CAPÍTULO 17- CONHECENDO AS REDONDEZAS

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Anny

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Anny...

A cada degrau da escada, meu estômago se apertava mais em sinal de fome. É angustiante a sensação de vazio, mas não quero pedir ao gerente que prepare algo só para mim. Inconformado, esse órgão, sem vergonha e rebelde, não se contém e anuncia a fome que sinto diante da porta do quarto. 

Um ronco sonoro e sombrio chama a atenção de Guido que me acompanha. Devo ter ficado vermelha de vergonha, mas gentil, o senhor ao meu lado disfarçou bem a sua vontade de gargalhar sendo prestativo.

--- Daqui à meia hora já começaremos a servir o Buffet do café da tarde. --- abriu a porta do quarto sem delongas, entrou e colocou as malas ao pé da cama, depois ficou de frente para mim, provavelmente esperando uma gorjeta.

--Ok, obrigada…--- Entreguei uns trocados que tinha no bolso e ele saiu de imediato. Imagino que quando estiver fora do meu alcance de visão rirá do constrangimento que minha barriga proporcionou. 

Coloquei as mãos nos quadris e respirei profundamente avaliando o ambiente em questão. O quarto é aconchegante, tem uma cor bege clara nas paredes que traz paz, cama de casal, roupeiro ano mil novecentos e antigamente, daqueles que devem ter vindo no navio com os fundadores da cidade, uma simpática mesa de café da manhã próxima à janela com um singelo vaso de margaridas e até uma escrivaninha.

Fui até a janela, afastei a cortina e espiei uma vista bonita da praça lá embaixo. Nesse horário o quarto é bem silencioso. O novo ronco vindo das profundezas da minha barriga comprova. Enumerei os próximos passos na minha mente e decidi começar por um banho. Água gelada deve tirar aquele calor exagerado que sinto toda vez que revejo Noah em meus pensamentos.  Aliás, nem sei por que meu cérebro traz à tona essas imagens, tenho que urgentemente ocupá-lo com os verdadeiros motivos que me trouxeram aqui e evitar, que esse carinha que caiu de paraquedas na minha vida, desvie toda a atenção que preciso ter sobre o assunto.

Fui até a mala, separei uma muda de roupa que deposito em cima da cama, logo guardo as outras peças no roupeiro. Coloco meu notebook sobre a mesa da escrivaninha e sem perder tempo pego o telefone teclando os números do meu contato. Volto à janela, observando o movimento das pessoas na rua, esperando ansiosa a ligação completar. Os toques seguintes são insistentes e parecem estar sendo ignorados. Mas, quando penso em desligar…

--- Acabei de chegar…---Falo de imediato ignorando qualquer forma de cumprimento.

--- Ok. Está no hotel que recomendei?---A voz é calma. Firme e um tanto assustadora. 

--- Sim. ---Confirmo com a mesma frieza.

--- Trouxe o dinheiro?--- Repito o monossílabo.---Te encontro no café ao lado do hotel daqui a uma hora.

Sem esperar uma concordância ou qualquer outra informação, a voz misteriosa desliga. O silêncio que se formou do outro lado da linha provoca calafrios e aquela sensação de estar em perigo volta a assombrar. Desistir agora é tolice. Já estou muito envolvida. Deixo o celular sobre a mesa junto ao computador e me dou um abraço apertado tentando apaziguar o medo me invadindo.

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