Capítulo 13 - Um passado de traição

11 4 0
                                    

Após vê-la entrar, Frederick se entristeceu brevemente. Acabara ali um dia maravilhoso e agora tinha de lidar com sua própria realidade.

— Todo sonho bom, uma hora termina no despertar... Que merda Marcy! — praguejou.

Após dar um soco no volante, Fred acalmou-se, deu partida no V8, engatou o Drive e acelerou de volta à agora triste casa da ilha, em Branford. Triste porque nela não havia a luz, o calor e a presença sensual de Shelley. Por vezes, o homem olhava para o espelho interno, onde via as luzes de Hartford e sumir sob o cinza-escuro daquele fim de tarde.

Havia tristeza em seu olhar. Quis chorar até, porque sentia ali algo novo, algo que seu velho coração há muito havia esquecido que existia. Seus pensamentos por Shelley eram os mais sinceros. Não era uma aventura pura e simples.

Não era mais uma garota de programa que fazia tudo o que ele queria sem questionar. Aquela jovem era a vida que ele acreditava não mais existir. Era o combustível que o tornava o Jensen que acabara de chegar à América. Ele sorriu para si ao chegar a essa conclusão. "Sim, agora estou vivo novamente!", pensou.

Shelley, ao entrar em casa, cumprimentou rapidamente sua mãe, Constância. Loira como a filha, a mulher de 40 anos ainda tinha um corpo desejado por muitos, com peito avantajado e uma bunda pronunciada. Tinha má fama, já que havia traído o marido, John Connor, quando Shelley tinha 12 anos. A garota sofreu com as colegas de classe, ardilosas, assim como com os meninos. Todo mundo em Hartford soube da traição, mas Constância se manteve firme.

John a perdoou, sendo apelidado de corno até por colegas do trabalho, na empresa de limpeza urbana da cidade. Connor, um homem alto e magro, com 1,89 m de altura, tinha cabelos lisos e pretos, bem como olhos castanhos. Shelley puxou evidentemente a mãe, herdando ainda suas formas sensuais. Ela ficou uns dois anos sem falar com a mãe, ainda que sob o mesmo teto. O perdão veio a duras penas, mas no final, ambas se esvaziaram em lágrimas.

Constância Connor, prometera nunca mais trair seu marido, ainda que, na ausência dele, se masturbasse vendo vídeos eróticos alugados no videocassete de seu quarto. Shelley foi testemunha disso, já que ouvira sua mãe várias vezes gemendo no quarto e um dia viu um dos vídeos, esquecido no aparelho. Pensou que seu pai já não dava mais conta da mãe e até tentou ajudar, passando uns dias na casa da amiga Rosaly. Ela queria que os dois tivessem mais privacidade.

Até tiveram e transaram de fato, como descobriu, mas sua mãe era incansável na cama e descobriu aos 17 anos, que Constância tinha um pênis de borracha escondido na sapateira. Foi a primeira vez que Shelley sentiu um tesão maior que os toques que fazia em sua intimidade, então virginal, mas não poderia nunca ser pega com o objeto de desejo da mãe. Constância ficou desconfiada da filha, já que percebera que alguém poderia ter mexido em seu brinquedo.

Shelley negou que tivesse mexido no armário da mãe, que havia dito que as joias de sua mãe haviam sido movidas de lugar. Obviamente era um pretexto para ver se a filha havia encontrado seu objeto sexual. A mãe não acreditou totalmente na filha, mas deixou para lá.

Mesmo com o perdão, Shelley não queria ser comparada a mãe, ainda chamada de "puta loira" por algumas senhoras da cidade, que se recusavam a ir ao salão de beleza onde a mulher trabalhava. Por isso, a garota se recusara a trabalhar com a mãe, apesar de admirar a beleza e o gosto por moda que Constância tinha. Isso a influenciou a estudar moda na Universidade de Hartford.

No final de outubro, Shelley comunicou aos pais e aos amigos que havia conseguido um estágio remunerado na Barkley's, a loja de departamentos cuja sede era em New Haven. Apesar do curso em Hartford, de manhã, ela podia trabalhar a tarde, indo até quase o fechamento da loja, que ocorria às 19h.

Shelley se mostrava empolgada, afinal, era um emprego, ainda que ganhando pouco, mas o suficiente para completar suas atribuições curriculares, como comentava a quem a questionava. A Barkley's tinha um departamento de vestuário e ela era auxiliar de "VM" ou Visual Merchandising. Assim, podia trabalhar tanto no estilo da loja, como da vitrine.

A vaga fora, notadamente, "indicada" por Frederick, já que a loja inicialmente não havia aprovado o perfil de Shelley. Ele a indicou como "amiga" de seu filho e de fato era mesmo. Um dia, Edmond e Sophie apareceram na loja e, apesar do desconforto, Shelley os tratou bem. Edward também apareceu por lá, sozinho, mas viu a vendedora do departamento masculino ser substituída por Shelley no atendimento.

Ela fazia questão de atender os Jensen e logo o gerente concordou, já que os clientes eram bem conhecidos na cidade. Quando saía da loja, por volta das 19h, Shelley se encontrava com Frederick. Eram beijos e abraços apaixonados dentro de outro carro, um Chrysler Stratus 1996, preto, com vidros escurecidos. Era um meio de Jensen não ser visto com a garota em sua própria cidade. 

Os Irmãos JensenOnde histórias criam vida. Descubra agora