44

941 64 35
                                    

Richard Ríos

O jogo contra o São Paulo terminou zerado. Ambos os times começaram com uma marcação pesada. Tentamos avançar, mas, apesar das falhas, eles se defenderam bem. E foi assim até o fim. Melhor que uma derrota foi.

Teve todo aquele ritual pós-jogo até os arredores do estádio esvaziarem e então finalmente conseguimos sair.

Depois de chegar no CT, cada um seguiu para sua casa, e assim eu fiz. Mas, assim que pisei na minha, o maldito James ligou chamando para o after do jogo.

Como alguém comemora um 0x0? Para piorar, em uma segunda-feira.

Mas eu não tinha planos, nem sono para dormir, e com um pouco de insistência do baladeiro que mora comigo, acabei aceitando.

Fazia um tempo que tinha chegado. E já cheguei determinado a me embriagar e inverter os papéis. Juan sempre vai trilouco no banco de trás; hoje era a minha vez.

Dois camarotes fechados e um monte de mulher loira siliconada, como sempre. Aqui tinha uma energia de puteiro do caralho.

— Se eu fosse você, aproveitava o momento. Olha o tanto de mulher te olhando - Juan disse alto por conta da música - Ou você vai continuar sendo fiel à ficante que não liga pra você?

— Juan, essas horas? Para com isso, cara.

— Aquela ali é a cópia, vai nela. - apontou.

Forcei a vista e avistei o coco loiro do Calleri. A menina em frente, que antes mesmo dela virar eu reconheci.

Ana Júlia e o cara que ela jurava ser amigo tentando beijar ela.

O ódio que subiu ali não foi normal.

— Você fez isso de propósito? - fechei a cara.

— O quê?

— É ela - falei puto e ele riu.

— Quem dorme no ponto é você - deu um tapa na minha cabeça e saiu andando.

Fiquei parado bebendo whisky puro que descia rasgando e ia piorando a cada gole.
Meu olhar ia pra lá automaticamente a todo momento,e uma hora ia bater com o dela.

Ela olhou, mas se ela é míope pra caralho na luz do dia mesmo, imagina no escuro. Duvido que tenha visto.

E se viu também não muda porra nenhuma.

James veio aparecer um tempao depois dançando do meu lado, e já estava tão zoado que quase não me reconheceu.

Ficamos um tempo conversando até chegar uma loira, que, de início pensei que fosse alguma mulher que ficava com ele, mas só depois percebi que não era bem assim.

Ou era. mas que ela estava numa intenção fodida comigo, ela estava.

No fim ele saiu deixando a gente sozinhos em uma conversa um tanto torta, que em dias normais eu iria prosseguir só por educação porque não me atraía muito.

Prefiro as que fazem cu doce. Que você olha e fala: impossível.
Tipo a maldita da Ana Júlia. Mas a menina aqui era totalmente ao contrário. Nada contra, mas quando é mais difícil o tesao aumenta.

Mas estava puto pra caralho e nao pensei nem um pouco. De repente estávamos em um lugar mais reservado, próxima a uma escada onde o fluxo de pessoas no momento era quase inexistente.
Quando finalmente ia beijar a menina sinto um impacto contra nossos corpos.

E como a vida sempre tira uma com minha cara era ela. Sim, a mais temida. Encarou a cena surpresa, mas logo recuperou a postura com um olhar de deboche.

— porra menina, tá cega - a garota que eu estava quase beijando disse nervosa olhando pra Ana Júlia que com certeza preparava uma resposta-

— tanto lugar vem logo na saída do banheiro, caralho. Esperou que eu fosse adivinhar que ia ter um casal se agarrando na minha frente? - falou nervosa mas ainda com a pose de sempre dela-

— eu te conheço menina- ela disse forçando a vista- Claro que sim, como esquecer. O tempo passa e você continua sendo inconveniente e mal educada. Aparecendo sempre onde não te convém. - a garota disse sorrindo falsa e recebeu uma risada como resposta-

— tenho que concordar que sou realmente inesquecível. - sorriu - Mas está havendo um engano aqui porque eu não te conheço- tentou passar mas teve a saída bloqueada-

Nem preciso falar que ela ficou puta.

— continua sonsa. - ela insistia-

— garota, da licença. - ela nem se moveu e isso causou uma irritação ainda maior- Richard, meu bem. Controla sua namoradinha da noite, por favor.

— vocês se conhecem então? - riu irônica- caramba Ana Júlia, mesmo depois de anos as coisas não mudam.

— mulher eu não sei nem quem é você, da licença- e esbarrou nela saindo dali-

- vagabunda- a garota disse revirando os olhos- vocês se conhecem de onde?

— isso realmente importa?- perguntei sem ânimo -

— não. Só me irritei. Essa menina me persegue desde o ensino médio - arrumou o cabelo de lado- podemos ir pra outro lugar, né? - se aproxima-

— uhum - ela sorriu e eu beijei ela.

A noite tomava um rumo que eu não esperava.

Eu indo embora com a garota que eu só sabia que odiava a Ana Júlia desde o ensino médio e ela ficando com o amigo dela na boate.

Nada como planejado. Espero acordar e não lembrar de nenhuma informação desse lugar. O que não era difícil já que quase sequei uma garrafa de whisky sozinho.

Tô fudido no treino amanhã.

Continua.

A ciumeira dando as caras🥳

Não se enganem com esses cinco minutinhos de bom moço. Ele não é inocente 😙

Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os Onde histórias criam vida. Descubra agora