Capítulo 22 - Convite aceito

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Diante da expressão da jovem, Marcy percebeu ter revelado demais sua intimidade e então tentou consertar as coisas.

— Deixa para lá minha jovem. Vou levar este mesmo!

Por segundos, os olhos de Shelley o miraram. "Fred, o que você fez com ela?", questionou-se mentalmente. "Não acredito que você comeu essa velha, seu filho da...", nem deu para terminar o raciocínio.

— Shelley!

— Oi! Desculpe senhora Jensen. Sim, vou reservá-lo para a senhora. Mas, e quanto ao outro?

— Ah! Este precisarei muito mais de sua opinião.

— Claro! O que seria?

— Bem, não conheço essa sobrinha do senhor Jensen, mas já vi foto dela. Ah! Esqueci de trazer, mas acredito que ela tenha seu corpo...

— Hum...

— Quantos anos têm?

— 19.

— Exato! Ela tem sua idade e é igualmente linda como você...

Corada pelo elogio, ainda que estivesse fervendo de raiva por dentro, Shelley agora interpretava uma nova personagem, a vendedora de loja. Fred, sempre a distância, buscava ouvir o que elas falavam e torcia para a compra ser o mais breve possível.

— Obrigada, senhora Jensen. Bem, eu teria que saber o gosto dela.

— Não precisa. Basta escolher para mim, no seu tamanho, é claro, o vestido mais lindo que desejaria usar aqui na loja.

— O mais lindo?

— Sim, não importa o preço.

Shelley sabia que o vestido de Sophie fora bem caro e, como queria punir Fred por traí-la, mirou num verde, de cetim com detalhes dourados. Desde que chegara, a roupa havia atraído o olhar da jovem. Ela chegou a pensar em pedir a Fred, mas não queria explorá-lo. "Bom, se não for meu, que seja dessa 'senhorita' Jensen. Será mesmo senhorita? Senhora? Ah! Deixa para lá. Ficará muito mais feliz nele que eu...", concluiu a garota.

— Ele é lindo!

— Sim, ele é senhora Jensen. O mais caro da loja também.

— Eu não falei sobre valor... Mas, se você gostou dele, certamente ela gostará também.

— Claro, senhora Jensen...

Nesse momento, Shelley se sentiu triste. Jamais teria um vestido como aquele. Todavia, a culpa dessa cena toda era dele. Fred, que parecia impassível, buscando não revelar seu real estado, chamou sua esposa e informou que desistira de ver as novidades masculinas. Marcy ainda insistiu em acompanhá-lo na seção dos homens, mas Jensen estava irredutível e a instou a ir ao caixa.

Shelley não escondia dele sua decepção e após pagar, Fred e Marcy a cumprimentaram protocolarmente, porém, a mulher se deteve, para surpresa da jovem.

— Shelley, aonde irá passar o Natal?

— Bem... Na casa de meus pais, eu acho.

— Você não mora com seus pais?

— Não senhora, me mudei para New Haven, devido ao trabalho.

— Entendi. Bom, que tal passar a Natal conosco?

Surpreendida com a pergunta, Shelley mirou em Jensen, que não esboçou reação.

— Com vocês?

— Sim. Não precisa aceitar se for mais importante ficar com seus pais, é que Sophie estará lá com Edmond e acho que seria confortável ela ter a amiga perto.

"Sophie... Sempre você, não é?", pensou a jovem. Enquanto isso, Fred dizia a si: "Não aceite Shelley".

— Bom, acho que depois de tantos natais com eles, não ficarão magoados comigo. Então, aceito, sim, senhora Jensen.

— Que ótimo garota! Venha com ela, você será muito bem-vinda. Não é Frederick?

— Claro, querida.

— Obrigado senhora.

Shelley exibiu um sorriso de alegria, mas ao mirar no homem, seu semblante enviava uma mensagem: "Você vai se arrepender". Após partirem, Connor foi até o banheiro e encarou o espelho, desejando quebrá-lo. A visão era de pura decepção, mas o convite viria a calhar. Lá, na Ilha Jensen, estaria diante dos homens que amava.

No carro, Marcy comentou sobre Shelley:

— Viu como ela ficou feliz?

— Ela quem?

— A Shelley, ora! Terá uma bela surpresa nesse Natal.

— Ah! Por que não comprou um vestido mais barato? Ela é só amiguinha de nossos filhos.

— Tem razão, mas gosto do jeito dela. Acho que seria um bom par para Edward.

Fred olhou para a esposa, surpreso. "Você está louca!", pensou.

— Mas, Shelley é somente uma vendedora de loja. Não está à altura de nosso filho e nem pertence a alta classe de New Haven. E digo mais! Nem de Connecticut.

Contrariada, a mulher argumentou:

— É mesmo? E Sophie? A garota precisa dormir na faculdade porque seus pais moram longe e, pelo que Edmond falou, é gente simples, sem grandes posses.

— Olhe, não sei se é uma boa ideia...

— Não se preocupe. Falarei com Edward.

Resignado e preocupado, Frederick manteve os olhos na estrada, enquanto mente e coração estavam ainda na Barkley's. Desejava que aquele domingo acabasse logo para ter com ela na segunda, mas as coisas não sairiam como ele imaginava... Sua divagação sobre a reação de Shelley ao encontro, fora interrompida com uma mão boba de Marcy em seu falo adormecido. Ao sentir a pressão, imediatamente mirou na esposa, que tinha um olhar desejoso.

— Não aprendi a lição de ontem... Quero ser corrigida novamente, meu amor.

Fred voltou seu olhar para a estrada e disse:

— Marcy, estou dirigindo.

— Eu sei, seu bobo! Digo, mais tarde... Quero que me bata mais forte...

O membro dele reagiu como sua mente, enrijecendo. No entanto, o homem lembrou-se de Shelley e arrefeceu a coisa.

— Mais tarde... — falou.

— Irei te fazer uma visita essa noite... — disse Marcy, com sorriso posto.

Aliviado por ela retirar sua mão, Frederick conjecturava que não poderia enrolar Marcy por muito tempo. Sabia do acordo entre eles que, mesmo em quartos separados, um podia visitar o outro sexualmente se isso fosse consentido. A mulher o rejeitou várias vezes, porém, nas raras em que foi na cama dele, Jensen nunca a rejeitou, entregando o que ela queria. Todavia, não desejava mais manter seu relacionamento tão aquecido quanto antes. 

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