Capítulo 28 - Reprimenda

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Desperta para mais um dia de trabalho na casa dos Jensen, Amanda Flores acordou como havia dormido e, graças ao aquecimento em seu quarto, não congelou seu corpo nu na cama bagunçada. Ao entrar sob o chuveiro e sentir a reconfortante água quente em sua pele branca, a jovem empregada lembrou-se da noite anterior, em que deu prazer a um jovem virgem. Isso lhe causou um certo furor.

Ela se sentia mais confiante e dona de si. Elliot era só um adolescente em seu momento mais sensível sexualmente, mas era filho do patrão. Por vezes foi arrogante com ela em sua imaturidade, mesmo sendo repreendido sempre pela mãe. Marcy sempre tivera a devida atenção com Amanda, ainda que mais que devesse, afinal, ela era "somente" a filha da empregada, como sabia bem.

Amanda tinha um lugar na casa da ilha, mas não era entre os Jensen. Desde cedo, sua mãe a alertara sobre sua posição. Nunca seria como eles e jamais deveria ter algo com qualquer um. Após a morte de Margarida e sem poder ver seus parentes em Cuba, Flores decidiu que o melhor era ficar na ilha e assumir o lugar da mãe. O pai sumira no mundo, era o que sabia. Nem mesmo Frederick, com um bom investigador, conseguiu descobrir o paradeiro dele.

No entanto, agora Amanda se sentia no controle da situação. Poderia domar o ímpeto e a falta de sensibilidade de Elliot e também extravasar os desejos reprimidos que nutriu por um dos irmãos dele. Ainda no chuveiro, lembrou de James Adams, a paixão de escola do ano anterior, com o qual perdera a virgindade.

Flores esteve com ele até agosto, num relacionamento instável, onde a desconfiança se materializou em certeza ao descobrir que ele também comia outra garota. Decepção e raiva se misturaram no desejo reprimido de vingança. Não perdeu tempo e antes de terminar o relacionamento, transou com o melhor amigo dele em sua própria casa. No entanto, Amanda não foi feliz em revidar, já que Adams não se sentiu afetado.

— Merda! Preciso me arrumar! — protestou Amanda sob o chuveiro.

A lembrança da traição a fez perder minutos importantes e agora tinha de se apressar. Vestiu-se e se pôs em direção à cozinha, onde Marcy já estava. Ao vê-la, assustou-se, já que era padrão estar primeiro naquele ambiente.

— Bom dia, senhora Jensen, desculpe o atraso!

— Tudo bem, querida, está muito frio hoje mesmo.

"Que estranho, pensei que ela ia brigar comigo", pensou Amanda.

— Venha, me ajude aqui que o senhor Jensen deve estar faminto...

"Imagino, depois de ontem à noite..." conjecturou maliciosamente a empregada. Então, antes de Frederick, chegou Elliot, o que fez Amanda corar-se momentaneamente. Ela sabia também o que havia acontecido na noite anterior. Cheio de si, o jovem olhou para Flores e deu uma piscadela, sentando-se a seguir. Preocupada, a garota imaginou que ele poderia contar sobre o que vivera horas antes, mas logo a razão lhe deu ouvidos ao imaginar a fúria de Marcy.

Mais confortável com esse pensamento, Amanda mirou novamente no jovem e sem que a mãe percebesse, lançou-lhe um beijo com os lábios, desconsertando o confiante Elliot, que se corou. Ainda com ar malicioso, pensou: "vou colocar esse garoto nos eixos". Sempre atenta à Marcy, Flores novamente olhou para o garoto e pediu-lhe silencio com o indicador entre os lábios. Dessa vez, o jovem Jensen sorriu, mas timidamente.

Então, Fred chegou e quase viu a cena, o que deixou Amanda apreensiva. Deveria conter-se, pelo menos diante do casal Jensen.

— Bom dia, senhor Jensen.

— Bom dia, Amanda.

Após o desjejum, Fred e Marcy foram para seus quartos, deixando Amanda e Elliot sozinhos na cozinha. Logo que os pais saíram, o garoto se levantou e foi na direção de Flores, mas esta foi enérgica.

— Ei! Fica paradinho aí!

— Calma! Só quero te perguntar uma coisa...

— Ok, mas fica aí, porque se seus pais voltarem, já sabe... — falou a jovem em voz baixa.

— Tá bom...

Elliot voltou para sua cadeira, do outro lado da mesa. Mirando na entrada da cozinha, soltou uma pergunta desconcertante para Amanda.

— Viu como minha mãe nem consegue sentar? — perguntou Elliot, rindo a seguir.

— Ei! Você está falando de sua mãe...

— E daí? Ela não é mulher? Tem que dar mesmo para o meu pai.

— Não é assim que se trata uma mulher, desdenhando dela.

— E daí?

Irritada, Flores foi até a entrada da cozinha e observou o longo corredor, de modo a ver se o casal Jensen não voltaria. Certificando-se disso, se aproximou de Elliot com semblante sério, o que fez o garoto ficar preocupado. Sentado, mirou numa Amanda diferente do cotidiano.

— Escuta aqui... Primeiro, você deve respeito à sua mãe. Segundo, você ainda é muito novinho para entender certas coisas.

— Eu sou homem...

Amanda riu e isso desconcertou Elliot.

— Não... Você ainda é um menino muito mimadinho...

— Não sou!

— Xi! Fala baixo! Eles podem chegar, esqueceu?

Elliot abaixou a cabeça e Flores foi novamente até a entrada da cozinha. O garoto, sentindo-se envergonhado diante da reprimenda da empregada, pensou: "quem ela pensa que é?"

— Espera um pouco... — disse Amanda, indo direto ao fogão.

Então, eis que surge Frederick.

— Amanda, precisa de algo da cidade?

— Não, senhor Jensen.

— OK.

Mirando no filho, perguntou:

— Elliot, não quer mesmo ir conosco?

— Não, pai, obrigado.

Fred olhou para os dois e sorriu, saindo a seguir. Amanda virou-se para Elliot e disse em voz baixa:

— Depois que eles saírem, teremos uma conversa, garoto...

Elliot ficou inocentemente apreensivo e pensou: "cacete, ela vai brigar comigo de novo". Passados alguns minutos, o som da porta principal a bater, os alertou para a saída do casal Jensen, que Flores certificou-se ao vê-los caminhar rapidamente até o barco, através da janela. Nesse momento, o coração do jovem Jensen acelerou. Apesar de ser filho dos patrões, tinha receio da jovem por ser mais velha e experiente.

Amanda se aproximou do jovem Jensen, ainda sentado.

— Agora vou te mostrar uma coisa...  

Os Irmãos JensenOnde histórias criam vida. Descubra agora