Após a morte brutal do marido em um assalto, Anny se recusa a aceitar as respostas vazias da polícia e resolve investigar por conta própria. Ela logo descobre uma perigosa rede de tráfico humano, que a faz questionar tudo o que sabia sobre seu compa...
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Família…
Anny
A casa de Noah era do tamanho do quiosque do meu jardim, onde fazíamos churrascos aos domingos. A famosa cerquinha branca e o gramado bem aparado lembravam as casas londrinas do interior. Por um momento, senti falta daquele meu país tão longínquo. O ar frio das montanhas, a quantidade absurda de roupas que tínhamos que usar para nos proteger, a neve no inverno. Que saudade tinha do clima gelado da minha pátria! Adorava o inverno, mesmo sabendo que era sinônimo de prejuízo às plantações do meu pai…
Ele encostou o carro em frente à garagem, pequena de uma vaga só. Onde colocaria minha Porsche se juntássemos as escovas de dentes? Esse pensamento provocou uma risada involuntária. O carro dele provavelmente estava na construção e o da locadora dormiria ao relento.
--- Algum problema, Anny?
--- Não… Só umas lembranças bobas…
--- Seu castelo é maior?---Noah sorriu aquele sorriso fácil e largo que contagia todo mundo. Sim. Meu castelo era enorme! Porém, o deixei em suspense.
---Talvez…
---Quer conhecer o meu?
---Tenho outra saída?---Já fui descendo arrumando a alça da bolsa em meu ombro.
A casa é jeitosa, de madeira e tem uma pequena varanda na frente. Um jardim bem cuidado e janelinhas de abrir para fora com floreiras. Onze horas pendem delas. Caminho pelo ladrilho escutando o barulho que faz em meus saltos e logo vejo a porta da frente se abrir. A sogra de Noah aparece com ar preocupado.
--- No quarto da Anny, explodiu o banheiro!--- Noah fala com um sorriso divertido para acalmá-la.
---Como assim? Explodiu o banheiro?---A bondosa senhora franziu o cenho. --- Você está bem, querida?--- Recebeu-me com um beijo no rosto e um abraço caloroso, com aquele jeitão de vó de interior.
---Foi só o encanamento da pia do banheiro que parece ter rompido. --- Retribui o beijo e aceitei o convite para entrar. Repreendi Noah com o olhar pela brincadeira que fez com a bondosa senhora.
--- Que susto que você me deu!--- Deu um tapinha nos ombros de Noah. O pegando pelo braço e o conduzindo para dentro.
O interior não era diferente do lado de fora, porém com a divisão dos cômodos a casa parecia bem menor. Limpa, cheirando a pipoca e com móveis bem antigos. Cheia de bibelôs sobre eles. Quadros na parede e porta-retratos em todos os cantos.
--- Anny! --- Marcos foi o primeiro a me ver e veio correndo em minha direção.--- O que você está fazendo aqui?
--- Meu banheiro explodiu!---O peguei no colo num abraço apertado. Usei a mesma desculpa de Noah com sua sogra.
--- Eca! Que nojo! E saiu m...
--- Marcos!---Noah o repreendeu antes que terminasse a frase.
--- Não saiu caca nenhuma! Foi a torneira da pia!--- Voltei a atenção agora para Laura que impaciente esperava sua vez de me abraçar.
