Reencontro…Anny
O cheiro apetitoso de comida que vem do buffet me recebe na entrada do restaurante provocando o paladar. Concordo com a fome que sinto, que ali seja o lugar mais feliz da cidade nesse instante. Vejo as pessoas circulando pelo salão enorme rodeado de mesas ricamente decoradas com toalhas de renda, louças finas e singelos arranjos de flores e sinto um frio na barriga, penso em fugir para o meu quarto e pedir meu jantar por lá. Não me sinto preparada para encarar um ambiente que exala romantismo. Mas, já é tarde...
--- Boa noite dona Anny. Resolveu aceitar o convite do senhor Noah?--- Guido, simpático, se aproxima com um sorriso nos lábios.
--- O quê? Não, não…---Tentei justificar a coincidência.--- É que o cheirinho da comida está maravilhoso e não resisti experimentar.--- Que estômago safado! Ele sentiu a presença do bonitão.
--- Sabe dona Anny, a dor do luto é algo sufocante, e se você se entregar a ela, vai se transformar num Noah da vida....--- Guido apontou a mesa onde estava. Mesmo quase escondida, dava pra ver ele, tentando afogar sua saudade em um bom vinho.
--- Espera, como sabe que....---Não lhe contei sobre minha viuvez.
--- Dona Anny.... --- Ele tira um cartão do bolso e me entrega.--- Podemos morar onde o judas perdeu as botas, porém, temos Internet, via satélite!--- Abriu um largo sorriso.--- Depois, a senhora tem uma marca na sua mão esquerda, delatando a aliança recém tirada. Então, ou é viúva, ou separou-se a pouco tempo. Resolvi pesquisar qual das duas opções era.
--- "LA FONTANA 123"? Por favor, não comente nada sobre...
Ele sorriu concordando e estendeu sua mão que aceitei acanhada e o acompanho pelo saguão. Paramos diante da mesa de Noah e com uma tossida dissimulada Guido chamou sua atenção.
--- Achei essa ovelhinha desgarrada no meu estabelecimento....--- Piscou pra mim gentilmente.--- Ela parece estar desconfortável em jantar sozinha, posso pedir que lhe acompanhe?
Noah enxugou uma lágrima que aproveitou sua distração comigo para rolar sobre sua face. Levanta rápido e muda rapidamente seu semblante de triste para alegre e acolhedor, mostrando a cadeira vazia para que me acomode.
---Claro! Será uma honra ter a sua companhia!--- É o sorriso mais lindo e verdadeiro que já vi. Contagia quem está à sua volta e apazigua qualquer sofrimento.
--- Não quero incomodar…--- como um cavalheiro, puxa a cadeira e espere que me acomode.
Sento com um falso sorriso no rosto, quanto mais rápido jantar, mais rápido saio dessa armadilha.
--- Você não incomoda, Anny! Como tão formosa flor poderia incomodar?
--- Por favor, Noah… — devo ter corado. Faz tempo que não sou galanteada por um desconhecido.
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Jogo De Poder
AksiApós a morte brutal do marido em um assalto, Anny se recusa a aceitar as respostas vazias da polícia e resolve investigar por conta própria. Ela logo descobre uma perigosa rede de tráfico humano, que a faz questionar tudo o que sabia sobre seu compa...