Ana Júlia.
Quarta feira a noite. Eu estava deitada na minha cama com uma das milhares xícaras de chá que minha mãe me trouxe durante o dia.
Meus dias tem sido assim.
Estou de atestado por quinze dias então nao fui para o Uruguai pro jogo da libertadores.
Estou com centenas de exames pra fazer, hoje tive um deles e desde então tô largada assistindo pesadelo na cozinha.
Já fazia dois dias que eu tinha saído do hospital. Dias esses que pareciam semanas. Ainda sentia o corpo estranho, pesado, como se não fosse meu.
O meu último sono bom foi quando Richard ficou aqui na primeira noite dormindo por algumas horas até o horário dele ir pro aeroporto.
Estou com todos ao meu redor revezando turnos pra ficarem ao meu lado.
Richard queria ser um deles, ia pedir até pra não viajar mas eu insisti e falei que ele precisava ir.
E ele foi. Me liga sempre de vídeo e evita ao máximo o assunto.
Entendo que em algum momento a gente vai conversar sobre, mas ainda acho que não seja o momento porque foi muita informação em poucas horas.
E pra ser sincera não caiu a ficha ainda.
Tipo, eu ia ser mãe mas não sabia, e de repente eu descubro mas já era tarde demais.
Não entra na minha cabeça mas me atormenta muito, ao ponto de me fazer ficar horas olhando pro nada pensando nisso.
Tipo agora, quase chorando olhando pro meu chá gelado na xícara enquanto ouvia o ronco da minha barriga.
Pra não chorar levantei em busca de algo pra comer pela primeira vez no dia, tudo que ofereceram eu neguei e sobrevivi de salgadinho.
Ouvi gritos do meu pai puto e quando cheguei lá vi ele assistindo jogo do palmeiras.
— você virou casaca?
— não minha filha, tô tacando zica no chiqueiro mas tá difícil- olhei pro placar que marcava 4X0 e ri-
— pai só desiste - sentei no sofá deitando a cabeça no ombro dele- Richard saiu?
— ele ficou de reserva hoje - fez carinho em mim — já tá com saudade?
— tô preocupada- assumi-
—e com saudade- fiz careta- melhor assumir
— para- levantei fugindo -
— olha que caralho. Filhos da puta mataram o jogo- ri-
— percebeu agora? - ele saiu em direção ao banheiro puto-
É de família mesmo.
Victor chegou com uma comida extremamente gordurosa e foi comer enquanto eu estava com meu brócolis com cenoura e frango desfiado assistindo o finzinho do jogo que rolava na tela a minha frente igual uma criança com desenho.
Ele saiu todo xoxinho do campo e sumiu da vista das câmeras enquanto os outros comemoravam a vitória.
Mandei mensagem pedindo pra ele me ligar quando chegasse no hotel e fui assistir meu time que estava ganhando mas vacilando muito.
Difícil ser São Paulo.
E com o intervalo de 10 minutos meu celular toca. Ele não chegou no hotel e estava com o olhão arregalado em algum canto do estádio.
—
—oi - sorri-
— tá tudo bem? Tá sozinha? - falou rápido-
— eu tô bem e com o batalhão leal completo- virei a câmera brevemente- só queria conversar, e por isso falei pra me ligar quando chegasse, Richard Ríos.
— desculpa, Ana Júlia Leal - ironizou- pensei que estivesse mal
— já tomou banho?
— quando chegar no hotel eu tomo - fiz cara de nojo- fedida é você menina
— não falei nada.
— insinuou
— volta hoje?
— de madrugada. Amanhã depois do treino passo aí pra gente almoçar e ir no seu médico
— aceito o almoço
— pelo menos isso — gritaria- beijo amor, tô levando esporro. Te ligo depois.
— beijo tchau - soltei beijo e ele fez o mesmo-
——
— pra mim vocês são casados no civil e não querem explanar
— eu nunca casaria sem a sua aprovação,bi
— você já tem minha aprovação
— com Richard Ríos? Vamos rever os conceitos
— esse homem te ama minha filha
— Victor- falei tentando mostrar que não curtia o assunto-
— eu não to brincando.-
Fingi demência e fiquei assistindo, ou fingindo.
Mas minha mente estava nele. Eu queria muito tentar entender a mente dele, se ele quer algo sério ou não. Mas eu nem sei o que eu penso. Ou sei e ignoro, fingindo pensar igual a ele que não quer nada só pra ter ele, e nessas de não perder acabo aceitando até merda.
— você não vai chorar por um gol de um jogo de ida né- me olhou e minhas lágrimas desceram- vai sim.... Calma tá tudo bem
E me abraçou.
Eu nem sabia o que estava acontecendo no jogo, nem ouvi os gritos do gol mas só aproveitei o abraço e desabei no colo do Victor.
Continua...
Amo aparecer do nada🙈
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Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os
Fanfiction𝐢𝐧𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥 𝐚𝐝𝐣𝐞𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐝𝐞 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐠ê𝐧𝐞𝐫𝐨𝐬 𝐧ã𝐨 𝐨𝐥𝐯𝐢𝐝á𝐯𝐞𝐥; 𝐢𝐦𝐩𝐨𝐬𝐬í𝐯𝐞𝐥 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐪𝐮𝐞𝐜𝐞𝐫-𝐬𝐞.