Após acender uma luz amarelada, ele e a garota desceram uma escada de pedra que tinha 8 metros até chão do porão, escuro e úmido.
Com mais umas três lâmpadas velhas a iluminar fracamente o local, divisava-se duas enormes prateleiras de madeira com inúmeras garrafas de vinho, conhaque e outros tipos de bebidas alcoólicas.
Shelley ficou assustada, pois o local era sombrio e ameaçador. Olhou para o chão em busca de ratos e Edmond percebeu.
— Sim, eles estão aqui, mas não te farão mal.
— Ai! Meu Deus! Tenho pavor de ratos!
Shelley abraçou instintivamente o corpo de Edmond, que a tocou e disse:
— Calma! Eles não vão te morder não.
— Por que vocês não limpam isso?
— Vem aqui que vou te explicar.
Os dois caminharam até o fundo, onde quatro enormes tonéis de carvalho estavam postos deitados. Shelley mantinha suas mãos no braço direito de Edmond, que não ligou pela aproximação da moça, afinal, ela estava com medo e os ratos realmente não são os bichos preferidos das mulheres, imaginou.
— Os ratos aqui são camundongos e eles juntos não deixam entrar nenhuma ratazana.
— Ué? Mas eles continuam sendo ratos.
— Sim, mas eles não roem a madeira dos tonéis, já a ratazana acabaria com isso tudo. Por isso, meu pai serve vinho e queijo todos os dias para eles ficarem aqui.
— Seu pai é louco...
— Não... Mas, quem lhe ensinou isso, foi um português que mora em New Haven.
— Vamos sair daqui?
— Ok. Vamos então...
Quando os dois voltavam em direção à escada, dois ratinhos cruzaram-lhes a frente e Shelley agarrou Edmond após um grito estridente. Ele se assustou, mas pela primeira vez, sentiu o corpo daquela garota colado do seu, com o rosto dela encostado em seu pescoço.
Connor tremia de medo e ergueu uma das pernas na esperança que ele a sustentasse. Nesse momento, um pensamento sensual se fez em Edmond e sua parte íntima acusou aquela presença tentadora e ainda mais longe dos olhos de seus conservadores pais e especialmente da namorada. Para disfarçar a tensão, ele riu.
— Calma Shelley... Eles não vão te atacar.
Sentindo o cheiro e o corpo esculpido daquele homem, Shelley sussurrou:
— Espero que você faça isso.
Edmond percebeu o jeito como a garota começou a deslizar as mãos no corpo dele, tocando os lábios em seu pescoço, o que lhe provocou um intenso arrepio. Seus dedos pressionaram a carne dela, mas o senso de dever com Sophie lhe foi mais alto nesse momento. Afastou-a delicadamente e disse:
— Shelley, por favor.
— Desculpe. É que preciso te dizer algo e já tem algum tempo.
— Diga.
— Desde que você chegou à faculdade, me senti atraída por você e isso se transformou em uma paixão. Sei que você gosta da Sophie, mas eu não posso deixar de gostar de ti. Você é diferente de outros homens...
— Shelley...
— Escuta! Você é um cara que poderia ter todas as garotas e eu te julguei mal no início.
— Como assim?
— Pensei que você seria como outros que se servem da beleza e do físico para maltratar o coração de garotas como eu...
— Shelley, nunca tive intenção de fazer você se sentir assim.
— Eu sei! Por isso que eu precisava dizer isso a você. Olha, eu posso ser desse jeito, mas o que sinto é verdadeiro, ainda que você talvez possa não acreditar.
— Shelley, você é linda, realmente, e admiro sua coragem de me confessar isso, mas estou com Sophie e é com ela que quero ficar. Desculpe se não é o que gostaria de ouvir, mas é o que tenho a te dizer. Somos amigos e gostaria que ficasse assim, pode ser?
O semblante da loira mudou completamente. Visivelmente aborrecida, tendo desistido momentaneamente de luta buscou desvencilhar-se da situação indelicada.
— Tudo bem. Esquece o que te falei, tá? Não se fala mais nisso, OK? Bom, vamos lá, pois não quero ver mais ratos na minha frente.
Ao saírem do local, a cozinha estava vazia e ao chegarem à porta, Edward, Sophie e Marcy surgiram. Stevens perguntou:
— Onde vocês estavam?
— Na cozinha, ora! — respondeu Shelley.
A jovem fingiu estar refeita da rejeição por parte de Edmond, que confirmou estarem no local e questionou onde estava o pai. Marcy apontou na direção do galpão, mas disse:
— Antes que você vá falar com ele, preciso conversar contigo e com Sophie, "também" — falou enfaticamente.
A jovem de cabelo Chanel mirou a senhora, surpresa. Tomada pela mão por Edmond, ela seguiu a senhora Jensen cozinha adentro. Edward, se aproximou de Shelley e disse:
— Preciso resolver algo com o Elliot. Se quiser andar por aí, tudo bem. Só cuidado para não se machucar.
— Ok. Obrigada.
Sentindo-se decepcionada, sozinha e rejeitada, Shelley Connor viu Edward desaparecer na casa. Ao observar novamente a cozinha, Shelley se deparou com o olhar da jovem Amanda Flores, que estava com um pano nas mãos. A empregada dos Jensen, com seus olhos verdes e cabelos luminosamente escuros e lisos, disfarçou ao ser encarada e voltou aos seus afazeres.
Shelley, tão absorta em seus pensamentos, nem se questionou sobre o motivo da moça a estar observando com tanta atenção. Sua cabeça parecia perdida e não havia um caminho a percorrer ali, então mirou na direção do galpão.
Ela sabia que Frederick Jensen estava lá, conforme Marcy havia indicado. "Bom, vamos ver se o velho me dá alguma importância nesse lugar. Dane-se Edmond", pensou a jovem.
No escritório de Frederick, Marcy disse abertamente ao jovem casal:
— Sophie. Meu filho falou um pouco sobre você e, antes que possa dizer algo, quero lhe informar que ele a respeitará, assim como todos nessa casa.
— Obrigada, senhora Jensen. Estou feliz por estar aqui e conhecer a senhora e o senhor Jensen.
— Ótimo, porém, preciso lhe avisar. Edmond foi criado rigidamente e não se preocupe quanto a ele "avançar o sinal".
Sophie ficou corada e Edmond interveio:
— Mãe! A senhora está constrangendo a Sophie.
— Sei, filho, mas isso também serve para ela. Não aceitarei sexo antes do casamento e muito menos um filho.
— Entendo senhora Jensen. Isso não acontecerá.
— Que bom, querida. Que bom!
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Os Irmãos Jensen
RomanceUma garota envolvente e determinada se envolve com os homens da família Jensen. Quão longe se pode chegar na obsessão por um deles? Shelley Connor não terá limites ou pudor para que isso aconteça, causando paixões, ódio, desejo, luxúria e dor em cad...