Capítulo 34 - Grand Avenue

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"Vou ou não vou? ", pensou Fred. A dúvida sobre o horário era crucial, afinal, se ele fosse e ela não aparecesse, ficaria horas sob frio intenso e não havia ali nenhum café, de onde poderia ficar a observar a esquina. Todavia, ponderou que, se Marcy fosse e ele demorasse, ela se aborreceria pela demora e desistiria do encontro. Assim, enquanto Mark ainda roncava, Jensen vestiu sua melhor roupa, a mesma da noite anterior.

Ao virar a curva da Grand Avenue, um quarteirão antes da James, o coração de Frederick acelerou ao ver Marcy sob aquele clima extremamente frio. Era possível divisar o vapor que saía de sua respiração e os movimentos de cabeça da jovem, buscando por um rapaz loiro na principal avenida de New Haven. Decidido a abreviar aquela tortura, Jensen correu em sua direção.

Marcy ao perceber, animou-se ao ver Frederick correndo com certa cautela sobre a calçada molhada, haja visto que a neve havia dado uma trégua naquela manhã e não se via tanto o branco nas vias da cidade. Ao se aproximar dela, o rapaz parou, mas, ainda ofegante, disse:

— Desculpe, não sabia a hora que você estaria aqui.

— Calma...

— Estou calmo.

— Não está não... Primeiro, bom dia, querido. Segundo, respire!

Jensen apenas assentiu. Então, Marcy se aproximou e levou suas mãos com luvas brancas ao rosto avermelhado do jovem. Jensen ficou imóvel e ainda mais corado. Seu coração parecia mais frio que New Haven e, pela primeira vez na América, sentiu medo de alguém. Aquela garota parecia ter algum tipo de poder sobre o jovem viking.

— Está gelado... — disse Marcy.

Ela retirou as luvas e suas mãos quentes novamente tocaram o rosto de Frederick, que ampliou sua tensão, pois estava dominado pelo gesto dela. Após abrir um sorriso, Marcy de repente ficou séria, enquanto seus olhos escrutinavam cada detalhe do rosto dele. Jensen, ainda paralisado pela jovem, concentrava-se em seus olhos. Lembrou-se de alguém que lhe havia dito que, quando uma mulher observa em todos os detalhes, é porque está apaixonada.

Isso o deixou ainda mais nervoso, pois, ali, com base nisso, acreditou que Marcy realmente havia se apaixonado por ele. Tão cedo? Chegou a questionar-se, mas eis que a certeza veio quando, sob o capuz de lã, a senhorita Fallon tocou seus lábios avermelhados na boca tremula de Jensen. O calor emanado finalmente aqueceu o coração do dinamarquês, que a envolveu com seus braços.

Para Frederick, aquele fora o maior momento de sua vida no novo mundo, quando pela primeira vez sentiu um coração que não o seu. Enquanto a beijava, tirou-lhe o capuz, deixando seus cabelos dourados avolumarem-se sob o céu cinza. Ela, em resposta, fez o mesmo no casaco dele, deixando revelar os cabelos do jovem e tocando-lhe o rosto com sua face.

Jensen se sentiu verdadeiramente feliz nesse momento, como se tivesse não apenas conquistado uma garota, mas algo além. Mais beijos, afagos e carícias. Ficaram mais de meia hora abraçados sob aquele clima frio. Tudo ocorreu tão rapidamente, sem nenhum pedido, sem nenhum sim. Sorrisos, risadas de coisas sem a menor graça, os dois pareciam crianças no playground do amor.

Foram ao café Portland aquecer os corpos, caminharam até o Rio Quinnipiac e viram a ponte giratória da Grand Avenue franquear a passagem de uma barcaça carregada de madeiras. Ali, Jensen prometeu a Marcy que um dia faria navios como aquele. Ainda que já soubesse ali que ele era um simples operário, ela sentia certa confiança nas ambições dele.

O motivo era que Marcy já havia lido histórias de clientes de seu pai que haviam prosperado nos Estados Unidos com bem menos que Jensen. Por que ele haveria, um jovem forte e determinado, de ser diferente dos demais? Questionou a si mesma.

Os Irmãos JensenOnde histórias criam vida. Descubra agora