A NOTICIA

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Juliana Silva:

- Dra. Nayara, essa dor de cabeça tem ficado cada vez mais forte. Eu venho tomando medicamentos comuns como dipirona e paracetamol.

- Srta Silva, sua triagem apresentou uma alteração consideravel na pressão arterial, 15x10 é muito alta pra uma mulher de 26 anos completamente saudável...

- Eu tenho passado por estresse no trabalho Dra, e na vida pessoal tambem...

- sim isso pode justificar, picos de estresse são causadores de alguns problemas, mas antes de tirar qualquer conclusão vou te passar uns exames e tambem receitar uma medicação para enxaqueca.

- certo Dra

- Tem uma informação aqui que eu acabei percebendo agora, você usa Chip contraceptivo há quanto tempo?

- Fiz a troca em fevereiro, só vou precisar trocar novamente no início desse proximo ano...

- Preciso de exames ginecológicos e hormonais, consegue fazer os de sangue ainda hoje?

- sim estou em jejum...

- ótimo, quanto antes descobrirmos o que é isso, melhor...

Com a lista imensa de exames em minhas mãos, me dirijo a recepção, quantos tubos de sangue serão necessarios? Odeio agulhas

- o laboratorio fica no corredor da direita, é a ultima porta...

- obrigada

O cheiro inconfundível de formol, e algum outro produto químico característico de hospital invadem as minhas narinas.

O ar-condicionado extremamente gelado do laboratório me causava um certo desconforto.
A borracha amarrada em meu braço, fazendo a minha veia saltar, cria uma expectativa negativa.

Enquanto a agulha penetra minha pele, sinto uma sensação de fraqueza ao ver o sangue, a visão fica turva e pareço perder o controle dos meus sentidos.

Puxo a enfermeira pelo jaleco, e quase sem conseguir falar, sinalizo que estou desmaiando. Minha visão escurece de uma vez e a sensação fria misturada com suor gelado, tomam conta do meu rosto.

Acordo deitada em uma maca, enrolada em um cobertor que pude reconhecer assim que abri o olhos.

Eu estava em um quarto revestido com azulejos verde, azul e branco. O piso vermelho inconfundível e as estampas de brazão no cobre leito, eu estava no Hospital Militar.

Vejo ao fundo uma poltrona inclinada, minha mãe estava ali sentada cochilando. Procuro com o olhar alguma coisa que pareça com a minha bolsa e vejo que esta muito longe.

O soro estava na metade e tinha mais uma bolsa cheia do lado, provavelmente eu ficaria ali mais algum tempo. Mas por quanto tempo eu estava ali?

A porta do quarto se abre, e um homem baixinho com jaleco branco por cima do fardamento militar, adentra a sala sem precisar ser anunciado.

- como se sente srta Juliana?

Minha mãe logo acorda e corre pro meu lado...

- eu estou um pouco zonza, a minha cabeça dói um pouco...

- minha filha, eu vim correndo pra ca...

- sua mãe era o seu contato de emergência, a clinica achou prudente traze-la pra cá, como voce é policial.

- meu amor voce esta dormindo tanto tempo, pensei que não acordaria, você passou umas 3 horas apagada

A preocupação da minha mãe era extremamente válida, desde que meu pai faleceu ela ficou mais sensivel, com medo de doenças e receber ligações de hospital com certeza a deixou aflita.

INDOMÁVEL - ROBERTO NASCIMENTOWhere stories live. Discover now