Capítulo 17 - Faltam 9 dias...

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Deitei-me ao lado dela, tentando encontrar algum conforto em sua presença. Maite dormia tranquilamente, o que apenas aumentava minha angústia. Ajeitei-me na cama, tentando me convencer de que tudo ficaria bem, mas minha mente não parava de ruminar.

Acordei várias vezes durante a noite, cada vez mais ansiosa. Pela manhã, me levantei cedo, tentando esconder os sinais do choro e da noite mal dormida. Ela ainda dormia, e eu fui para a cozinha preparar o café da manhã, meus pensamentos girando em torno do que fazer a seguir.

Eu nem sabia o que fazer de café da manhã. O que ela poderia comer? O que eu comeria sem que ela me julgasse? Pensamentos invadiram minha mente, cheios de insegurança e medo.

"Ela é gorda assim porque come desse jeito" — com certeza, ela pensava isso de mim.

Fiquei parada olhando para a cozinha, sentindo uma onda de paralisia. Cada ingrediente parecia um possível erro, cada escolha uma armadilha.

Depois de alguns minutos, decidi fazer algo simples. Peguei algumas frutas, iogurte natural e granola. Parecia uma opção segura, saudável e sem chances de julgamentos. Montei a mesa com cuidado, tentando disfarçar minha ansiedade.

Enquanto cortava as frutas, ouvia Maite se mexendo no quarto. Meu coração acelerou, e a angústia da noite anterior voltou com força total. O que ela pensaria ao ver o café da manhã? Será que estava bom o suficiente? Será que iria comentar sobre o que comíamos?

Quando ela apareceu na cozinha, eu estava terminando de preparar a mesa. Sorri, tentando parecer normal, mas por dentro, meu coração estava em pedaços.

– Bom dia, amor – ela disse, se aproximando para me dar um beijo.

– Bom dia – respondi, tentando manter o tom de voz alegre. – Fiz um café da manhã mais leve hoje. Frutas, iogurte e granola. Espero que goste.

Recebi o beijo em meus lábios e retribuí. Ela olhou para a mesa e sorriu.

– Parece ótimo – disse, sentando-se. – Obrigada por preparar tudo.

Sentei-me à sua frente, tentando ignorar a sensação de peso no meu peito. Começamos a comer em silêncio, e cada mordida parecia um desafio. Queria desesperadamente voltar ao normal, sentir que tudo estava bem entre nós, mas sabia que isso exigiria uma conversa difícil.

Ela olhou para mim e levou um susto. Acho que até então não tinha reparado no meu rosto.

– Amor, o que houve? – ela pegou na minha mão, acariciando. – Você estava chorando?

– Saudade da minha família. – menti covardemente de prontidão, sem conseguir dizer a verdade.

– Awn, meu amor! É sério? – ela acariciou minha mão levemente. – Eu entendo que você fique triste por ficar longe deles, mas também, são poucos dias que estaremos juntas, antes de você ir...

– É, eu sei. Acho que misturou com essa angústia e eu nem dormi de tanto chorar.

– Poxa, amor... Por que não me acordou para eu te acalmar?

–Ah, você estava dormindo tão tranquilamente. Não quis te incomodar...

– Não é incômodo nenhum dar carinho para o meu bebê. – ela sorriu em meio a um suspiro.

Seu carinho e preocupação tocavam meu coração, principalmente por ter me chamado de "bebê". Mas, mesmo assim, não consegui deixar de sentir uma pontada de tristeza por não poder compartilhar a verdadeira razão do meu sofrimento. Queria contar a ela como suas palavras me afetaram, mas ao mesmo tempo, tinha medo de trazer mais inseguranças à tona.

Olá, férias! SAVIRRONIOnde histórias criam vida. Descubra agora