Ataque dos arquivistas

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Na noite de quinta-feira, eu estava na casa de Amity até mais tarde do que o normal porque a mãe dela tinha viajado por alguns dias para visitar outros parentes. Eram só 21:30 e eu sei que Amity tinha dezoito anos, mas nós duas ainda nos sentíamos meio bebezinhas, para falar a verdade. Nenhuma de nós sabia usar a máquina de lavar.

Estávamos sentadas à mesa da cozinha da casa dela, esperando nossas pizzas congeladas ficarem prontas. Eu, obviamente, falava sobre algo totalmente ridículo, e Amity só escutava, calada, e contribuía com um comentário de vez em quando. Tudo estava normal.

Bom, não estava.

— Está tudo bem? — perguntou Amity, quando fizemos uma pausa natural na conversa. — Na escola, coisa e tal?

Isso me surpreendeu porque Amity raramente fazia perguntas genéricas como aquela.

— Sim, sim — respondi rindo. — Mas estou muito cansada. Juro que quase não durmo mais.

O timer do forno apitou e Amity bateu as mãos e foi pegar as pizzas do forno.

Ela partiria para a universidade em dois dias.

Quando estávamos comendo, eu disse:

— Preciso te contar uma coisa meio importante.

Por um segundo, Amity parou de mastigar.

— O que é?

— Você conhece Willow Parker?

— De vista.

— Ontem, ela me disse que sabe sobre Boiling Isles. Sabe que você é a Criadora.

Amity parou de comer totalmente e olhou em meus olhos. Ai. Eu provavelmente tinha dito algo que não deveria ter dito. De novo. Por que isso sempre acontecia?

Por que eu sempre acabava descobrindo aquelas coisas?

— Nossa. — Amity passou uma das mãos pelos cabelos. — Jesus...

— Ela disse que não contaria para ninguém.

— É, ela disse.

— E também disse...

Amity estava olhando fixamente para mim e até parecia meio assustada.

— Ai, meu Deus, o que foi?

— Bom, ela me explicou sobre... você e o Hunter.

Amity ficou parada, em um silêncio aterrorizante.

— O que tem nós dois? — perguntou ela, estava confusa.

— Bem. No dia do seu aniversário, pensei ter visto vocês dois se beijando.

— Ah — disse Amity se ajeitando na cadeira. — Isso não aconteceu.

— Sim, eu sei. Agora eu sei. Mas eu não pude deixar de achar que vocês tinham algo.

Amity soltou um suspiro e olhou para baixo, para seu prato.

— Você achou que não dois namorávamos?

— Achei. Desculpa. Não deveria tirar conclusões sobre você.

Eu não fazia ideia de por que ainda não tinha perguntado a ela. Acho que simplesmente detesto falar de coisas que deixam as pessoas envergonhadas.

— Você ouviu alguma coisa que a gente conversou?

— Nada demais! Te juro. Era só isso. E então, um pouco mais tarde eu acordei e você estava... tipo... soluçando.

Amity correu uma das mãos pelos cabelos.

Em busca de Hecate Onde histórias criam vida. Descubra agora