Capítulo 4 - Nos braços dele

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Após acender uma luz amarelada, ele e a garota desceram uma escada de pedra que tinha 8 metros até chão do porão, escuro e úmido.

Com mais umas três lâmpadas velhas a iluminar fracamente o local, divisava-se duas enormes prateleiras de madeira com inúmeras garrafas de vinho, conhaque e outros tipos de bebidas alcoólicas.

Shelley ficou assustada, pois o local era sombrio e ameaçador. Olhou para o chão em busca de ratos e Edmond percebeu.

— Sim, eles estão aqui, mas não te farão mal.

— Ai! Meu Deus! Tenho pavor de ratos!

Shelley abraçou instintivamente o corpo de Edmond, que a tocou e disse:

— Calma! Eles não vão te morder não.

— Por que vocês não limpam isso?

— Vem aqui que vou te explicar.

Os dois caminharam até o fundo, onde quatro enormes tonéis de carvalho estavam postos deitados. Shelley mantinha suas mãos no braço direito de Edmond, que não ligou pela aproximação da moça, afinal, ela estava com medo e os ratos realmente não são os bichos preferidos das mulheres, imaginou.

— Os ratos aqui são camundongos e eles juntos não deixam entrar nenhuma ratazana.

— Ué? Mas eles continuam sendo ratos.

— Sim, mas eles não roem a madeira dos tonéis, já a ratazana acabaria com isso tudo. Por isso, meu pai serve vinho e queijo todos os dias para eles ficarem aqui.

— Seu pai é louco...

— Não... Mas, quem lhe ensinou isso, foi um português que mora em New Haven.

— Vamos sair daqui?

— Ok. Vamos então...

Quando os dois voltavam em direção à escada, dois ratinhos cruzaram-lhes a frente e Shelley agarrou Edmond após um grito estridente. Ele se assustou, mas pela primeira vez, sentiu o corpo daquela garota colado do seu, com o rosto dela encostado em seu pescoço.

Connor tremia de medo e ergueu uma das pernas na esperança que ele a sustentasse. Nesse momento, um pensamento sensual se fez em Edmond e sua parte íntima acusou aquela presença tentadora e ainda mais longe dos olhos de seus conservadores pais e especialmente da namorada. Para disfarçar a tensão, ele riu.

— Calma Shelley... Eles não vão te atacar.

Sentindo o cheiro e o corpo esculpido daquele homem, Shelley sussurrou:

— Espero que você faça isso.

Edmond percebeu o jeito como a garota começou a deslizar as mãos no corpo dele, tocando os lábios em seu pescoço, o que lhe provocou um intenso arrepio. Seus dedos pressionaram a carne dela, mas o senso de dever com Sophie lhe foi mais alto nesse momento. Afastou-a delicadamente e disse:

— Shelley, por favor.

— Desculpe. É que preciso te dizer algo e já tem algum tempo.

— Diga.

— Desde que você chegou à faculdade, me senti atraída por você e isso se transformou em uma paixão. Sei que você gosta da Sophie, mas eu não posso deixar de gostar de ti. Você é diferente de outros homens...

— Shelley...

— Escuta! Você é um cara que poderia ter todas as garotas e eu te julguei mal no início.

— Como assim?

— Pensei que você seria como outros que se servem da beleza e do físico para maltratar o coração de garotas como eu...

— Shelley, nunca tive intenção de fazer você se sentir assim.

— Eu sei! Por isso que eu precisava dizer isso a você. Olha, eu posso ser desse jeito, mas o que sinto é verdadeiro, ainda que você talvez possa não acreditar.

— Shelley, você é linda, realmente, e admiro sua coragem de me confessar isso, mas estou com Sophie e é com ela que quero ficar. Desculpe se não é o que gostaria de ouvir, mas é o que tenho a te dizer. Somos amigos e gostaria que ficasse assim, pode ser?

O semblante da loira mudou completamente. Visivelmente aborrecida, tendo desistido momentaneamente de luta buscou desvencilhar-se da situação indelicada.

— Tudo bem. Esquece o que te falei, tá? Não se fala mais nisso, OK? Bom, vamos lá, pois não quero ver mais ratos na minha frente.

Ao saírem do local, a cozinha estava vazia e ao chegarem à porta, Edward, Sophie e Marcy surgiram. Stevens perguntou:

— Onde vocês estavam?

— Na cozinha, ora! — respondeu Shelley.

A jovem fingiu estar refeita da rejeição por parte de Edmond, que confirmou estarem no local e questionou onde estava o pai. Marcy apontou na direção do galpão, mas disse:

— Antes que você vá falar com ele, preciso conversar contigo e com Sophie, "também" — falou enfaticamente.

A jovem de cabelo Chanel mirou a senhora, surpresa. Tomada pela mão por Edmond, ela seguiu a senhora Jensen cozinha adentro. Edward, se aproximou de Shelley e disse:

— Preciso resolver algo com o Elliot. Se quiser andar por aí, tudo bem. Só cuidado para não se machucar.

— Ok. Obrigada.

Sentindo-se decepcionada, sozinha e rejeitada, Shelley Connor viu Edward desaparecer na casa. Ao observar novamente a cozinha, Shelley se deparou com o olhar da jovem Amanda Flores, que estava com um pano nas mãos. A empregada dos Jensen, com seus olhos verdes e cabelos luminosamente escuros e lisos, disfarçou ao ser encarada e voltou aos seus afazeres.

Shelley, tão absorta em seus pensamentos, nem se questionou sobre o motivo da moça a estar observando com tanta atenção. Sua cabeça parecia perdida e não havia um caminho a percorrer ali, então mirou na direção do galpão.

Ela sabia que Frederick Jensen estava lá, conforme Marcy havia indicado. "Bom, vamos ver se o velho me dá alguma importância nesse lugar. Dane-se Edmond", pensou a jovem.

No escritório de Frederick, Marcy disse abertamente ao jovem casal:

— Sophie. Meu filho falou um pouco sobre você e, antes que possa dizer algo, quero lhe informar que ele a respeitará, assim como todos nessa casa.

— Obrigada, senhora Jensen. Estou feliz por estar aqui e conhecer a senhora e o senhor Jensen.

— Ótimo, porém, preciso lhe avisar. Edmond foi criado rigidamente e não se preocupe quanto a ele "avançar o sinal".

Sophie ficou corada e Edmond interveio:

— Mãe! A senhora está constrangendo a Sophie.

— Sei, filho, mas isso também serve para ela. Não aceitarei sexo antes do casamento e muito menos um filho.

— Entendo senhora Jensen. Isso não acontecerá.

— Que bom, querida. Que bom! 

Os Irmãos JensenOnde histórias criam vida. Descubra agora