CAPÍTULO 8 - O TESTAMENTO

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TESTAMENTO

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TESTAMENTO...

ANNY

Prendi meu demônio em correntes, num quarto escuro, trancafiado com portas de ferro e bem vigiado por alarmes ultra sensíveis no fundo do meu subconsciente. Espero estar segura e dona de mim de agora em diante. Chega de vexames, descontroles e provas que possam servir para que me internem por estar surtando com a morte do meu marido.

Mas para ter certeza que ele iria se acalmar, Ana me levou a uma sala que Chris usava como um “refúgio para pensar”. Ali tinha um sofá cama, uma estante de livros mais informais, TV, a qual fui proibida de ligar e uma mini cozinha. Não sentia fome. Mas minha escudeira obrigou Vicente a arranjar uma sopa reforçada. Sim, tomei mais calmantes. Tirei uma soneca forçada por causa deles e quando acordei, senti que fui preenchida com concreto bruto. Ao mesmo tempo, meu íntimo constratava com um vazio. Mas obedeci todas as recomendações imposta por Léo e Ana. Me deixei ser examinada por um médico do qual nem questionei quem era, tomei um bom banho e vesti roupas mais “decentes”, comi a sopa que ao meu ver tinha gosto de nada e decorei mentalmente tudo que poderia protestar durante essa leitura.  Perto das cinco da tarde, fui liberada para enfrentar esse último compromisso do dia.

— Podemos ir? — ainda dou mais uma alinhada diante ao espelho no conjunto de calça social e blusa de seda que me arranjaram. Os meus sapatos não tem saltos, por que será?

— Claro, os participantes já chegaram. Mas Anny…

— Eu vou me comportar, Ana. Fique tranquila. 

Pelo corredor, em direção a sala de reuniões, endireitei a postura tentando ostentar uma segurança que não existe no meu interior. Ver que o  mundo está desabando e não posso nem sofrer em paz, suga minhas forças.

Os olhares de pena que recaem sobre mim nem podem ser considerados verdadeiros, pois parecem satisfeitos com as desgraças ao qual estou passando. Os risinhos falsos, são meras condenações antecipadas. Cada passo que dou aumenta o peso que carrego sobre os ombros. E pelo visto, esse fardo só tende a aumentar.

A cabeça tramando mil teorias conspiratórias não permite que volte à realidade. Os famosos anjinhos sentados nos meus ombros duelando entre a bondade e a maldade, como nos desenhos animados, só me deixam mais confusa. E aquele grito de agonia preso na garganta, só faz a pressão do estresse aumentar. Tenho medo de explodir a qualquer momento, espalhar meus cacos pelo caminho e nunca mais conseguir colá-los.

Entrei na enorme sala de reuniões acompanhada por Ana. Parece que agora ela desempenha o papel de minha carcereira. Como se aquela pequena de sorriso doce e feições delicadas conseguisse, se preciso fosse, deter o monstro chamado Anny que habita dentro de mim.

Cumprimentei os presentes sem muita vontade e fiquei feliz que Chris tivesse tido o bom senso de pedir ao Dr Murillo que redigisse o testamento. O choque de ver o boêmio da família sentado em seu lugar já havia feito um estrago irreparável no meu psicológico. Ele não poderia ser tão cruel assim comigo, deixando que o seu irmão inconsequente fizesse este papel. E por falar nele...

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