Capítulo 19 - REENCONTRO

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Reencontro…

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Reencontro…

Anny

O cheiro apetitoso de comida que vem do buffet me recebe na entrada do restaurante  provocando o paladar. Concordo com a fome que sinto, que ali seja o lugar mais feliz da cidade nesse instante. Vejo  as pessoas circulando pelo salão enorme rodeado de mesas ricamente decoradas com toalhas de renda, louças finas e singelos arranjos de flores e sinto um frio na barriga, penso em fugir para o meu quarto e pedir meu jantar por lá.  Não me sinto preparada para encarar um ambiente que exala romantismo. Mas, já é tarde...

--- Boa noite dona Anny. Resolveu aceitar o convite do senhor Noah?--- Guido, simpático, se aproxima com um sorriso nos lábios.

--- O quê? Não, não…---Tentei justificar a coincidência.--- É que o cheirinho da comida está maravilhoso e não resisti experimentar.--- Que estômago safado! Ele sentiu a presença do bonitão.

---  Sabe dona Anny, a dor do luto é algo sufocante, e se você se entregar a ela, vai se transformar num Noah da vida....--- Guido apontou a mesa onde estava. Mesmo quase escondida, dava pra ver ele, tentando afogar sua saudade em um bom vinho.

--- Espera, como sabe que....---Não lhe contei sobre minha viuvez.

--- Dona Anny.... --- Ele tira um cartão do bolso e me entrega.--- Podemos morar onde o judas perdeu as botas, porém, temos Internet, via satélite!--- Abriu um largo sorriso.--- Depois, a senhora tem uma marca na sua mão esquerda,  delatando a aliança recém tirada. Então, ou é viúva, ou separou-se a pouco tempo. Resolvi pesquisar qual das duas opções era.

--- "LA FONTANA 123"? Por favor, não comente nada sobre...

Ele sorriu concordando e estendeu sua mão que aceitei acanhada e o acompanho pelo saguão. Paramos diante da mesa de Noah e com uma tossida dissimulada Guido chamou sua atenção.

--- Achei essa ovelhinha desgarrada no meu estabelecimento....--- Piscou pra mim gentilmente.--- Ela parece estar desconfortável em jantar sozinha, posso pedir que lhe acompanhe?

Noah enxugou uma lágrima que aproveitou sua distração comigo para rolar sobre sua face. Levanta rápido e muda rapidamente seu semblante de triste para alegre e acolhedor,  mostrando a cadeira vazia para que me acomode.

---Claro! Será uma honra ter a sua companhia!--- É o sorriso mais lindo e verdadeiro que já vi. Contagia quem está à sua volta e apazigua qualquer sofrimento.

--- Não quero incomodar…---  como um cavalheiro, puxa a cadeira e espere que me acomode.

Sento com um falso sorriso no rosto, quanto mais rápido jantar, mais rápido saio dessa armadilha.

--- Você não incomoda, Anny! Como tão formosa flor poderia incomodar?

--- Por favor, Noah… — devo ter corado. Faz tempo que não sou galanteada por um desconhecido.  

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