Estávamos no tão esperado passeio de barco. Já tinha algumas horas e o clima estava bem morto. O motivo eu conto em breve.Depois de parar, começar a andar novamente, mergulhar, beber e recomeçar tudo o que acabei de citar, eu estava sentadinha curtindo o enjoo absurdo que comecei a sentir.
Não me dou muito bem com barcos e viagens longas.
Richard ficava no celular tirando fotos ou tentando puxar um assunto comigo, que estava xoxa, destruída e tantas coisas outras coisas ruins.
Por estar enjoada, fiquei insuportável e também pensativa sobre tudo que eu li ontem.
Resumindo: estava atualizando minhas redes sociais enquanto Richard tentava abrir o vinho. Ouvi uma voz na minha cabeça e abri as solicitações de mensagem, algo que nunca faço. Quando fiz, descobri a gravidez de uma outra ficante do meu ficante.
Dei de cara com a foto do teste e ele chegou.
Só mais tarde, quando ele finalmente dormiu, consegui ler o que a garota tinha mandado.
Eu conhecia ela porque já tinha visto o perfil na época das fofocas, então não, não era nenhuma mulher louca.
Ela me mandou tanta coisa. Os exames, as passagens que ele comprou para ela, fotos deles e até mesmo prints de conversas com fotos dele tiradas comigo ao lado, talvez debochando.
Como se eu fosse a corna da situação.
Ela também mandou áudios me ameaçando horrores, dizendo que se eu contasse a alguém ela faria não sei o que e que ia infernizar minha vida se eu não largasse ele.
E, por fim, a queridíssima finalizou com um texto super empático, dizendo que se fosse com ela, gostaria que avisassem e que era para eu me cuidar.
Eu fiquei sem reação, travada no mesmo lugar por alguns minutos.
Sim, eu poderia rebater cada xingamento que ela me fez, mas estava tão cansada que só falei que não entendia espanhol, perguntei se ela poderia traduzir e fui dormir.
Acordei com ela me chamando de piranha burra e, em seguida, traduzindo cada texto e áudio de um minuto que ela fez questão de ouvir, escrever no tradutor e me mandar.
Desde que isso aconteceu, não sei o que fazer nem como agir. Pensei em pedir conselhos a alguém, mas estou com preguiça de ouvir qualquer pessoa agora.
Prefiro chegar a São Paulo super sonsa, fingindo que não sei de nada. Daí, será ele descobrindo que será o papai do ano, e eu sumindo da vida dele em seguida.
É o que uma das vozes diz. A outra me fala para esperar ela contar para depois conversar com ele e entender o que rolou ali.
Mas vocês acham que uma mulher embucetada vai optar por qual pensamento? O primeiro, sem dúvidas.
E é por isso que continuo jogando esse problema para a Ana Júlia do futuro, que vai saber resolver e sair dessa situação.
Ou não.
— Ei, linda — estalou os dedos e eu despertei — chegamos. Tá tudo bem?
— Sim — ele me estendeu a mão, mas eu fingi não ver e desci sozinha.
Ele falou algo com o moço, eles riram e, depois, ele me alcançou rapidinho com aquelas pernonas dele.
— A gente podia jogar altinha, né? — passou o braço ao redor do meu pescoço — Antes, a gente alimenta o Richard Júnior, que tá resmungão, e depois jogamos.
— Tanto faz.
— Qual foi a última vez que fez exame? — olhei para ele pela primeira vez, tentando entender a pergunta — Ué, meu bem, tá enjoando direto. Isso não é normal.
— Foram só duas vezes, ambas em viagens.
— Eu ainda acho que é o Richard Júnior. Você não quer falar para guardar surpresa.
Ele falou com um sorriso tão largo que eu quis voltar para me afogar.
— Você quer ser pai? — a pergunta saiu involuntariamente.
— Por quê? Você tá grávida? — fiz careta e ele riu — Tipo, se você estivesse, eu queria. Mas não, no momento não.
Nicole te contará um segredo, mô.
— Eu dobrei e joguei para o próximo — sorri falsa e ele riu.
Sabe quando você faz piada com a desgraça para descontrair e dói? Foi o que aconteceu, mas eu não sei por que fiquei genuinamente triste com aquilo.
Ele é só o jogadorzinho com quem você teve um rolinho. Acorda.
Agora eu tinha que comer, decidir como trataria ele pelos próximos minutos na mesa, depois jogaríamos altinha, iríamos para casa arrumar tudo e eu iria dormir até chegar em casa, evitando contato.
Tudo isso porque eu acreditei na ficante dele e meu lado paranóico me impede de agir normalmente.
Se eu perguntar, vou estragar a surpresa da menina e prolongar ainda mais esse assunto. Então, tudo que me resta é levar como está, mesmo que a curiosidade seja torturante.
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Continua...
Levei a greve muito a sério, mas voltei.
Disse que ia sair o José ou a Maria, só não disse que seria da Aninha.
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Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os
Fanfiction𝐢𝐧𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥 𝐚𝐝𝐣𝐞𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐠ê𝐧𝐞𝐫𝐨𝐬 𝐧ã𝐨 𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥; 𝐢𝐦𝐩𝐨𝐬𝐬í𝐯𝐞𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐪𝐮𝐞𝐜𝐞𝐫-𝐬𝐞.