PRIMEIRA DAMA

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Juliana Silva:

Era dia de consulta, me apressei pra me arrumar enquanto Beto estava ao telefone com o soldado Dias.

Um homem que tinha duas versões, e a versão do Capitão Nascimento, apesar de excitante era a que eu menos gostava. O medo que todos no batalhão tinham dele, era auto explicativo.

— Seguinte voces subam com calma, tranquilo, fazendo o de voces, vai ter muito playboy de merda la e eu to de saco cheio do direitos humanos ...- ele diz quase que berrando no telefone - eu espero que vocês façam essa porra direito, porque se eu tiver que voltar antes do prazo do atestado, vou botar no cu de voces sem cuspe...

Eu poderia dizer que ficava molhada e mordia os labios enquanto ouvia aquilo, mas eu também era subordinada dele. E só a gente sabe como Beto, ou melhor, o capitão pressiona seus soldados. Sempre fiquei nervosa nas operações, não pelo risco da situação, mas pelo terror psicológico que Nascimento aplicava como "disciplina " em toda equipe.

Acho que eu estava de fora disso de uma vez. Lado bom de estar gravida e ser a mulher do capitão.

Ao sair do banheiro escolho uma roupa para o dia, teria que ser uma roupa confortavel mas eu não gosto de me vestir igual uma senhora de 50 anos, e a maioria dos meus looks são provocantes.

Escolho um vestido justo na cintura e solto nos quadris, ele era curto o bastante pra dar um destaque as minhas pernas, que por sinal eram chamativas.

Começo o meu passo a passo e Beto continua na ligação, ordenando horas irritado e horas apenas firme. Após passar meu hidratante corporal e já vestida nas minhas peças intimas, visto o meu vestido e dou uma leve ajeitada nas alças.

— Eu vou precisar desligar, me avisem qualquer coisa -  de repente Beto corta a ligação ao me ver vestida

— eu vou tocar fogo nesse guarda roupa, Juliana - sua voz soava um tanto irritada, porem, carregada de malicia

— nem se meta com as minhas roupas, gosto de me vestir assim ...- digo enquanto ajeito o meu cabelo

Ele chega por tras, me agarrando pela cintura e beijando o meu pescoço

— não suporto os olhares que voce atrai...- ele diz quase sussurrando-... se algum otario te olhar vai ser a ultima coisa que ele vai ver na vida

— alem de velho é ciumento...- digo ironicamente

— e esse velho ciumento aqui ta doido pra te foder...- ele continua beijando minha nuca me fazendo ficar toda arrepiada

Suas mãos descem para a minha barriga, alisa um pouco e olha para mim pelo espelho. A ficha aos poucos estava caindo.
Em alguns meses eu seria mãe, minha vida mudaria totalmente, eu teria um bebê fruto de um relacionamento que jamais imaginei retomar.

Beto toma banho e se arruma com as coisas que eu trouxe de sua casa. Saimos do apartamento e descemos para o carro, de mãos dadas. O entrelaçar dos dedos ainda é algo novo pra mim, e todas as vezes que minha mão toca a mão de Beto, é como se eu sentisse um leve choque.

Entramos no carro de Beto, e fomos em direção a clínica. No meio do caminho paramos num posto de gasolina, ele iria abastecer o diesel do carro.
O cheiro de gasolina e outros tipos de combustíveis fazem o meu estomago se revirar, logo senti a ansia de vômito novamente.

— voce ta bem?...- Beto pergunta percebendo minha cara

— seu filho não gosta desse cheiro pelo visto...-

Ele alisa a minha barriga enquanto espera terminar de abastecer, uma tentativa de me fazer melhorar.

Durante todo o caminho percebo que Roberto dirige mais devagar do que o normal. E o normal dele é muito rapido.

INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTOWhere stories live. Discover now