Capítulo 46 - Quem foi?

31 3 2
                                    


Descemos juntas, lado a lado, com as malas na mão e o coração mais leve. Ao chegarmos na portaria, lá estava o chaveiro ainda, como se estivesse esperando por um desfecho. Ele nos cumprimentou com um aceno tímido, e Maite, sempre impecável, se adiantou para resolver tudo.

— Boa noite, vamos acertar o conserto agora mesmo — ela disse, com um sorriso leve, mas carregado de firmeza. Tirou a carteira da bolsa e pagou o valor combinado ali na hora. — Assim que trocar a fechadura, pode deixar a nova chave aqui na portaria. Iremos devolver o apartamento amanhã.

O porteiro assentiu, enquanto o chaveiro se mostrava aliviado por finalmente poder ir embora.

Então Maite deu um passo à frente, olhou diretamente para os dois e falou com delicadeza, mas em um tom que deixava claro que não estava pedindo.

— Agradeço por terem ajudado hoje, de verdade. — Ela fez uma pausa estratégica, percorrendo o olhar entre ambos. — Só nós sabemos o que aconteceu aqui esta noite, certo?

Eles assentiram rapidamente, mas antes de dar por encerrado, Maite acrescentou calmamente:

— Espero que possamos contar com sua discrição. Afinal, se essa história sair por aí, saberei exatamente de onde veio.

Ela disse isso com um sorriso amigável, mas havia uma firmeza na sutileza que não deixava espaço para dúvidas. Os dois engoliram em seco e acenaram com a cabeça, parecendo entender bem o recado.

— Boa noite, então — ela disse por fim, puxando a alça da mala e me lançando um olhar cúmplice.

Eu apenas a segui em silêncio, sentindo um alívio inexplicável por estar ao lado dela. Como sempre, Maite não deixava nada fora do controle. E isso me fazia sentir que tudo, de algum jeito, ficaria bem.

Assim que saímos da portaria, o carro de Maite já estava nos esperando na frente do prédio. O motorista, sempre pontual, saiu rapidamente e abriu a porta para nós. Maite pegou minhas malas sem me deixar carregar nada, ajeitando-as no porta-malas como se quisesse simbolizar que estávamos fechando um ciclo.

Ela me deu um breve sorriso ao perceber que eu a observava. Sem dizer uma palavra, entrelaçou seus dedos nos meus, e aquele simples gesto dizia tudo: estávamos indo para casa, definitivamente.

Entramos no carro, e o motorista fechou a porta suavemente antes de contornar o veículo para assumir o volante. Assim que ele ligou o motor e começou a dirigir pelas ruas da cidade, o mundo lá fora pareceu ficar em segundo plano.

O silêncio no carro não era incômodo; era acolhedor. Maite deslizou o polegar sobre a minha mão, fazendo pequenos círculos, como se quisesse garantir que eu estava ali de verdade, ao lado dela.

Eu encostei minha cabeça em seu ombro, exausta mas grata. Aquela sensação de pertencimento preenchia cada parte de mim. Agora não havia mais dúvidas ou fugas. Estávamos juntas, e tudo que importava era que estávamos voltando para o lugar que sempre deveria ter sido nosso lar: a casa que dividiríamos, nossa casa.

Assim que atravessamos a porta, Maite trancou-a atrás de nós, como se estivesse selando nossa segurança e deixando todo o caos do lado de fora. Fomos direto para o sofá, onde ela me puxou para o seu colo, envolvendo-me em seus braços de novo, como se quisesse compensar cada minuto que estivemos longe uma da outra.

Ela me deu um selinho suave, respirando fundo como se estivesse absorvendo o momento, e em seguida inclinou-se para beijar minha barriga com carinho.

— Agora sim, com os meus dois bebês — sussurrou contra a pele.

Olá, férias! SAVIRRONIOnde histórias criam vida. Descubra agora