CAPÍTULO 5 - VELÓRIO

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LEONARDO

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LEONARDO

SEGREDOS...

Já passava das duas da manhã quando cheguei ao cemitério “Jardim dos Eternos”. Que nome estúpido, meu Deus! O lugar parecia o conjunto perfeito de um cenário de um filme de assombração. Aqueles anjos imponentes na escuridão, guardando túmulos com suas asas abertas parecendo querer voar sobre mim, cruzes entalhadas como lanças apontando para o céu, o cheiro embriagante de flores, o silêncio mórbido…

Ok, o efeito da bebida faz as sombras assustadoras se projetarem diante de mim sob a luz do luar. Não resisti em tomar umas doses de coragem pelo caminho e o efeito não se mostrou agradável em meu corpo. Não é a minha vontade estar ali, mas a etiqueta prega que devemos acompanhar todos os passos do funeral de um familiar. E o passo aqui, é velar o corpo, arrepender–se sobre ele das asneiras e maldições que disse pelas suas costas, pedir, na verdade, implorar perdão por nunca dizer um “obrigado” sincero por tudo que fez por você, dizer adeus…

Me arrependo de ter estacionado o carro tão longe da entrada principal, mas, na verdade, nem senso de localização tenho mais. Pego o celular para verificar se realmente estou no lugar certo e se existem chamadas perdidas, só da Ana. Não retorno, já sei o que ela quer me falar.

“Cara, sério, preciso de você. Preciso que me diga pessoalmente que não tem culpa no que aconteceu… E mesmo que tenha, preciso que se entregue, entendo sua raiva, mas vou te defender, eu juro! Pra mim, você é mais que um simples amigo, é um irmão! Não me abandona nessa hora, porra!”

O áudio que mandei numa última tentativa de contato pode ser prejudicial a nós dois, mas a mente não raciocina mais direito. Enxugo as lágrimas com o dorso da mão, guardo o celular no console e desço do carro cambaleante. Um morcego me presenteia com um rasante sobre a minha cabeça. Na tentativa de expulsá-lo, perco o equilíbrio e caio com as mãos no chão. 

— Morcego idiota! — tento levantar, mas o mundo a minha volta gira rápido demais. — Que merda! 

 Me viro e chuto a porta do carro para que ela feche, abraço minhas pernas escondendo meu rosto nelas por alguns instantes, tentando trazer lucidez ao momento. Beber, não foi uma boa ideia. Aliás, nunca é, eu seria a vergonha da família mais uma vez e num momento tão lúdico como é o velório do meu irmão. Respirei fundo, levantei a cabeça com os olhos fechados e os abri devagar para acostumá-los com a penumbra, levantei e comecei a caminhar a passos vacilantes em direção ao velório, tentando esconder a embriaguez e falta de equilíbrio. Poucos passos e pude ver a agitação do evento se apresentar na frente da capela mortuária. Ana contratou seguranças, provavelmente Anny quer uma cerimônia privada, e eles barram as pessoas, revistam e entrevistam todos que se aproximam. Cheguei a tempo de ver um repórter ser atirado na calçada por ser descoberto como um penetra. 

— E você, quem é? — o troglodita de voz rouca como um trovão me barra com a mão em meu peito quando tento entrar.

— Irmão do morto… — resmungo já procurando a carteira para confirmar minha identidade. — Isso é ridículo!

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