainda estava pensando no que aquela garota de cabelos roxos tinha dito a respeito de querer sair da faculdade. Estava pensando naquilo porque não entendi nada, nunca tinha ouvido alguém sugerir algo daquele tipo, mas aí... obviamente nem todo mundo gostava da faculdade. Mas eu sabia que gostaria. O que ela tinha dito não importava. Eu tinha me ajeitado. Eu entraria na Universidade de Connecticut, conseguiria um bom emprego, ganharia muito dinheiro e deixaria minha mãe orgulhosa.

Não é? É, sim. Faculdade, emprego, dinheiro, orgulho, felicidade. É assim que se faz. É a fórmula. Todo mundo sabe disso. Eu sabia disso.

Pensar nisso estava me dando dor de cabeça. Ou talvez a música estivesse alta demais.

Observei Amity e Hunter caminharem em direção à escada. Claro que eu acompanhei, sem nem me dar ao trabalho de contar para a Willow aonde eu estava indo; ela ficaria bem, ela conversa com todo mundo. Eu não sabia o que ia dizer, mas sabia que tinha que dizer alguma coisa. Não podia simplesmente deixar as coisas daquele jeito, não queria ficar sozinha assim. Hunter sempre estivera ali antes de mim, eu tinha sido uma idiota por pensar que Amity poderia sequer me considerar sua melhor amiga sendo que ela já tinha um há muito tempo, apesar de ela ter sinceramente sido a melhor amiga que eu tive na vida toda. Talvez eu passasse a vida toda sem conhecer outra pessoa tão brilhante quanto ela.

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Quase os perdi na multidão porque todo mundo estava começando a ficar igual a todo mundo, muitos jeans justos, vestidinhos, cabelos curtos e sapatos plataforma, elásticos de cabelo de veludo e jaquetas jeans. Saí, fui até a área de fumantes e fiquei surpresa com o frio que fazia — não estávamos no verão?

Espera... não, é quase outubro. Como passou tão depressa? Estava tão silencioso do lado de fora, tão frio, calmo e escuro...

— Ah — disse Amity quando eu praticamente trombei com ela. Nenhum de nós estava fumando, claro, mas estava tão quente lá dentro que pensei que acabaria derretendo. Não que eu teria reclamado se tivesse derretido. Teria resolvido muitos de meus problemas.

Em busca de Hecate Onde histórias criam vida. Descubra agora