CAPÍTULO 33 - O Jantar

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Anny

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Anny

Fechei a porta assim que Leonardo saiu, finalizei meu banho e rapidamente me enrolei na toalha. Corri para trancá-la, assim como a janela. Fiz uma última inspeção no quarto. O que faltava mesmo era o cartão de memória, e era quase impossível que alguém soubesse onde estava — exceto se esconder coisas ali fosse um hábito.

Com alguma dificuldade, removi a santa do lugar e examinei cada parte dela. Tudo parecia certo, nada anormal. Mas quando olhei ao redor…

No vaso com flores-do-campo — sempre tão vibrantes — notei algo estranho: uma das flores, apesar de parecer natural, era artificial. Quando a puxei, encontrei uma pequena “carochinha” presa a uma pétala.

— Filha da puta! — gritei, jogando-a no chão e esmagando-a.

Em vez de restos de um inseto, vi pedaços de tecnologia. Então foi assim que descobriram onde estava o cartão. Uma câmera havia delatado tudo o que acontecia no meu quarto. Léo estava certo. Eu não podia ficar aqui. Mesmo relutando em voltar com ele, precisava de uma desculpa convincente para trocar de quarto.

Andei de um lado para o outro, pensando em uma solução, até que me ocorreu uma ideia absurda. Fui ao banheiro, desenrosquei a torneira até quase o limite, permitindo que a água começasse a escorrer, e voltei para o quarto, terminando de me arrumar. Antes de sair, ouvi o estampido da torneira se rompendo. A pia tampada começaria a transbordar lentamente.

A água demoraria um bom tempo para inundar o quarto, mas quando o fizesse, eu teria minha desculpa. Tranquei a porta, coloquei a chave na bolsa e desci as escadas, calculando o tempo que levariam para me anunciar a “tragédia”.

— Você vai precisar de muita terapia, Anny… — murmurei para mim mesma.

A cada passo em direção ao restaurante, a memória do que aconteceu à tarde me assombrava. Um frio na barriga denunciava que algo estava errado. Noah me deu um beijo de despedida, mas havia algo de estranho naquele gesto. Ele pode ter fingido aceitar as revelações, mas e se surtou ao chegar em casa? A qualquer momento, ele poderia me entregar às autoridades como a principal suspeita do sequestro de seu filho.

Avancei nesse jogo sem pensar nas consequências. Noah pode estar me ajudando, mas isso não significa que me perdoou. Ainda há Marcos, uma criança que estamos tratando como um objeto de disputa. Sinto-me um monstro só de pensar nisso. O sorriso das crianças do colégio me volta à mente, e percebo quão hipócrita sou por achar que posso tirá-las de um lar perfeito e forçá-las a aceitar uma mãe ausente, que nunca viram.

Noah estava certo. Como alguém como eu, que no passado preferiu manter aquelas crianças “congeladas”, pode lutar pela guarda delas? Se Chris estivesse vivo, ele realmente as aceitaria? Deixar o dinheiro para elas foi apenas um pedido de desculpas por elas existirem?

Fui recebida por Guido no saguão que exibia um grande sorriso. Retribui mesmo desconfiada. Inimigo? Quantas listas ainda terei de montar com quem planejo levar para a cadeia, quem sabe, junto comigo? Guiou-me até a mesa onde já estavam Noah, Sheila e Léo e me entregou aos cuidados de Noah.

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