Juliana Silva:Eu havia mergulhado em um mar de lembranças que eu lutei muito pra apagar da memória.
Anos de terapia e acompanhamento psicológicos foram jogados fora no momento em que aquele ser nojento me tocou.O Coronel havia feito poucas insinuações, mas o bastante pra eu ter me atentado contra sua maldade. Infelizmente eu acreditei que dava pra deixar pra lá.
No banheiro do vestiário eu vomitei, a sensação era que o meu corpo estava tentando me limpar daquela angústia.
Roberto me viu chorando, me viu vomitando. Ele ficou estagnado me vendo abraçar o Luiz. Mas ao mesmo tempo ele parecia preocupado. A mistura de ciúmes e aflição em seus olhos era evidente. Mas, eu não conseguia medir as consequências. Abracei Luiz num ato de desespero, eu me permitir sentir a dor de uma criança indefesa. A historia se repetia mas dessa vez eu tomaria uma atitude.
Talvez por orgulho, Beto não me procurou pra saber o que aconteceu. Mas por outro lado, Luiz esteve comigo o tempo inteiro, mesmo sem saber de nada.
Durante o plantão minha cabeça não raciocinava. Mas para a minha sorte o coronel Carvalho havia ido embora pra casa sem mais explicações. Só pude agradecer mentalmente por não ter que dividir o mesmo espaço que ele naquele momento.
Eu havia sido agressiva o suficiente pra ele entender que não poderia tentar fazer nada novamente. Mas, eu sentia que mais tarde sofreria as consequências por ameaçar um coronel do BOPE.
Enquanto eu me quebrava em desespero, o Capitão Nascimento(sim, um homem e duas faces) me designou para a operação. Ele poderia ceder ao seu lado mais humano e me procurar para entender o que estava acontecendo. Obvio que eu não iria contar que quase fui abusada pelo Coronel, mas com certeza eu daria uma desculpa pra não subir a favela naquela madrugada.
Mas, a face mais arrogante do homem que ontem me deu flores e presentes, exigiu que eu estivesse preparada. 1:42 da madrugada, subimos o morro da maré.
Eu não tinha foco, durante a operação eu estava despeça. E isso era perigoso demais.
Eu lidava com a morte na minha frente, mas infelizmente já não estava me desviando dela.- 02? Atenção 02? Porra... Julianaaaa - a voz de Nascimento me atinge como uma bala na cabeça
- Perdão senhor ... tento me recompor, mas eu suava frio, minha testa completamente molhada denunciava que aquilo não era somente calor...
Eu estav tremula, aquele beco ficava cada vez mais claustrofóbico, a sensação de ardencia no peito se misturava com a falta de ar e minha visão ficando cada vez mais turva.
Roberto para um pouco e me olha em meio aos estrondos das armas de fogo. Seu olhar estava confuso, ele sabia que havia algo de errado.
- 02... caralho me escuta... se você não reagir, eu mesmo me certifico que essa é a sua última incursão do meu lado, estamos entendidos? - o olhar frio me deixava mais angustiada, Esse era o capitão, o homem que eu odiava e que infelizmente abri minhas pernas na noite passada... - Desse jeito vai levar bala na cabeça, porra, atividade caralho, ta maluca porra??? Cacete - ele estava mais irritado que o normal
Hesitei responder, eu não sabia o que dizer. Mas sabia o que fazer.
Fui de ataque e transformei o trauma em ódio. Sangue nas mãos me davam conforto momentâneo.
O rosto de alguem com um parafal na mão, ainda jovem, ficou como lembrança da minha insanidade... um muleque que eu poderia poupar. Mas a cada homem envolvido, eu passei a enxergar alguém que talvez merecesse morrer tanto quanto eles.
Foi o "tiro ao alvo" mais sanguinário da minha vida.- Juliana que porra foi aquela hoje ? - Nascimento me aborda na viatura.
- nada capitão, nada demais pra voce se importar- baixo a minha cabeça enquanto me sento no banco passageiro, suspiro baixo, não queria começar uma discussão

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INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTO
FanfictionNessa história, vocês irão conhecer Juliana, uma mulher jovem de temperamento forte, tão forte quanto o nosso capitão. Tomem cuidado com o coração, porque as emoções por aqui podem causar ataque cardíaco rsrsrs 🔞 Fic não recomendada para menores de...