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Ana Júlia.

Depois de devorar uma barca de japonês como se fôssemos dois mortos de fome, estávamos bebendo vinho e jogando conversa fora.

A luz baixa criava um clima relaxante. A noite estava tranquila demais para duas pessoas que só implicam.

A conversa fluía naturalmente, até que uma das músicas da playlist começou a tocar. Era uma daquelas que me transportou imediatamente para memórias antigas, e eu não pude evitar lembrar da minha primeira noite com Richard. A lembrança da sua presença, o calor dos nossos beijos cheios de desejo, e como aquela música tinha melhorado ainda mais o clima... tudo isso voltou com uma clareza surpreendente.

Impossível de esquecer.

Olhei para Calleri, que estava relaxado no sofá, com os olhos fechados por um instante enquanto cantava a música quase inaudível.

Aquela cena me despertou algo, mas engoli seco bem na hora em que Calleri abriu os olhos e me olhou com um sorriso.

— Sabe o que eu lembrei? — disse, servindo nossas taças. — Quando você chegou no clube. Seu primeiro dia, quando todo mundo ficou falando de você.

— Como esquecer? — ri, dando um bom gole. — Eu me lembro das olhadas nada discretas e dos sussurros quando eu passava na academia.

— A cantada do menino do sub-20 — lembrou, arrancando uma risada sincera de mim. — Você humilhava todo mundo.

— Você e os casados foram os únicos que não me soltaram uma cantada manjada de Google. — Ele soltou uma risadinha suspeita e me encarou.

— Confesso que pensei em investir quando dei um tempo com minha ex — confessou, e eu o olhei boquiaberta. — Na época, imaginei o grande fora que eu ia levar.

— Você era um ioiô com sua ex.

— E você nunca ficava bem com ninguém. Achava até que era maldição — ri. — A gente sempre se enrola quando tenta definir o que é um "relacionamento sério". Estamos sempre destinados a cometer os mesmos erros.

— Você acha que fizeram amarração e por isso não paramos com ninguém, certo?

— É, talvez. Ou talvez a gente esteja apenas procurando em lugares errados. — Piscou.

O vinho me desperta coisas, vocês sabem. E o clima estava propício, alimentando ainda mais todas as vontades impuras que foram surgindo e me deixando inquieta.

Algo nele parecia desafiar minhas emoções e meus pensamentos, e eu percebi que não estava mais tão interessada em papo de amigo. Em vez disso, um desejo profundo de proximidade e toque físico estava se formando.

— Talvez a gente pense demais e esqueça das grandes oportunidades que estão ao nosso lado — falei com um sorrisinho, inclinando meu corpo para frente.

Tivemos uma troca de olhares intensa, ambos sabendo o que estava acontecendo. Esse papinho torto estava prestes a ganhar um rumo diferente do nosso comum. A tensão foi crescendo e, sem mais palavras, os lábios de Calleri se encontraram com os meus.

Ele depositou um selinho e, ao nos encararmos, só podíamos ouvir nossas respirações e a música de fundo. Eu e ele sorrimos quase juntos, e eu deixei meus desejos vencerem e iniciei um beijo.

Em perfeita sincronia. As carícias vieram naturalmente, com eu me encostando no apoio do sofá e ele vindo por cima do meu corpo, enquanto uma de suas mãos estava na minha cintura e a outra no meu pescoço, onde ele puxava um pouco o meu cabelo.

Ok, agora entendo todas as Marias Chuteiras.

Foi com muita vontade e intensidade, como se estivéssemos respondendo a um desejo que ambos sentíamos há algum tempo.

Essa noite poderia ter tomado um rumo diferente se eu não estivesse com um O.B me incomodando lá embaixo.

Tentativas não faltaram. Calleri realmente incorporou um demônio dominado por tesão. E eu também. Mas transar menstruada não me traz memórias boas.

Ainda mais com um amigo. Talvez seja o destino.

No fim de tudo, trocamos carinhos idiotas como sempre e fingimos que nada aconteceu. Seguindo normalmente a vida até o efeito do álcool passar e a ressaca moral chegar.

Primeiro Diego, agora ele. As coisas saíram do controle, mas eu não me importo nem um pouco no momento, pois tenho um gostoso platinado sem camisa agarrado em mim enquanto canta baixinho com os olhos fechados.

Ter autocontrole vai ser bem difícil.

Maldito quase nos deixou pensando: e se tivesse acontecido?

Continua...

🫢

Eu ia escrever coisinhas misteriosas, mas tinha 20 minutos de café e o sonho de escrever metade de um capítulo. No fim nem isso consegui.

Mas e aí? Opinem 🫦

Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os Onde histórias criam vida. Descubra agora