CAPÍTULO 30 - FATOS

4 1 0
                                    

Fatos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fatos

ANNY

Dirigi por poucos minutos por uma estrada de chão ladeira acima, curvas perigosas margeando um desfiladeiro, fazia com que Noah brincasse ao meu lado que não tem seguro de vida. Típico machão que acha que toda mulher não sabe dirigir. 

Admito, pelo meu nervosismo, estou errando as marchas e fazendo umas barberices bem bizarras. Sorri de nervoso pensando que Chris tinha esse mesmo hábito de brincar comigo do modo que dirijo. Felizmente, nunca bati o carro com ele dentro. Mas, a cota de palavrões que aprendi com ele na direção, dava pra criar um novo dicionário de como xingar as pessoas ao volante.

Porra! Tinha que parar de ressuscitar Christopher a todo instante! Ele morreu! Eu estava viva! Precisava recomeçar a seguir um outro caminho. 

Levei Noah ao mirante da cidade, um ponto turístico famoso por ali. Um local que nessa hora do dia estava completamente vazio. Estacionei o carro embaixo na sombra de uma centenária figueira e sai sem  lhe dizer uma palavra sequer, deixando a porta  aberta, denunciando o tamanho absurdo da pressão que carrego sobre mim. 

Eu quero gritar a pleno pulmões o quanto isso dói e mostrar ao mundo o quanto é dolorido ter que se fazer de forte diante de uma sociedade tão injusta. Porém, sufoco aquele grito. Faço uma prece breve pedindo clareza, força e serenidade, enquanto andando pelo chão lajotado sentia a dor do remorso apossar meu corpo, deixando-o sobrecarregado e pesado, eram passos arrastados. Aqueles que se dão quando seu mundo acaba e você vai de encontro a morte. Sim, morte. Pois não acredito que conseguirei seguir minha vida normalmente outra vez depois dessa conversa...

Passei pelos bancos alinhados em círculo que davam uma agradável impressão de serem ideais a eternizar fotos alegres de família, pensando que essa realidade nunca se aplicaria a mim. Logo à frente, apoiei as mãos sobre o corrimão de madeira que separava os turistas do paredão de pedra lá embaixo. Dali se tem uma visão extraordinária da cidade em meio a natureza. Porém, aquela beleza não me vislumbra no momento.

O vento faz meu cabelo balançar, mesmo sendo curto, uma madeixa ou outra cobre minha visão e obriga que a prenda atrás da minha orelha. Os passos lentos de Noah atrás de mim, provam que ele já desconfia que algo está muito errado. É como se ele entendesse que preciso desse tempo pra arrancar do fundo do peito, coragem para anunciar a tragédia que vai se abater sobre nós. Enxuguei as lágrimas fujonas com o dorso da mão. Abracei meu corpo, o mais apertado que podia, tentando confortar meu coração e incentivar minha mente a pensar nas melhores frases possíveis que não o magoe.

---Então…--- Noah pelas minhas costas, envolve minha cintura num abraço. Beija meu cabelo e coloca seu queixo em repouso no meu ombro olhando a paisagem.

--- Noah, tenho que te contar algo muito importante.---Falo me encostando nele e sentindo seu calor. Ele me apazigua mas, também me faz fraquejar. --- Por favor, não me interrompa, não me questione, não vá embora antes que termine de dizer tudo que preciso.--- Virei e o encarei nos olhos. Meu reflexo em seus óculos pede pra abortar a missão, porém, insisti…---Você promete?

Jogo De PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora