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Richard rios

Depois daquele almoço que minha mãe inventou, eu voltei para casa e tentei ao máximo me segurar para não ter problemas, mas, com toda a situação, é quase impossível.

Foi Nicole me enchendo aqui e eu pensando na Ana Júlia com o cara que ela jurava ser apenas um amigo. Tentei ignorar a mensagem que ela me mandou, mas não consegui.

De repente, estou na porta do prédio dela, tentando ligar para descobrir onde ela está, porque, segundo o porteiro, ela saiu. Tentei inúmeras vezes, mas sempre caía na caixa postal. Quando finalmente atendeu, foi com o jeito de sempre.

— Fala, caralho — a voz dócil e paciente ecoou do outro lado da linha.

— Tá onde? — perguntei, risadas ao fundo.

— Em casa.

— Seu porteiro é mentiroso, então? — ela riu, e eu fiquei ainda mais irritado. — Tá com o seu amiguinho?

— Tô com meu amante — a risada masculina me fez apertar o volante com raiva.

Desligou.

Eu vi que ela estava com o Calleri, mas achava que ele ia deixar ela em casa. Desci novamente do carro e fui me informar com o porteiro, que, depois de rir disfarçadamente da minha situação, me informou todos os trajetos dela.

Saiu pela manhã para trabalhar, voltou com um rapaz à tarde, demorou um pouco e desceu. Finalizou dizendo que achava que ela não voltaria e me fez uma pergunta:

— Vocês namoram, rapaz? — olhei confuso. — Sinto muito por isso e pela forma que contei. Minha ex-mulher também fez isso uma vez. É uma situação complicada, mas organiza seus pensamentos e resolve com calma.

Fiquei tentando entender por alguns segundos.

— Como? — ele riu.

Ele acha que eu sou corno ou eu tô louco?

— Vocês não namoram?

— Não... ainda não — sorriu. — Obrigado pela informação. Boa noite.

— Boa noite.

Fiquei com fama de corno no condomínio da Ana Júlia, logo no dela, onde não escapa nada.

Entrei no carro, abri o Instagram, e ela tinha postado fotos nos Melhores Amigos: uma de uma TV com algum filme e outra no espelho de um corredor, onde, forçando um pouco a vista, dava para ver a camisa número nove ao lado dela.

Casa do Calleri.

Tive que apelar e mandar mensagem para o James, ignorando o fato de que não nos falávamos há uns dois meses. Demorou alguns minutos até ele responder, estranhando eu pedindo o endereço do amigo dele às sete da noite de um domingo. Expliquei que era uma longa história e, mesmo desconfiado, ele enviou.

Coloquei no GPS e comecei a dirigir enquanto ignorava todas as ligações de Juan, provavelmente querendo me convidar para a balada.

Cheguei na porta do condomínio, estacionei em frente e voltei a ligar para ela. Se eu não tiver sucesso, vou encher o saco do porteiro até ele abrir.

Mas ela atendeu.

— Tô aqui na porta — silêncio.

— Já falei que não estou em casa.

— Eu sei. E por isso estou na porta do condomínio do seu amigo. — Ela gargalhou. — Aceita vídeo — Ela aceitou e eu virei a câmera.

— Fez sua visita, agora vai para casa. — Pareceu levantar de onde estava deitada.

Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os Onde histórias criam vida. Descubra agora