Richard RíosAtravessei a porta já esperando o pior. Logo de cara, vi Thian e Juan sentados no sofá. Quando estava pronto para respirar aliviado, vi duas pessoas que, pelo menos naquele momento, eu não queria ver anunciar minha chegada.
Meu sobrinho correu para me abraçar, e eu o levantei do chão, que resmungou.
— Finalmente — disse minha mãe. Eu a abracei e ela retribuiu em seguida. — Seu pai não veio, mas trouxe suas companhias.
Forcei um sorriso e olhei para Nicole, que me encarava de braços cruzados, esperando algo. Mas eu não fiz nada, apenas acenei para ela, dei um tapa em Juan e passei direto para o quarto antes que minha mãe dissesse algo.
Entrei no meu quarto e encontrei um monte de objetos femininos espalhados pelo ambiente. Já sabendo do que se tratava, apenas me joguei na cama e soltei o ar preso. Por longos segundos, fiquei olhando para o teto, até sentir uma presença. Quando virei a cabeça para o lado, lá estava ela, me olhando como uma psicopata.
Foi um silêncio absoluto entre nós até ela se pronunciar.
— Como foi a viagem? — perguntou, ainda com as mãos para trás.
Ela estava com uma faca escondida, pronta para cancelar meu CPF.
— Ótima. Por que você veio? — comecei a tirar o tênis.
— Como assim, por que eu vim? Não é óbvio? — neguei e ela bufou. — Vim te ver. Você sumiu, estava sempre evitando contato — deu de ombros e sentou-se do meu lado.
— E você achou uma boa ideia viajar sem avisar? — levantei, deixando o tênis em um canto qualquer.
— Eu estava com algo martelando na cabeça, comentei com sua mãe, ela me deu um empurrãozinho e eu vim. — Veio me abraçar. — Estou com saudade.
— Nicole... — tirei os braços dela e me afastei. — Estou cansado.
— O que está acontecendo com você esses últimos dias? — a voz pesou e eu virei de costas, indo para o banheiro enquanto ela me seguia. — Você está com outra, né?
— Não começa, por favor. Dirigi muito e estou cansado. — Esfreguei o rosto, buscando um rumo.
— Me responde! — bateu o pé.
— Desde quando isso importa, Nicole? — perguntei, olhando para ela através do espelho, encostada na porta com os olhos cheios de lágrimas.
— Você começa a me ignorar, me trata como lixo, eu fico doente e você nem liga para saber se estou morta. — Começou a chorar. — Venho para o Brasil e você está com aquela vadia viajando. O que você quer da vida, Richard?
— Quem é vadia, Nicole? Se controla. — Tirei a camisa, já irritado.
— Estou controlada! Você que é um puta mal caráter e acha que eu sou besta. Eu aqui te esperando... — Ela não conseguiu terminar, apenas rosnou e eu interrompi o começo do surto.
— Posso tomar um banho e, quando eu sair, a gente conversa? — Vi ela fechar os olhos e soltar uma sequência de lágrimas.
Vai alagar essa porra.
— Eu estou grávida, Richard — disse com a voz falha após um longo tempo em silêncio.
Eu tinha acabado de me agachar para pegar algo e quase caí duro no chão, travado, como estava há alguns segundos.
— Você o quê? — olhei ainda de costas.
— Grávida. Sabe o que é gravidez? Então. Você vai ser pai. — Falou sem paciência e saiu andando.
Puta que pariu.
— Volta aqui — fui atrás dela. — Explica isso.
Ela parou, respirou fundo e foi até o armário. Por um momento, achei que ia derrubar tudo, mas ela apenas mexeu em algumas coisas e jogou papéis na minha direção.
— Eu fiz isso aqui, Juan ajudou a traduzir com o português horrível dele, e o resto eu me virei com sua mãe. — Sentou-se.
Peguei um dos papéis e comecei a tentar entender, mas a cada palavra minha cabeça desviava o foco. E, entre todas aquelas palavras complicadas, estava o positivo.
— Aproximadamente 1 mês — levantou e entregou os papéis, com os olhos marejados. — Tenho que marcar um ultrassom para confirmar isso.
Ela saiu andando para fora do quarto e eu fiquei parado no meio do quarto, tentando processar tudo.
Juan apareceu e ficou me olhando enquanto ficava vermelho de tanto rir silenciosamente.
— Que foi, porra?
— Logo você indo para a guerra sem colete, hermanito? — Eu fechei ainda mais a cara e ele caiu na gargalhada.
— Vocês estão me zoando? — Ele negou. — Então, por que você está rindo, imbecil?
— Só lembrei da noite em que você mandou uma DM para ela, todo decidido a ficar com ela. Só não imaginei que ia meter um filho nela tão rápido. — Lancei um olhar que valia mais que mil palavras, mas ele nem ligou. — Isso porque era só depois do casamento.
— Sai daqui. — Estalei a língua, já estressado.
— Como foi a viagem com a fiel?
— Mete o pé, Juan. — Ele permaneceu ali.
— Não é seu, e você sabe muito bem disso. Não sei nem por que está tão preocupado.
— Não fala besteira.
— Existe a possibilidade então? — Silêncio. — Que vacilo, Richard. No auge da idade, já arrumou um herdeiro, e nem foi como você planejou.
Só o deixei lá e fui para o banheiro para finalmente tomar meu banho, com as últimas palavras dele em mente.
Existe a possibilidade?
Ai, que está. Até onde eu lembro, não, mas como entrar nesse assunto com a Nicole sem ela perder o réu primário?
---
Continua...
Sentiram minha falta?
Agora é oficial, minha rotina voltou ao normal e eu não estou sabendo lidar com isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os
Fanfiction𝐢𝐧𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥 𝐚𝐝𝐣𝐞𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐠ê𝐧𝐞𝐫𝐨𝐬 𝐧ã𝐨 𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥; 𝐢𝐦𝐩𝐨𝐬𝐬í𝐯𝐞𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐪𝐮𝐞𝐜𝐞𝐫-𝐬𝐞.