Confuso

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Quando chego em casa vou correndo para o meu quarto. Deito-me na cama e começo a chorar. Sinto raiva dele por ter terminado comigo, sinto raiva do Gustavo por me fazer sentir algo por ele e acima de tudo sinro raiva de mim mesmo por estar tão confuso em relação a tudo. Mas eu queria que Drake estivesse aqui, agora, comigo. Caralho, como eu gosto tanto daquele garoto.

Alguns dias se passaram depois que Drake terminou comigo, como eu estava? Péssimo. Nos primeiros dias eu ligava para ele, como ele não me atendia resolvi parar de telefonar. Apesar de tudo acertei as "contas" com Andrew, ele pode ter feito o que fez mas ainda era meu irmão e cuidou de mim quando mais precisei. Por outro lado, ele e o pai pareciam estar me escondendo algo mas talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.

- Cara, você precisa melhorar - Me diz Leó quando estamos jogando video game, já é a quinta vez que perco pra ele e detalhe: Eu nunca perco pra ele.

- Foi mal cara - Me desculpo - Mas você sabe que eu não tô legal.

- Eu sei, só tava tentando te animar - Ele diz - Semana que vem é aniversário da Sarah - Ele lembra.

- Caralho eu esqueci - Digo batendo a mão na testa.

- Eu imaginei. Ela vai fazer uma festa na casa dela no outro sábado, você vai?

- Claro, Claro. - Ficamos em silêncio - Quando você vai se declarar pra ela?

- O que?

- Quando você vai se declarar pra ela? - Repito.

- Eu não gosto dela - Ele diz parecendo um pouco incomodado.

- Você gosta sim, isso tá na sua cara.

- Assim como está na sua que você ainda gosta do Drake? - Ele rebate.

- Eu nunca escondi isso.

- Eu não entendo - Ele diz - Vocês estavam tão bem.

- Mas parece que o conto de fadas acabou amigo - Eu tento brincar.

- Por que você não vai até lá e tenta voltar?

- Por que eu não posso fazer isso comigo - Respondo - Não posso fazer isso com ele. Com nós. Não posso ficar com ele pensando em outro cara, é no mínimo falta de consideração.

- Falta de consideração? Falta de consideração já é você estar pensando em outro cara - Ele zoa. - Gustavo? - Eu afirmo com a cabeça - Puta que pariu.

Eu rio

- Minha vontade é de ir num bar e encher a cara.

- Opa! Tô dentro. - Ele brinca.

- Eu disse "vontade" não que eu ia - Eu digo rindo. Ele olha a hora no relógio da parede.

- Caramba! Tenho que ir pra casa - Ele diz se levantando e jogando o controle do video game em cima de mim.

- Resolveu virar bom moço foi? - Eu brinco.

- ha-ha-ha. Idiota. Eu prometi pra minha mãe que ia tomar conta dos meus irmãos hoje - Talvez eu nunca tenha falado, mas Leo tem dois irmãos menores que são gêmeos, Allison e Adam.

- Boa sorte - Eu digo, os irmãos dele são duas pestinhas.

- Eu vou mesmo precisar.

Quando Leó vai embora resolvo que não vou ficar ali "chupando o dedo". Escolho uma boa roupa e saio, estou apenas afim de ir pra qualquer lugar, pego o primeiro ônibus que vejo. Algum tempo depois, começo a reconhecer onde fui parar e ao longe o vejo: O parquinho.

Desço do ônibus e vou até lá, é incrível como apesar de tantos anos o lugar parece exatamente igual. Distraído, não noto alguém se aproximar e me abraçar, é alguém tão mais baixo que eu que sua cabeça ultrapassa apenas uma pequena parte da minha cintura, mas logo que a vejo a reconheço. A irmã de Gustavo.

- Ariel! - Eu digo me abaixando para abraça-la direito. Fazia tempo que não a vejo e na última vez que a vi ela estava em uma cama de hospital - Como você está?

- Firme e forte - Ela me responde sorrindo e de fato parece muito melhor, se eu não soubesse, eu nem diria que um dia aquela garota já estivera doente.

- O que você faz sozinha aqui? - Eu pergunto.

- Ela não está sozinha - Responde Guto aparecendo no meu campo de visão. A gente se encara.

- Jay Jay - Me chama Ariel - Por que você não foi mais me ver?

- Desculpa princesa, acontece que aconteceu tanta coisa ultimamente que eu fiquei meio sem tempo.

- Então você não se esqueceu de mim?

- Claro que não - Eu respondo a vendo sorrir.

- Acho bom mesmo, se não você vai ver só - Ela diz e nós rimos. Ela se vira para o irmão. - Posso ir no balanço?

- Se prometer não ir tão forte - Ele responde e ela sai correndo até lá nos deixando a sós. No começo, nenhum dos dois sabia o que dizer. Ele usava uma calça jeans, uma camisa quadriculada e por cima uma jaqueta, seu cabelo estava coberto por uma toca.

- Você gosta muito dela - Eu digo tentando quebrar o gelo.

- Ela é quase uma filha pra mim - Ele responde sem me olhar.

- Ainda com raiva? - Pergunto com medo da sua resposta. Ele me encara.

- Um pouco - Ele diz sentando em um banquinho, eu sento do seu lado.

- Sinto muito - Me desculpo outra vez.

- Eu sei- Ele responde e aquele papo quase monossílabo já estava me irritando.

- Para de me tratar assim! - Eu digo - Caramba, eu sei que errei eu já disse isso, eu já me desculpei também o que mais você quer que eu faça?

- Eu não quero que você faça nada - Ele me diz - Ou você espera que eu simplesmente te desculpe e esqueça o que aconteceu?

- Eu não quero que você esqueça - Digo - Eu apenas espero que nós possamos ser amigos, talvez recomeçar do zero?

- Quando eu vi você pela primeira vez achei que você era diferente.

- Na verdade, tecnicamente a primeira vez que você me viu foi quando tudo aconteceu então....

- Você realmente não se lembra? - Ele me pergunta me deixando intrigado.

- Lembro do que? - Eu pergunto. Ele retira de baixo da blusa um fio enrolado em um anel que está em seu pescoço. Na mesma hora reconheço o anel. E então tudo parece fazer sentindo, era por isso que eu sentia que já o conhecia de muito antes.

- É você - Eu digo - Você é o garoto do parquinho.

Ódio, Amizade, ou Amor? (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora