Acordei no outro dia com o cheiro de omelete no ar e uma onda de enjoo tomou conta de mim antes mesmo de abrir os olhos. Me virei na cama, tentando afastar aquela sensação incômoda, mas o cheiro parecia me cercar. Suspirei e tentei me recompor enquanto me levantava e ia até a cozinha, onde Maite estava ocupada em frente ao fogão. Ela parecia concentrada, misturando os ovos com um cuidado quase artístico.
Assim que ela me viu, abriu um sorriso suave, mas ao perceber minha expressão, franziu o cenho.
— Tudo bem, meu amor? — perguntou, me lançando um olhar atento.
— Eu... acho que não vou conseguir comer ovos hoje — respondi, tentando sorrir, mas a náusea estava forte demais.
Maite rapidamente apagou o fogo, sem hesitar.
— Não se preocupa, eu faço outra coisa. Quer umas torradas?
Assenti, grata por sua compreensão. Maite nunca reclamava, mesmo com essas minhas mudanças súbitas de humor e paladar. No fundo, era nesses momentos que eu via o quanto ela estava comprometida com cada detalhe, cuidando de mim como se fosse natural, sem que eu precisasse pedir. Ela preparou torradas, com uma xícara de chá quentinho ao lado, e colocou tudo na minha frente com um sorriso doce.
— Prontinho. Assim o seu estômago fica mais calmo — disse ela, sentando-se ao meu lado e segurando minha mão, transmitindo uma calma tão genuína que quase me fez esquecer o enjoo.
Depois do café e de um longo dia de trabalho, finalizei minhas pendências e me preparei para encontrar Anahí. Eu estava nervosa, mas precisava conversar com ela. Havia algo em toda essa situação que eu não conseguia ignorar, e, se eu queria entender o que tinha acontecido, era melhor começar falando com alguém que estava sempre por perto.
Encontrei Anahí em um café discreto no centro. Assim que cheguei, ela já estava me esperando, mexendo no celular com uma expressão tranquila, mas que se desfez assim que me viu.
— Dul, amiga! — disse ela, levantando-se para me dar um abraço. — Como você está? Imagino que tenha sido difícil.
Sentei e suspirei, hesitando um pouco.
— Foi horrível ver aquela foto... Eu não sabia o que pensar. Tudo parecia tão confuso, e eu senti como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés.
Anahí assentiu com uma expressão compreensiva, mas havia algo na maneira como seus olhos evitaram os meus por alguns segundos que me fez sentir um incômodo estranho.
— Deve ter sido um choque... Mas você sabe como a mídia é. Qualquer coisa vira motivo de alarde.
Concordei, mas não consegui evitar me perguntar se ela realmente achava isso ou se havia algo a mais.
— Eu só... Fico me perguntando como essa foto foi parar nas mãos dos jornalistas. Alguém teve que ter feito isso, Any.
Ela deu de ombros e pegou sua xícara de café.
— Você acha que foi intencional? Às vezes essas coisas vazam sem querer, sabe? O Andrés, a Maite... Eles sempre têm um monte de fotos antigas. Quem sabe?
Parei imediatamente, sem acreditar no que acabara de ouvir.
— A Maite? — repeti, tentando processar. — Você realmente acha que a Maite poderia ter feito isso?
Anahí arregalou os olhos, parecendo perceber que havia falado mais do que deveria. Ela balançou a cabeça rapidamente, tentando remediar.
— Não, Dul, desculpa, não é isso que eu quis dizer! — exclamou, colocando a xícara de volta na mesa com uma leve tremida. — Foi só uma forma de falar... Como... sei lá, uma possibilidade. Todo mundo tá exposto, sabe?
Olhei para ela, tentando encontrar algum traço de sinceridade na expressão dela. Anahí parecia desconfortável, e aquele comentário sobre Maite me soou completamente fora de lugar.
— Anahí, escuta... — respirei fundo, controlando a frustração. — A Maite jamais faria algo assim. Ela é a mais afetada por tudo isso, assim como eu. Não sei por que você insinuaria isso.
Ela me encarou, visivelmente desconcertada, e suspirou, abaixando os ombros.
— Me desculpa, Dulce. É que às vezes, nesse meio, as pessoas acabam fazendo coisas estranhas, mesmo sem intenção de machucar. Eu só não quero que você sofra mais.
— Eu confio demais na Maite — falei com firmeza, olhando diretamente para Anahí. — Ela não tem motivos pra fazer isso, muito menos comigo.
Anahí assentiu, desviando o olhar por um instante, como se processasse o que eu dissera.
— Eu sei, Dul. Desculpa, de verdade — respondeu, com um tom mais suave. — Só estou preocupada com você.
Agradeci com um sorriso breve, mas por dentro eu me sentia dividida. Estava claro que Anahí queria me apoiar, mas seu comentário sobre a Maite deixava uma ponta de dúvida em mim sobre o que ela realmente pensava.
De qualquer forma, não havia espaço para desconfiança onde Maite estava envolvida.
— Você já tinha visto essa foto antes? — perguntei, tentando manter o tom casual, mas sentindo o coração apertado enquanto esperava pela resposta. — Pensei que talvez fosse coisa de algum fã-clube. Sabe, essas contas sempre têm fotos antigas.
Anahí balançou a cabeça rapidamente.
— Nunca vi, Dul. Eu tenho uma conta dedicada a ela, mas juro que não postei nada assim, e nem me lembro de já ter visto essa imagem por aí. — Ela sorriu um pouco, talvez tentando aliviar a tensão. — Mas vou dar uma olhada, ver se acho alguma coisa estranha nos perfis que sigo. Vai que isso ajuda, né?
— Por favor, amiga. Veja sim — pedi, sentindo meu estômago revirar só de lembrar. — Eu vi no celular dela, e essa foto foi tirada em agosto. Eu só vim para o México de férias em setembro, e foi nessa época que tudo começou entre nós.
Anahí me olhou com as sobrancelhas arqueadas, absorvendo a informação.
— Ela ainda tinha a foto no celular? — perguntou com uma pitada de surpresa.
— Não, mas ainda tinha outras daquele dia — expliquei, tentando deixar claro. — As fotos estavam lá, mas nenhuma era essa específica.
Anahí ficou em silêncio por um momento, os olhos vagando pelo café como se estivesse tentando resolver um quebra-cabeça invisível.
Percebi um brilho estranho no olhar de Anahí, algo que me fez hesitar. A desconfiança dela parecia sutil, mas presente, e eu não conseguia entender de onde vinha. Afinal, que motivos teria a Maite para expor nossa vida assim? Nenhum. Ela nunca faria isso comigo, nem com nosso relacionamento.
Tentei disfarçar meu incômodo, mas a sensação de que Anahí talvez não estivesse sendo totalmente transparente começou a me incomodar. Por que ela desconfiaria da Maite? Ela sempre demonstrou apoio... mas agora, parecia haver uma pontinha de dúvida. E essa dúvida me fez pensar se eu não deveria estar mais atenta aos motivos de cada um ao meu redor, inclusive dos mais próximos.
A conversa continuou, alternando entre momentos em que ela parecia sincera e em outros em que a insegurança surgia em sua expressão. Ou será que era impressão minha e eu estava tentando achar algo onde não existia? Saí de lá mais confusa do que nunca, sem saber se Anahí realmente estava ao meu lado ou se havia algo que ela não queria que eu descobrisse.
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Olá, férias! SAVIRRONI
FanfictionDulce Maria é uma jovem brasileira cheia de sonhos e paixão. Sua maior admiração é pela atriz mexicana Maite Perroni, conhecida por seu talento e carisma. Desde a adolescência, Dulce é uma fã incondicional, acompanhando todos os passos de Maite. Sua...