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Ana Júlia 🌞

Abri meus olhos tentando me acostumar com a claridade de um sol forte, pronta para xingar minha quinta geração, jurando que tinha perdido a hora.

Levantei e senti um cansaço se ativar no meu corpo, junto com uma ardência onde não bate sol. Eu ia soltar trezentos xingamentos, mas aí lembrei da razão e um sorriso sincero apareceu.

Olhei para o lado e ele não estava lá.

Macho escroto, foi embora.

Guardei minhas palavras para depois, pois agora eu precisava de um banho gelado para despertar e meu cabelo de uma escova.

Assim fiz.  Tomei um banho daqueles com uma moleza absurda, quase me derrubando. Saí passando creme, desodorante e me vestindo em seguida.

Vou ter que trabalhar de cabelo molhado, que bacana.

Passei perfume,peguei meu tênis e minha bolsa e saí do quarto, indo para a sala.

No corredor, ouvi vozes. Já fiquei bem atenta porque sou mulher, moro sozinha e minhas paranoias me dominam.

Aí eu chego na sala e me deparo com Richard na sacada e Victor na cozinha.

Ai, minha nossa senhora, esse menino aparece nas piores horas.

Não pensei duas vezes e já corri para evitar atrasos.

— Já ia te acordar. — Victor sorriu — A senhora é uma safada, né? Come quietinha.

— Tantos dias para me fazer uma visita, tem que ser justamente no dia de um deslize? — perguntei, começando a preparar meu café.

— Deslize, né? Sei bem. Sonsa fingida.

— Amigo, período fértil e vinho não combinam. Acredita? — ele riu.

— Falsa.

— Faz tempo que chegou? — ele negou.

— Vou chegar de surpresa mais vezes, até porque não é todo dia que tem um jogador com cara amassada sem camisa abrindo a porta para você. — pausa— Inclusive, é varão ou varinha? — quase cuspi meu suco — É sério.

— Tchau. — saí da cozinha deixando o prato e o copo na mesa, indo até a sacada — Bom dia. Por que não me acordou, hein?

— Bom dia, linda. Você fica tão melhor calada — implicou e deu um sorrisinho seguido de um selinho — Tava te esperando para ver se queria carona.

— Vou pegar meu carro e só depois vou para o CT.

— Eu te deixo lá. — neguei.

— Você vai se atrasar.

— Ainda vou passar em casa antes de ir. Dá tempo. — assenti.

— Vou comer rapidinho e a gente vai. — ele assentiu — Vocês comeram?

— Eu comi, ele deu migué e negou meu crepe — Vitinho disse.

— Não neguei. Tenho dieta e horário para seguir — Richard riu se defendendo.

— Ele não tem horário nenhum e come qualquer porcaria, só não quis da sua comida, Victor — botei lenha na fogueira.

— Para com isso, cara.

— Ela é recalcada, só porque cozinho melhor que ela.

Sentei para comer com os palhaços conversando ao meu redor. Quando terminei, fui escovar os dentes, calcei o tênis e estava prontinha.

Peguei minha bolsa, dando tchau para a poc que ficou fazendo gestos para o macho. Dei aquela olhada que vale mais que mil palavras e saí.

Richard e eu estávamos esperando o elevador em silêncio até ele começar a falar e desbloquear novamente aquela paranoia que eu tinha esquecido.

Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os Onde histórias criam vida. Descubra agora