CAPÍTULO 23 - Medo

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Anny

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Anny

Sob as águas, a sensação de abandono era esmagadora. Sentia minha vida se esvaindo lentamente, enquanto a frustração me consumia. Não era assim que eu imaginei que seria o meu fim, "morrer por causa de uma briga estúpida, por causa de um homem?" Aquilo era vergonhoso.

Mãos firmes agarraram meu cabelo, puxando minha cabeça para fora da água no exato momento em que eu já havia decidido abraçar a morte. Minha vontade de respirar era insuportável; o desespero de abrir a boca e inalar qualquer quantidade de ar era maior do que eu podia controlar. Chegar ao fim e inundar meus pulmões parecia a única saída. Afinal, com esse gesto, eu finalmente poderia encontrar meu verdadeiro amor, sem carregar a culpa de ter forçado minha partida para o outro lado.

Mas quando me abraçaram, com força e urgência e o ar fresco invadiu meus pulmões com uma violência que trouxe esperança junto à dor  lancinante da água que me forcei engolir, eu agradeci por estar viva. Noah estava ali, ao meu lado, com o rosto tenso e concentrado, tentando me acalmar enquanto minha mente e corpo lutavam contra o caos.

— Preciso que me escute, Anny. Fique calma, você está segura agora — a voz dele, forte e firme, aqueceu algo profundo dentro de mim. Tentei me segurar nessa força e seguir suas instruções.

Mesmo em meio ao alívio, a culpa me atingiu como uma onda fria. Eu estava colocando ambos em perigo com meu pânico. Se não conseguisse controlar a tempestade dentro de mim, a correnteza nos arrastaria para o fundo. Lutei contra o impulso de me debater, e por um breve momento me permiti afundar de novo, deixando que o som abafado da água ao meu redor me trouxesse de volta à realidade. Quando emergi mais lúcida, o aperto firme de Noah ao redor da minha cintura me ancorou.

Uma corda foi lançada da margem, e com um esforço sobre-humano, Noah a alcançou e cuidadosamente a amarrou ao meu redor. Sentimos a tensão da corda nos puxando, e cada segundo era uma luta contra a força do rio, a incerteza estampada nos olhos de Noah. Finalmente, alcançamos um banco de areia, e o alívio de estarmos a salvo fez nossos corpos desabarem, exaustos, mas vivos.

A vergonha veio como um golpe implacável. Empurrei Noah para longe quando ele se aproximou para verificar como eu estava, recusando sua ajuda com teimosia. Comecei a tossir violentamente, expelindo a água que parecia ter invadido minha alma. O peito queimava, os músculos tremiam de exaustão, e o coração pulsava com força demais. Lágrimas começaram a escorrer, carregando o medo, a culpa e a raiva que eu mal sabia como processar. Antes que pudesse me decidir, me vi procurando refúgio nos braços de Noah.

— Está tudo bem agora... — a voz dele misturava alívio e frustração contida. Ele me envolveu mais em seu abraço e beijou meus cabelos com ternura. — Mas vocês duas foram umas idiotas! Que exemplo deram às crianças? Poderiam ter morrido!

Suas palavras me rasgaram por dentro, trazendo-me de volta à dura realidade. — Me desculpe... — sussurrei, com a voz trêmula. — Por favor... Me desculpe...

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